[Cap.6] A Consequência

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A festa por um segundo silenciou-se em minha mente, as batidas se fundiram aos meus batimentos cardíacos que estavam quase insuportáveis. Porque as coisas teriam que ser assim? Porque não dava pra ser de um jeito mais fácil? Minhas lembranças junto a eles passaram em avulso dentro da minha memória, tudo que nós passamos, todas as emoções que senti junto a eles, não estava acreditando no que o babaca do Rafael havia feito.

- Gente, por favor, não me julguem ou coisa do tipo, não sei o que deu nele pra fazer isso com vocês e comigo também - . Minhas mãos trêmulas mostravam o quanto eu estava desesperado por dentro, até porque não tinha nenhuma razão pro seu melhor amigo te apunhalar e ainda mais dessa maneira. Eu estava com tanta raiva e tristeza que minha vontade era de quebrar a cara dele na porrada, mas eu não estava bem pra tentar usar a brutalidade em uma hora dessas.

Cristine logo continua - Gente, os dois são gays e eu sou cúmplice disso, não contei pra vocês porque fui pega de surpresa, mas sem nenhuma intenção o Gabriel quis magoar nenhum de vocês até porque nem mesmo o retardado do Rafael sabe o porque ele fez isso.

Lígia olha com um ar de pena pra Rafael enquanto ele não fala nada mas que acaba saindo correndo e fugindo dos olhares de todo mundo.

Todos vão atrás de Rafael pra não deixá-lo fazer alguma outra merda.Daniela não vai e acaba ficando comigo pra me fazer companhia.

Não falamos nada um pro outro mas ela me abraça, me fazendo sentir protegido e um pouco mais calmo. Acabamos sentados em cadeiras plásticas que estavam postas ao lado da mesa do barmen porque, a noite foi bem agitada, até demais pro meu gosto.

Eu a olho e ela me retribui o olhar, em um instinto de amigo eu acho, ela me pergunta:

- Porque não contou isso pra gente? Porque esperou até o último instante para que nós descobríssemos? - A voz dela não era diferente da minha, ela falava de uma maneira angustiante, amigos sentem isso quando se sentem traídos ou algo do tipo, eu me sentiria da mesma forma, triste do mesmo jeito. Eu estava triste. Estávamos tristes e constrangidos com o momento desnecessário, desnecessário pra cacete.

- Dani, vocês nunca esconderam nada de mim e sempre foram os melhores amigos que alguém poderia ter, mas, eu não tava preparado pra contar isso pra vocês, não ainda.

Tive vontade de chorar mas segurei o choro. Tinha que entender que eu era um homem e teria que agüentar as consequências dos meus atos, não que homens não chorem mas, eu não queria andar pra trás toda vez que acontecesse algo que me deixasse pra baixo ou que me testase, eu teria que olhar pra frente com a cabeça levantada, enfrentando a situação, mas essa mesma cabeça que era pra estar levantada agora estava tão pesada quanto minha vergonha e desconforto pelo ocorrido.

Daniela levanta minha cabeça e acaricia meu rosto segurando delicadamente com uma das mãos, ela iria me contar algo, pois fiquei apreensivo por ela me olhar fixamente ainda com o semblante melancólico.

- Gabro, você sabe que ainda vai ter que se explicar de novo com os outros né, até porque merecemos uma resposta honesta como você também merece nossa confiança de novo, e você sabe que não vai ser fácil pra que ela volte ao que era, mesmo que ela não tenha sido tão abalada. Olha, eu não sou contra alguma coisa que vocês vierem ter, eu ficarei feliz até mas, os caminhos de vocês devem tomar os rumos certos. Vocês devem estar confusos e cheios de dúvidas e, isso muita das vezes não é bom.

Ela me olha com uma feição mais séria e continua:

- O amor é uma coisa que não sabemos explicar e que acaba nos dando rasteiras quando não sabemos lidar com ele.

Meu olhar estreita e não consigo fazer nada senão ouvir e me sentir tão traidor quanto um amante.

- Daniela, eu não sei o que vai ser daqui pra frente, mas acho que não vai ser tão fácil recuperar a amizade de todos. Não sei se estão a favor ou contra mim, mas não quero esconder mais nada de vocês, o meu segredo não era uma coisa que vocês não teriam que saber, e sim uma coisa que vocês e nem eu ainda estávamos preparados pra esclarecer.

Ela me fala outra coisa que me deixa muito mais confuso e sem palavras pra argumentar ou até mesmo questionar sobre.

- Olha Gabriel, você e eu somos amigos há um bom tempo e você sabe como eu sou e eu também sei como você é, não que eu não queira te ver feliz mas, vamos olhar por esses dois pontos. Você é Gay, eu não acho nada mal, te respeito e tenho muito carinho, mas não comece a confundir as coisas, você e Rafael são muito amigos também. Acha que vai ser a mesma coisa depois que vocês tiverem algum rolo ou, namorarem e acabarem terminando? Acha que vocês serão as mesmas pessoas que antes? Acha que vocês não vão ficar distantes um do outro? Eu não quero que vocês se separem ou não invistam em alguma coisa séria, eu só quero te avisar sobre o que pode acontecer se não der certo. Porque eu tenho certeza que vocês não vão nos deixar na mão por não terem dado certo, nós somos nove e, vamos continuar sendo nove até o final. Lembra do juramento que fizemos então cumpra-o com a sua honra. Nós amamos vocês e só não queremos que ninguém quebre a cara.

- De verdade, eu não sei o que falar ou pensar sobre isso. Eu soube do que tava rolando sobre o Rafa e a É, mas, de alguma forma ele queria mostrar pra ela que o que ele tava sentindo por ela não era a mesma coisa que ela estava sentindo por ele, eu tentei não me intrometer mas não deu certo, ele acabou me colocando de cobaia pra arapuca dele. Eu nunca iria magoar a Élane, nunca tomaria algo que fosse importante pra ela, mas o que aconteceu deu pra ver que ele poderia ter feito isso de uma maneira que não me machucasse e nem estragasse o que ela sentia por ele e, tô falando da amizade que ela tinha, mas o que ele fez acabou com o que ela sentia por ele, se eu não tenho certeza eu acho muito.

Nós acabamos de conversar e saímos pro jardim de fundo da casa do amigo de Tiago, haviam várias rosas e margaridas em fileiras de que ficavam na parede, muitos vasos, e luzes iluminavam o local fazendo do lugar uma estufa colorida. O teto peneirado e com uma estrutura de vidro dava destaque as estrelas e a grande lua que dava um toque mágico à noite. Eu poderia ter ficado mais encantado, mas a tristeza era maior.

O celular de Daniela toca e ela atende ele rapidamente.

- Oi, sim estamos aqui ainda... Oi? Como assim? Pera que a gente tá indo!

Fico assustado e pergunto o que aconteceu. - Dani, que foi que houve? O pessoal não quer mais falar comigo né?

- Ah se estivesse, eles não estão não mas, o Rafael não tá bem. Ele queria se jogar na frente de uma moto e os meninos seguraram ele antes que acontecesse uma besteira maior, ele ficou com raiva e tentou começar uma briga, discussão, sei lá com o Roberto. O pessoal tá tentando acalmar a situação e a gente tem que ir pra ver se ele não vai ter outra grande idéia.

- Não sei mas acho que não sei se o pessoal vai me querer por perto.

Ela me olha e fala: - Gabro, se você agüentou até agora, vamos até lá e ajudar, não quero que você arregue.

Cara, eu não sei, mas as coisas lá podem ou não ficar bem, eu só vou saber quando chegarmos lá. Tenho certeza que não pode piorar, ou pode?




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