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-Tu não estás louco.—Disse assim que acordo.

Levanto-me da cama continuando a pensar nele...Quem é ele? Como é que ele é? Onde é que ele está? 

Sinto a falta dele seja lá quem for. Se é tão importante porque é que não me consigo lembrar? 

Entrei na cozinha, procurei comida.

Tenho fome, fome de algo. Fome de alguém que não faço a mínima ideia de quem seja. Ou será que sei?

-Arroz, massa, ovos, romãs...— Fui fazendo verbalmente uma lista de coisas que teria que comprar.

Pego nas chaves de casa e dirijo-me ao super mercado mais próximo.

Quando pego tudo o que necessito. 

Ando em caminho para a caixa e vejo que a funcionária da loja é a mesma mulher que ultimamente tanto tenho encontrado. 

- Amor. Uma boa escolha para quem já se sente preparado, e  uma ótima escolha para alguém que não se importa de ser esmagado, não?

Fico confusa. Parece que tudo é tão...simbólico. 

Tenho uma sensação de que já conheço tudo isto só que para mim continua tudo tão desconhecido ao mesmo tempo.

No caminho para casa penso... "Amor" Amo? Será que amo? O que amo? Quem amo? Amo... 

Quero guardar e não desvendar o significado dessa palavra, só por enquanto.

Quantas páginas de um dicionário seriam precisas para explicar o amor num sentido tão literal que nada tinha de literal?

Sinto me a perder o equilíbrio, sei que cai e que deixei que o meu corpo caísse tal como os meus pensamentos.

Sou empurrada por ele no chão.

-Porque é que fazes isto? Porque é que me fazes fazer isto? Precisamos um do outro. O que se passa? Achas que estou louco? Não me amavas? O que se passa? Diz-me!— Ele gritava e abanava-me.

Sentia-me tão triste. No entanto tão viva. Mas tão parada, o que deveria fazer?

-Estiveste a beber?— Era tudo o que eu sentia que conseguia dizer no momento.

-E porque é que o meu coração fica tão agitado quando te oiço? Porque é que me fazes isto? O único pecado que continuo a cometer é em amar-te.— Ele disse aquela palavra como se fosse a ultima coisa que ele sempre quis dizer.

Amar? Coração agitado?

Começo então a aperceber-me de algumas coisas.

Ele não é um desconhecido. Nunca o foi. Nunca será. É ele.

Sorri.

-Vem cá.— Gesticulo com a minha mão para se aproximar. -Quero te agarrar...

Ele ajoelha-se á minha frente chorando. E deita a sua cabeça nos meus joelhos. O que eu dava para o poder conseguir realmente consolá-lo nessa altura.

Mas nenhum de nós tem culpa de nada.

E mesmo sendo vitimas. Nós somos os culpados.

- Eu sou um fraco e a minha pior fraqueza és tu. Já viste o que me fazes? Eu não consigo não ultrapassar os limites contigo.

É tudo tão intenso, tão triste... tanto quanto amor. E vivíamos perdidos em tamanha imensidão.

She's goneOnde histórias criam vida. Descubra agora