Capítulo 1

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Capítulo 1

Reencontrando um amor antigo.

Sábado

Hoje, minha mãe pediu que eu fosse à biblioteca pública na Av. Walter. Apesar de ter meu sobrenome, ela não tem nada haver comigo. Ela é muito assustadora. Mesmo de dia! Tem uns moleques estranhos. Mas como minha opinião não vale nada para a minha mãe, tive que ir.
Chegando à esquina da rua, tive uma leve impressão de que eu estaria sendo seguido. A partir deste momento, fique paranóico. Olhando para os lados e para trás. Não via ninguém. Nem mesmo os vizinhos fofoqueiros do bairro. Parecia que não tinha ninguém na cidade. Fiquei reparando em tudo, mas nunca parei de andar. Até que cheguei à biblioteca e me senti aliviado. Fui entrando e procurando a seção de Contos.

Depois de um bom tempo eu a encontrei. Ela era lá no final. A última estante.
Procurei, procurei e não achei a droga do livro. É melhor eu pedir informações, já que passou a menina de colete verde fosforescente. Que era, por acaso, a menina que eu gostava no quinto ano.
- Oi, Boa tarde! Posso ajudar? - Ela disse suavemente.
-Sim. Eu não encontro este livro. "Caçadores da Neve". Já procurei por ordem alfabética, por cor, por autor e não acho! - Reclamei.
- Vamos ali à parte secundária da seção de Contos. - Ela foi me puxando pela mão. - Aqui estão algumas obras esquecidas.
- Como assim "esquecidas"?
- É que ninguém mais pega para ler estes livros já faz um tempo. Mas talvez você encontre o seu aí.
- Não é pra mim! É para a minha mãe. Não sei pra quê, mas ela quer.
- Ela gosta de coisas sobrenaturais?
- Não... Sei. Por quê?

- Porque este livro tem um pouco disso. Se ela gostar, ela vai amar e vai querer ler e reler.
- Ata. Muito obrigado! - Agradeci um pouco envergonhado.
- De nada! – Ela disse com um lindo sorriso.
Ela voltou para a mesa dos livros para organizá-los.
"Eu pensei que ela ia lembrar-se de mim como eu me lembrei dela. Mas, aconteceu como no ano da escola, ela a metidinha da sala e eu o boboca, como sempre!
E eu achando que ela ia lembrar-se de mim. Eu sou uma piada.
"


Fui em direção a fila da saída para anotar o livro que eu estava pegando, quando eu escutei meu nome ser gritado com um tom de duvida. Sim, era ela. E sim, ela gritou na biblioteca.
Eu olhei para trás, e vi-a acenando para mim. Fiquei boquiaberta. E eu há alguns segundos, xingando a ela e a mim mesmo.
No mesmo instante que ela gritou, eu acho que a metade da biblioteca fez "Shhhhh" pra ela. Foi engraçado.
Ela fez uns gestos para mim, que parecia estar me chamando. Fui até ela.
- Você é o Walter, né? Você não se lembra de mim?
- Sim. Claro! Você é a Clara do quinto ano.
- É isso mesmo! - Disse ela abrindo um sorriso.
- Eu te reconheci antes, mas como você não falou nada, eu fiquei com muita vergonha de dizer e você não me reconhecer. Eu ia ficar muito sem graça!
- Eu também te reconheci, mas fiquei com um pouco de dúvida, porque você mudou muito. Emagreceu e ta ficando com barbicha e tudo!

(Risos de ambos os lados).
- E você também mudou, cresceu e agora ta com cabelo escuro e mais bonito! "E menos metida, eu espero."
- Ha que isso, obrigada! E me diz você ainda tem contato com o pessoal?...
Conversa vai, conversa vem e eu precisava ir embora, mas trocamos os números dos nossos telefones celulares e combinamos de marcar um dia na Pizzaria do Marco com a galera do quinto ano, na terça-feira da semana que vem. Ela me adicionou no grupo dos amigos no Chatzap também.

Cheguei à minha casa e fui logo contar ao Jonas o que aconteceu. Ele é meu amigo desde que éramos bebê, por isso confio nele. E ele vai entender, porque foi ele quem me apresentou ela na escola. Eles também são amigos até hoje.

História de Jack WalterOnde histórias criam vida. Descubra agora