[Cap.2] O Beijo

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Acordei bem alegre no sábado, o vento bailava sobre as cortinas da minha janela que estava entreaberta, senti a brisa me envolver por cima do lençol e abri um sorriso me espreguiçando em seguida. Sabe aquela “serenidade dentro da alma”?! É… eu estava me sentindo assim.

As luzes radiantes do sol refletiam nos azulejos do meu quarto, que batiam em cheio no meu rosto, mas de maneira bem suave. Não era ruim tomar sol pela manhã, pelo contrário, eu amava sentir aquele formigamento tão bom de manhã, minha pele correspondendo de forma delicada e rápida ao toque do amanhecer.

Saí da cama e fui em direção ao banheiro pois, estava com muita vontade de esvaziar a bexiga, apoiei minha mão na parede, levantei minha cabeça com os olhos fechados e comecei a sentir o alívio. Pensei em como o dia seria ótimo pois mais tarde eu e meus amigos iríamos na festa que Tiago nos convidou. Desci para a cozinha e lá avisto minha mãe de avental com um sorriso no rosto me olhando cheia de felicidade.

- Bom dia Gabriel! Acordou bem alegre hoje né, ou  pensa que eu não percebi esse seu sorrisinho maroto?! -. Eu a olhei com um sorriso leve e fui em sua direção pra lhe dar um abraço.

- Ai dona Margarida, o que seria de mim sem a senhora, uma mulher tão atenciosa e com um filho tão lindo como eu é claro! -. Ela me olha nos olhos e começa a rir. - Ei, sente-se pra tomar seu café, já que está alegre quero que comece o dia se alimentando bem -.

- Pode deixar dona Margarida, comida boa é aquela que é feita com amor - Falei rindo e mordendo um pedaço de pão. Ela sabia todos os meus gostos “Dârr, ela é minha mãe kkkkk”, sabe que amo Toddy e belas fatias de bolo também, e isso me deixa muito feliz.

Ela guarda um prato no seca-louças e olha de lado em minha direção. - Seu amigo Rafael ligou e perguntou por você. Eu falei que você ainda estava dormindo e depois retornaria quando acordasse -.

- Ok mãe, obrigado por me avisar, e… acho que vou na casa dele depois do café -. Dei um gole do achocolatado e segui com meu café da manhã.

Rafael não era do tipo de amigo que estava todo tempo grudado mas, sempre que havia qualquer novidade ele fazia questão de compartilhar conosco. Sabia que ele estava tão eufórico quanto e era contagiante vê-lo assim. Fui em meu app de mensagens e chamei os meus amigos mostrando minha animação.

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AM 09:49 Gabriel: Quem tá animado pra hojeee?

AM 09:50 Lígia: Eeeeeu!

AM 09:50 Roberto: O/ O/

AM 09:50 Tiago: Uhulll!

AM 09:50 Daniela: GENTE, tô tão ansiosa!

AM 09:51 Vanessa: Espero que tudo ocorra bem hoje. 😇

AM 09:51 Rafael: E vai ocorrer, tô muito animado pra essa festa!

AM 09:51 Élane: Espero que pelo menos tenha piscina, vou vestida pra dar um mergulho daqueles.

AM 09:52 Cristine: 😊🎉🎊
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Ver meus amigos felizes me fez perceber que nós não éramos somente amigos, éramos grandes amigos.

Saí de casa depois de um banho não tão demorado e fui à casa de Rafael que não ficava muito longe da minha. As ruas estavam calmas, as criancas brincavam, as pessoas passavam conversando assim como aves voavam no céu com suas melodias estridentes. Me maravilhei que numa manhã de sábado tão bonita várias flores de jambo caíam pelo chão que ficava  rosa como um toque de um giz de cera gigante. “Que imaginação eu tenho”.

Cheguei e bati umas duas vezes na porta quando, Rafael abriu com um sorriso no rosto e bochechas coradas de vergonha.

- Ei, que surpresa Gabriel, entra e fica à vontade -.

Vi que ele estava só em casa já que deduzi que se a garagem estava aberta seus pais não estariam, ele me confirmou isso com um “Estou só de novo nesse mundo cruel”. Na verdade eles trabalhavam integralmente. Em uma secretaria de economia daqui da cidade, na maioria das vezes Rafael ficava literalmente sozinho e nos chamava quando podia para colocarmos as conversas e diversão em foco, ele não era nada tímido e sempre nos pregava peças quando podia.

- Você ligou pra mim mas eu estava dormindo, é sobre a festa de hoje? - Falei pegando o meu celular para olhar as horas.

Ele me olha bem desajeitado e com as mãos entrelaçadas. - mais ou menos, é sobre a Élane. Faz um tempinho que ela vem dando em cima de mim e, eu não sei como interagir com ela. Tipo, nós somos amigos e tal mas, ela tem que saber o que eu sinto por ela de verdade, somente amizade e estima -.

Eu fiquei um pouco abismado já que a fama de Rafael como pegador era bem concreta perante os outros da escola e entre nós mas, assim de uma hora pra outra esse tipo de rodeio? Fiquei pensando um pouco olhando para o nada quando ele me chama movendo a mão dele de um lado pro outro pra que eu volte aonde tínhamos parado.

- Oi, estou aqui! Bem Rafa, acho que você deve falar pra ela a verdade já que tenho certeza que nem você e muito menos ela querem sair magoados desse assunto. Mas, porque esse desconforto todo em tentar alguma coisa com ela? É pelo fato da amizade ou, tem algo a mais nisso tudo? -. Olhei-o de cima a baixo examinando cada movimento de desconfiança que ele mesmo começou a trazer pra si próprio.

- É… Eu…. Eu tive umas experiências com… um garoto que me despertou algo que não sentia antes, tipo, não é fácil pra mim aceitar isso mas, eu… -.

Ele abaixou a cabeça ficando em silêncio, não sei se era medo ou algum receio que eu viesse a ter mas queria saber o final disso. - Você?... Pode falar Rafael, sabe que eu sou seu maninho e pode contar comigo -.

- EU ESTOU COMEÇANDO A GOSTAR DE GAROTOS! -.

Eu fiquei um tanto surpreso com isso e dei um abraço nele confortando sua mente que estava bem confusa com isso. - Rafael, eu nunca vou deixar você na mão, disso você pode ter certeza - , o olhei e serenamente ele enxugava suas lágrimas quando de repente ele me puxa pela cintura e me dá um beijo que me deixa sem reação de saída. É como se borboletas voassem dentro da minha barriga fazendo um alvoroço, como se milhares de pirulitos de algodão doce misturassem o seu sabor a sua língua que rapidamente me tirava o fôlego e…

Eu estava gostando!

Tentei afastá-lo até que consegui. Ele me olhou em brasas de tão envergonhado que estava, e, eu também ainda estava me perguntando se aquilo aconteceu. Me levantei e me despedi dele que sem falar nada me levou até a porta, quando me viro a uma certa distância para a casa dele, ele ainda me observa e me manda um piscar de olhos.  - Nos vemos lá Gabro! -
Eu aceno e dou um sorriso pra ele enquanto não tento tropeçar em nada, minhas pernas ainda estavam levemente bambas.
Não sei como isso aconteceu, mas tenho uma suspeita de que essa festa vai ser marcante.

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