Anne Lee

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Saio da casa dos meus avós bem cedo. Motivo? Quero aproveitar a luz do sol gelado de Nova York para tirar fotos e juntar ao meu currículo. Não vou ficar dependendo dos meus avós e quero poder ter um lugar só para mim.

A herança que meus pais deixaram, serviu para pagar a faculdade e meu sustento em outro país, então restou pouco. Comigo trabalhando, terei minha privacidade e continuarei com minhas responsabilidades.

Ando pelo meu bairro fazendo cliques de tudo que acho interessante e de vários ângulos, quero que as pessoas vejam que sei usar uma máquina fotográfica e usar efeitos que a mesma oferece. Só então percebo que estou em frente à loja de Dylan e sorrio resolvendo entrar.

Tudo é bastante espaçoso e o cheiro de madeira é perceptível, já que a maioria das coisas são feitas de madeira. Há estantes, cadeiras, mesas de todos os tipos, artesanatos, enfim, é uma loja bastante rústica. Um homem vem em minha direção e estreito meus olhos olhando seu crachá de funcionário que contém seu nome.

-Posso ajudá-la? - pergunta educado.

-Acho que pode Thomas. - ele assente e varre o lugar com os olhos.

-O que está procurando? Mesas, cadeiras, enfeites...

-Na verdade estou procurando Dylan. - Thomas ergue as sobrancelhas e aponta para o final da loja.

-Ele está no caixa.

-Obrigada! Vou dar uma olhadinha por aqui e depois vou até ele.

-Fique a vontade.

Caminho pelo local e um leão com seu rugido mudo me chama atenção por ser esculpido na madeira, acho interessante e o pego para mim. Vai ficar legal na minha penteadeira. Vejo um menino e uma menina de mãos dadas, e o pego também. Como eles conseguem fazer tão perfeito?

Depois de pegar os dois objetos me dirijo o caixa. Dylan está lá sentado de frente para seu computador muito concentrado, enquanto morde cantos de unha, típico dele. Dylan só levanta os olhos vendo os objetos na mesa que peguei no balcão.

-Vai levar só essas duas esculturas? - pergunta voltando a olhar o computador.

-Por enquanto sim!

Sorrio ao ver sua cabeça ricochetear para cima. Seus olhos verdes me atingem avaliando-me e sinto algo diferente em mim. Desejo. Puro desejo! Isso não era para acontecer. Escondo esse sentimento dando atenção ao homem a minha frente, mas fica difícil quando ele saboreia meu nome em seus lábios.

O que é isso Deus? Eu nem estou necessitada!

-Anne!

-Eu mesma. - falo sem graça apoiando minhas mãos no balcão.

-Pensei que iria te ver só mais tarde.

-Pois é! Resolvi andar por aí, tirar algumas fotos e quando percebi, já estava aqui em frente. - olho ao redor. - Esse lugar cresceu!

-As coisas estão indo bem.

-Isso é ótimo. E como está seu pai? Foi tão corrido ontem que nem tive a chance de perguntar.

-Bem, esteve com seus avós hoje.

-Ah... Deve ter chegado depois que sai.

O silêncio tomou conta e isso nunca tinha acontecido. Dylan e eu tínhamos conversas para uns duzentos anos, mas agora...

-Dylan! Seu almoço está pronto. - uma mulher, linda por sinal, desce por uma escada próximo ao caixa com um sorriso.

Ela chega até Dylan rodeando seus braços em seu pescoço e beijando seus lábios rapidamente. Engulo em seco em reação a sensação estranha que me atinge. Não sei o que é, mas tudo que eu quero é sair daqui. Percebo Dylan um pouco nervoso e olhar para mim, a mulher se solta dele com um sorriso sem graça.

Anne e Dylan - Um conto de natalOnde histórias criam vida. Descubra agora