Capítulo 4

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Estava respirando com a ajuda de um saco de papel no escritório do meu novo spá.

Depois de acordar no chão da minha cozinha, eu consegui chegar a tempo da inauguração. O problema é que eu estava com cara de enterro. Contei à Greta tudo que tinha que contar, e, agora, ela corria para todos os lados, tentando achar algo que pudesse me ajudar; mas nada havia. Eu estava perdida!

Nunca iria conseguir trazer Isadora para morar comigo.

— Chefe! — Greta entrou com um copo de água em mãos. — Beba. A senhora está pálida.

— É para combinar com a situação... — Joguei o saco fora. — Eu estou morta!

— Não, não. — Ela pôs o copo diante de mim. — Vai dar tudo certo.

— Como?! NÃO. TEM. JEITO!

Eu contei sobre o que iria me acontecer, caso eu não me casasse, e me dizer que tudo ia dar certo, quando era óbvio que não daria era como zoar da minha situação terminal.

Eu sou uma grávida perdida!

— Podemos pensar em algo. — Greta tentou.

— Eu já pensei. Se eu não casar, vão descobrir sobre a gravidez "imperdoável".

— Então não esteja grávida. — Greta sorriu

— Não vou abortar! — quase gritei. — Para muitos, o que tenho na barriga não é uma vida. Para mim, é. E eu não vou matá-lo.

— Tudo bem. — Greta se rendeu. — Então se case de mentirinha. Tem muitos homens que se alugam. Pode fazer isso.

Pisquei. Eu podia ver uma luz.

— É... — sussurrei. — Minha família não liga para divórcio, só para desonra. Posso me casar e, depois de alguns meses, divorciar.

— Vai custar algo — lembrou Greta.

— Não importa. — Revirei meus olhos

— Tudo bem. A questão é: quem?

No instante em que ela perguntou, a porta do meu escritório se abriu. Um conjunto de olhos verdes e cabelos castanhos passaram por ela, dando-me a sensação de familiaridade.

Era um cara. Tinha cabelos cor de caramelo na altura dos ombros. Olhos verdes hortelã e pouco mais alto que eu. Era forte, com total proporcionalidade. Suas roupas eram despojadas: calça jeans folgada, camisa marrom com uma estampa de rock, uma jaqueta de couro também marrom e sapatos estilo militar.

O conjunto inteiro dele me trouxe lembranças, embora ele estivesse mais forte e com os cabelos mais longos; eu sabia que o conhecia, e vê-lo depois de tanto tempo me fez sorrir. Mas não durou muito. O fato de termos nos afastado me trouxe outras recordações que não me deixaram tão... contente.

Ele segurava um envelope amarelo nas mãos, o que queria dizer que ele estava atrás de emprego. Minha mente trabalhou depressa, arriscando que ele seria a resposta para a pergunta de Greta.

— Hã... — Ele pigarreou, talvez incomodado com nossos olhares nele. — Disseram que era aqui para a entrevista de emprego.

Sorri, familiarizada com sua voz.

— Não é um bom momento — Greta rosnou. — Por favor, saia!

— Não! — respondi. — Vou entrevistar ele.

— Mas, chefe...

— Saia, Greta — mandei.

Ela ficou boquiaberta, mas saiu. O garoto entrou, olhando bem para mim. Não sabia dizer se ele se lembrava de mim; mas seu nome martelava na minha mente, afirmando que eu lembrava.

O Meu Casamento de MentiraOnde histórias criam vida. Descubra agora