Jantar

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Como previsto, eu não apenas tinha partido a frente do trem, mas o impacto derrubou todos os vagões, alem de ter atingido vários outros carros ao lado da linha. Virou um verdadeiro empilhamento de ferro... Que saco, mais contas que nunca pagarei junto das reclamações.

Enquanto isso as pessoas ajudavam o idiota que provocou tudo isso a descer do seu carro que havia parado em cima de outros dois, mas pelo visto sem feridos, ponto!

Mas todo mundo ainda estava ali, olhando como se tivessem perdido alguma coisa, então tentei dispensar tudo aquilo

--- Vocês ai, bloqueando a passagem, são todos uns idiotas. Deem meia volta e voltem ao trabalho.- parece que não funcionou.

--- Mas foi você quem jogo o carro em cima do dela, e ainda detonou o trem! – gritou um homem.

--- Por que você não voou com o carro?! Seria mais fácil! – gritou uma mulher loira do outro lado e ouvi coros de "é, é verdade" de todo o resto ---Acabou machucando a coitada da mulher!

--- É isso mesmo, ela devia te processar! – gritou outro homem gordo, e mais coros de "ée"

--- Então processa o McDonald's por essa pança enorme - Nessa hora perdi o pouco de paciência que eu não tinha e respondi em alto e bom som, mas não resolveu nada.

Continuaram com os insultos e pedidos para que eu voasse pra longe dali, como sempre. Então foi simples, comecei a fazer gesto como se estivesse conduzindo uma orquestra, melhor coisa a se fazer claro.

Até que alguém assoviou de modo que todos se calaram e a atenção foi voltada a um homem de estatura média, olhos castanhos, boca carnuda e covinhas, admito era muito bonito.

--- Será que vocês não entendem?! Eu estou vivo, posso ir pra casa, ver minha família. Podia ter morrido agora, aqui. – Todos se viraram então ele começou. --- É, ela poderia ter voado com o carro pra cima sim. – se virou em minha direção e complementou. --- Claro que poderia ter voado com ele, ai eu não teria parado ali de cabeça pra baixo, mas enfim... Eu te agradeço, Jauregui

Nisso apertou minha mão, em um gesto de gratidão verdadeira. Confesso que fiquei espantada, isso seria possível?! Nunca que alguém nesse ou em qualquer outro mundo parou para me agradecer, ainda mais depois da bagunça que fiz, acidentalmente claro...

---Você não quer me dar uma caroninha voando, não?

Isso foi meio hilário, mas tudo bem, eu destruir o carro dele, nada mais justo.

Passamos por alguns bairros tradicionais da cidade, ate que chegamos à sua rua. Havia várias crianças na rua, jogando bola, correndo, brincando. De um jeito torto e barulhento coloquei o carro em frente de uma casa onde havia um garotinho brincando com alguns bonecos e um cachorro. Acho que quase se borraram de susto, mas é isso ai.

--- Legal! Valeu – ouvi Joseph agradecer. – Boa pontaria, na entrada seria melhor, mas fazer o que ne. – desceu do carro como se fosse o maior alívio do mundo

--- O que aconteceu, papai? – o garotinho na varanda veio de cara perguntando

Ainda fiz o favor de arrastar (estacionar, melhor dizendo) o carro para a garagem, enquanto os ouvia conversando, até que Joseph nos apresentasse e logo logo ouvir a criança gritando "Jauregui!!"

Quando de repente sai uma mulher incrivelmente linda de dentro da casa, preocupada com o que havia acontecido. Posso está enganada, mas nunca vi beleza igual, havia algo nela que me prendia. E ao me ver acredito que tenha causado alguma reação nela também, foi como se nos conhecêssemos há algum tempo, olhava de maneira intensa e preocupante, não pelo fato de conhecer minha fama, mas como se minha visita fosse algo que não poderia nunca ter acontecido.

História Heroin, or nearly soOnde histórias criam vida. Descubra agora