[Cap.8] O Sumiço

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Point Of View... Lígia

Minha visão ainda se desembaçava mesmo estando encapuzada e não podendo ver nada, percebia o tom de luz que sutilmente grudava no tecido que revestia minha face, o frio do lugar onde eu me encontrava era intenso, mas não ao ponto de me provocar uma hipotermia, mas que estava frio, isso estava. Meus pêlos se arrepiavam a cada risada que ouvia, a cada caricia que me era transpassada, me sentia insegura isso sim, sentia-me vulnerável, nenhuma garota sozinha não teria sequer alguma chance de defesa quando pessoas vem e de surpresa colocam suas armadilhas em prática, não sei quantas pessoas haviam ali, mas não eram pessoas boas. Mas, se pensavam que eu ia me rebaixar e me fazer de impotente, ha há eles estavam bem enganados.

Nem dava pra me mexer direito, meu corpo estava muito grogue, mesmo sentada tinha a sensação de minhas pernas bambearem constantemente, sentia meu nariz queimar literalmente, tenho certeza que colocaram uma mistura de álcool e algum dopante bem eficiente pra me ter feito apagar e recobrar minha consciência por estes instantes em que eu acabara de acordar, por isso minhas vias respiratórias não estavam colaborando com a minha respiração. Nunca imaginei que uma coisa tão simples como respirar estivesse me causando tanta agonia como estava me fazendo no infeliz momento. Sentia meu coração palpitar de modo bem exagerado (como se eu já não fosse), a textura da cadeira não me agradava em nada, até porque minhas mãos, amarradas e fundidas aos braços da cadeira de madeira não me davam o mínimo de conforto, se meu corpo pudesse falar, ele xingaria tanto quem quer que fosse a pessoa que estava fazendo isso comigo, e o pior, sem motivo algum pra tal ato de maldade.

Eu abri minha boca para tentar falar algo que acabou escapando da minha mente, mas, voltou em uma fração de instantes. – VOCÊS NÃO TEM O QUE FAZER NÃO SEUS MERDAS!!!, NÃO TEM EXPLICAÇÃO PRA VOCÊS TEREM FEITO ISSO, CARA, VOCÊS SÃO LOUCOS... –

Eu falava inconformada e super histérica ao mesmo tempo.

– DÁ PRA TIRAR ESSA PORCARIA DE CAPUZ DA MINHA CABEÇA?!?! SE É QUE PELO MENOS ISSO VOCÊS SABEM FAZER ALÉM DE SEQUESTRAR MOÇAS E PESSOAS DESPREVENIDAS!!!

- Hmmm rsrsrs – Ouvi uma risada que me fez ter na mesma hora tanta lucidez e receio que, vasculhando no fundo das minhas gavetas, queria saber urgentemente onde eu havia escutado aquela oscilação vocal. – Calma Lígia, porque não se acalma e fica quietinha, não se preocupa, vou tirar essa porcaria que você mesmo disse. Só não me leva a mal, eu queria conversar mas, você não me deu alternativa.

Meu corpo deu uma enfraquecida de leve. O que ele tava fazendo aqui? Porque ele fez isso? Não foi fácil pra ele, mas, nem por isso ele seria tão debiloide de estar fazendo essa proeza de gênio.

Ele puxa de uma vez o capuz que revestia meu rosto, a me fazer forçar os olhos contra a luz do sol que não era forte, mas que me causava grande formigamento e desconforto, depois da súbita adaptação de luminosidade, eu pude ver sua imagem próxima a mim, como eu já havia imaginado, as mesmas olheiras que deixei para trás junto com a nossa história que não era mais do meu interesse. Não depois do que ele fez comigo, depois de ter me magoado, depois de ter testado minhas investidas e defesas, depois que ele percebeu que brincadeiras bobas mas, decisivas, acabariam de uma vez com qualquer relacionamento que ficávamos tentando aprofundar até então.

- Marcos, eu já te falei, você mesmo conversou comigo e tirou as tuas conclusões, o que você quer comigo? Não me importo que você possa fazer algo, você não teria coragem - . Minha voz vacilante não estava tão corajosa como eu achei que sairia, eu não tinha medo do meu ex, eu não nasci pra andar me esgueirando pelas paredes por medo de cometer deslizes e ser repreendida de forma humilhante e degradante.

Éramos Nove (Atualização Indeterminada)Onde histórias criam vida. Descubra agora