Capítulo 1

4.3K 281 10
                                    

Um dia normal? Por que seria?

Eu estava pedindo desculpa para um idoso no elevador.

Sem querer, na minha pressa para pegar o elevador, acabei derramando meu suco de uva na camisa de linho branca dele. Estava tentando limpar, mas sua expressão dizia: "Pare!".

— Pelo menos, não é camurça.— Tentei aliviar.

Com isso, ele saiu do elevador fervendo de raiva.

Lá se vai o amor de vizinhos...

Cheguei à minha garagem, peguei meu carro e mergulhei nas ruas de Manhattan.

Eu me chamo Ella McPhillen, tinha 22 anos e era dona de diversos spá's ao redor do estado. Sei que era jovem, mas terminei minha faculdade com 20 anos, e logo tive a oportunidade de criar meu negócio; e quem diria que faria sucesso? Agora, eu era uma grande empresária com uma vida perfeita. Meu eu não ficava para trás. Tinha longos cabelos negros, olhos castanhos-mel; pele de veludo caucasiana, e media 1,65m de altura — o que não se notava quando estava de salto. Não tinha muitos amigos. Não sobraram muitos depois da faculdade, mas não posso dizer que faziam falta.

Talvez um...

Esse assunto está fora de cogitação!

Cheguei a uma de minhas filiais, sendo recebida por diversos funcionários competentes.

Elie, da recepção, deu-me o jornal. Júlio, o faxineiro, sorriu para mim com um caloroso bom dia. Entrei no meu escritório, e, antes que a porta batesse, minha assistente entrou com sua caderneta em mãos.

Greta era a melhor assistente que já tive. Por causa dela, eu não entrava em pânico. Tudo bem que ela parecia ser muito jovem com aqueles cabelos cacheados castanhos e olhos mel; mas tinha certeza que ela já havia acabado o Ensino Médio.

— Pronta para ouvir seus compromissos do mês, chefe? — Ela sentou no sofá, dando seu sorriso inocente

— Pegue leve comigo, Greta. — Sentei-me em meu lugar. — O fim de semana foi divinamente cansativo.

— Max te levou para onde dessa vez? — Ela me fitou curiosa.

Max era meu namorado. Conhecemo-nos na faculdade, mas só depois dela que fomos notar que éramos feitos um para o outro.

Estamos há um ano juntos, e dizer que ele não era perfeito seria um pecado horrível. Ele tinha cabelos morenos, olhos azuis e um corpo proporcionalmente musculoso. Fora que era um amor em todos os aspectos.

— Ele não me levou a nenhum lugar. — Sorri com malícia. — Fomos juntos para Paris. Jantamos, dançamos, e fizemos um tour perfeito. Não poderia imaginar fim de semana melhor. Sem contar em como terminamos a noite.

— Você é a mulher mais sortuda que existe.

— Sou, não sou? — Eu ri. — Quem mais viaja para Paris só para passar dois dias? Max é realmente perfeito.

— Me avise se ele tiver um irmão. Estou precisando de perfeição. — Ela checou a prancheta. — Agora, que tal os compromissos?

Eu teria a abertura de um novo spá na Praia Montauk naquele sábado; o aniversário de 12 anos de minha irmã, Isadora, na semana seguinte — algo que não me animava, já que minha família era... arcaica demais, e, óbvio, estaria lá —; e também tinha uma festa no final do mês que iria reunir todos os grandes empresários das grandes cidades como: Dallas, Atlanta, Los Angeles e outras. Claro que eu iria. Era uma grande honra receber um convite assim. Só os grandes empresários — que ganham muito na empresa que investiam — estariam lá. E eu ser considerada um desses empresários era mais que incrível!

— Isso é incrível — disse, animada

— Claro que é. — Greta abraçou sua caderneta. — Espero que conheça muitos empresários importantes lá.

— Faz ideia de quem estará lá?

— Bem, não muita. Mas posso verificar — Greta ofereceu

— Seria ótimo — agradeci

— Não se preocupe, chefe. Você merece tanto quanto todos.

Depois de Greta seguir com suas tarefas, eu fui circular pelo spá. O movimento estava grande, e, a cada vez que um cliente me via, abria um sorriso e me parabenizava pela eficiência dos meus funcionários. Era claro que eu sabia disso, afinal, só contratava os melhores. Era um grande trabalho achar funcionários de ponta, mas valia a pena, no final.

Voltei para minha sala na hora do almoço. Fiquei contente ao ver o vestido que usaria no grande evento empresarial sobre o sofá do meu escritório. Era um vestido bem social na cor prata e longo, sem mangas e com um zíper na lateral. Havia experimentado mês passado e pedido que entregassem no escritório. A demora da entrega era devido aos ajustes, mas, ainda assim, era o mesmo vestido.

Sem resistir, decidi vesti-lo mais uma vez. Sabia que estava em meu escritório, mas era confortável o suficiente para me trocar. Tinha minha mesa perto da janela e um sofá na parede do lado direito de quem entrava. Era um quadrado perfeito, cuja porta de entrada ficava na parede central. Tudo era pintado de azul turquesa.

Minha cor favorita...

Comecei a por o vestido, porém, ele não queria passar por meu quadril. Isso não estava certo, era minha medida. Tinha certeza.

— GRETA! — chamei. — GRETA!

Ela entrou como um raio.

— Aqui... Oh! Deuses, senhora, hum...

— Estou só experimentando ele. — Revirei os olhos.

— Certo. — Ela fechou a porta. — É que não é comum as chefes estarem seminuas em seus escritórios.

— Foco, Greta! — ralhei. — O vestido não quer entrar.

— Hã, mas você não...

— Eu experimentei antes de comprar.

— Talvez a senhora tenha...

— Não se atreva!— apontei

Ela se encolheu, ficando com vergonha. Eu não podia ter engordado. De jeito nenhum!

— Devem ter mandado o vestido errado. — Tirei o vestido e comecei a por minhas roupas

Sei que queria acreditar nisso, mas a verdade é que também tive problemas com a calça jeans naquele dia.

— Vou mandar trocar. — Greta pegou o vestido

— Ah! — chamei. — Compre absorvente para mim. Meus seios estão maiores, ou seja, só podem estar inchados. Minha menstruação vai descer.

— Certo... — Greta assentiu. — Algo mais?

— Pode ir — disse, e ela saiu.

Depois de me vestir, joguei-me no sofá, especulando sobre o que estaria acontecendo com minhas roupas. Será que eu engordei?

Não! Puseram goma demais.

Peguei uma revista, descartando esse assunto de vez.

O Meu Casamento de MentiraOnde histórias criam vida. Descubra agora