Mal podia acreditar. Meu primeiro caso; depois de tanto tempo com uma pilha de livros como meu travesseiro, finalmente estou em campo.
Sempre imaginei como seria quando fosse chamado pra investigar um caso. Tinha varias hipóteses de quais seriam:
Sequestro.
Assassinatos.
Latrocínios.
E até mesmo estupros.Mas errei em todos os meus palpites, em vez de tentar capturar um homicida, serial killer, ou qualquer tipo de criminoso, me jogaram no caso um quase suicídio - provavelmente nenhum veterano queria o caso, então sobrou pro novato. Não era uma sena do crime em que tudo estaria revirado de cabeça para baixo, muito pelo contrário. A vítima parecia extremamente organizada. Ainda mais por ser alguém que tentou suicídio - pelo menos é oque a maioria dos peritos afirmam.
O corpo não estava mais no local - provavelmente estaria em um hospital particular do centro - quando entrei no prédio. Um edifício muito elegante que tinha vários tons de bege e amarelo em suas paredes. Olho em volta, se não soubesse o que aconteceu, diria que esta tudo em ordem.
— Nicolás!?- minha superior me chama.— Vou deixar você com o escritório ok!? Meg vai com você, caso precise de ajuda.- ela não espera que eu diga nada, simplesmente anda em direção a um dos corredores.
Olha para Meg - ela já está no ramo a mais de 5 anos - que me lança um sorriso encorajador.
Subimos as escadas em silêncio, e algumas ideias começam a rondar minha mente, no por quê me escolherem para uma tentativa de suicídio. Não tem muito oque fazer, certo? Uma pessoa tentou se matar, oque podemos fazer? Prende-la por tentar tirar a própria vida!?
— Ela está apenas tentando você.- e como se lesse minha mente, Meg quebra o silêncio.
— Um suicídio!? Acho que isso não é um bom tipo de teste.- reclamei.
— Um quase suicídio!- me corrigiu. — Lembro-me quando ainda era novata, acredite o primeiro caso, marca pra sempre sua carreira.
— Qual foi o seu?- perguntei, e já estavam os acabando de subir as escadas.
— Chacina.- ela parecia tremer quando falou.— Mas não eram qualquer tipo de pessoas - suspirou — Tinham um padrão.
— E qual era?
— Crianças, negras.- em nenhum único momento ela me encarou. E logo lembrei das reportagens da época, dos comentários das pessoas em relação ao ocorrido - 15 crianças foram mortas dentro de uma creche, junto com a cuidadora. "Quem fez isso é um completo louco!" Certa vez cheguei a presenciar uma mulher gravida em prantos ao vê a notícia exibida pela primeira vez, ela chorava e segurava a barriga como se apenas ela - ou oque estava dentro - importasse.
— Lembro-me das reportagens.- comentei.
— Não tanto quanto eu.- ela suspira.— Olha, quando peguei esse caso, a maioria pensou que talvez a cuidadora poderia ser a culpada. Já que ela era novata e branca poderia ser uma racista convicta. Mas não era. Ela namorava com um afro-americano, e tinha um relacionamento muito bom com a família do namorado.
— Onde esta querendo chegar?- eu sabia a verdade, mas mesmo assim perguntei.
— As vezes, nada é oque parece. No momentos temos um engenheiro cívil em estado grave no hospital. Esse é só o meio da história, nosso trabalho é descobrir o começo.
Não falo mais nada. Chegamos até o escritório. Já estávamos de luvas, e o perímetro isolado.
— E o resto do pessoal?- não eram os uma dupla, e sim uma equipe.
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Ciência Contra O Crime.
Misterio / SuspensoQuando era garoto, nunca pensei em ser astronauta, piloto de corrida, ou jogador. Queria ser investigador (talvez o fato de sempre ser o mais curioso tenha alguma coisa haver), cresci em uma família em que o altruísmo estava praticamente em primeiro...