Décimo Sexto Halloween

Capítulo 2

Respirei fundo agora deixando meu lado imaginário pensar ao invés da minha razão. Não era possível. Será que eu teria azar por ver aquele gato preto em pleno Halloween? Eu tenho 16 anos, e esse era coincidentemente meu Décimo Sexto Halloween.

— Louise - Minha mãe me chamou — Desça aqui em baixo.

Guardei os papéis no meu armário, abri a porta e desci. Encontrei minha irmã sentada no sofá folhando a revista que minutos atrás minha mãe estava lendo. Me sentei ao seu lado.

— Já volto meninas, nós precisamos conversar.

Entrou em seu quarto e eu olhei para a minha irmã.

— Isso ta estranho.

— Você não sabe de nada... — Suspirei lembrando dos papéis.

Ela voltou trazendo consigo um álbum/livro, não sei direito.

— O que é isso? — Coraline perguntou ansiosa.

— Um álbum com fotos e explicações. Décimo sexto Halloween. Essa data era o prazo que eu tinha para te contar a verdade sobre tudo — Engoli seco sem responder —  Eu deveria ter te contado no seu aniversário mas eu não tive coragem. Se você souber, todos eles sabem também. Você é especial, pois iniciou novamente a maldita linhagem quando nasceu, por ser a mais velha. Você é poderosa Louise. 

— Do que está falando mãe? Quer ir a um médico? Desculpa ter mentido, não precisa surtar!

— Não não, eu estou bem. Preciso contar — Disse para ela mesmo provavelmente encorajando-a. Respirou fundo e abriu o álbum/livro — Vocês são bruxas. 

Eu não sabia o que sentir, felicidade ou medo.

— Eu sou uma bruxa? De verdade? — Comecei a sorrir irônica — Pena que você está brincando.

— Não é brincadeira. Existe um mundo além do nosso que se chama Montmagic, onde existe seres de todos os tipos, desde os fracos a poderoso, estranhos e normais, bons e ruins — Deu ênfase na palavra ruim — Nós estamos aqui por segurança, existem pessoas ruins lá que querem nossos poderes, e quando souberem de você Louise... — Balançou a cabeça negativamente — Você e Coraline são especiais. Louise por ser mais velha tem algo a mais, um cheiro de magia que exala por onde ela passa. Isso era camuflado com um feitiço, porém quanto mais você cresce mais aumenta a intensidade do seu poder, e o feitiço esta se quebrando. 

— Eu não sei o que dizer — Falou minha irmã que estava quieta até agora.

— Eu não sei como consegui dizer isso. Por mim poderia esconder isso de vocês para sempre, mas Marta iria atrapalhar tudo e acabar dizendo. Nas palavras dela, sabendo disso vocês poderiam fazer feitiços para caso precisassem, e se defender. Ela disse também que a magia para esconder seu cheiro não aguentaria nem mais uma semana.

— Mãe, olha, eu realmente não estou acreditando. Quem é marta? Quem são eles? — Falei atordoada. 

— Aqui já não é um lugar tão seguro mais para conversarmos sobre isso, pois como eu disse, quando você sabe eles também sabem. Desculpe filha, não vou conseguir explicar tudo pois me falta coragem e eu realmente estou com medo. Conheço alguém que pode te explicar.

— Quem? — Eu e Coraline perguntamos e uníssono.

— A mesma que provavelmente te mandou bilhetes, Marta. Vamos até a casa dela que ela ira que explicar timtim por timtim. Hoje provavelmente estão todos na casa dela, Miguel, Sindy e os outros. 

Assenti com a cabeça pensando que provavelmente minha mãe não sabia que eu já havia ido até a casa dela mais cedo, só que com outro propósito: Doces. Mamãe sumiu da sala indo em direção a lavanderia. Olhei para a minha irmã e pude sentir a mesma dúvida que ela tinha. Não sabia ao certo o que fazer, se ficava feliz por ser uma bruxa ou triste por, sei lá, não ser normal. Optei por ficar triste pois não conhecia eles e pelas palavras de minha mãe pude sentir que não era boa coisa. Ela voltou da lavanderia trazendo consigo uma adaga.

— Da onde tirou isso? — Perguntou Caroline com uma expressão de surpresa, a mesma que a minha.

— Estava escondido no tanque da lavanderia, eu sabia que nunca mexeriam lá — Deu de ombros — Venham, Marta saberá explicar.

Seguimos ela em fila indiana em direção a porta em silêncio. Já na calçada de casa vi que ainda havia crianças para lá e para cá, mesmo o céu já estando escuro. Me peguei pensando nas palavras da minha mãe durante o caminho, dizendo que eu era especial, eu deveria ter medo disso? Deveria, porém ela também disse que eu era poderosa, isso significa que eu era forte não é? No fundo eu esperava que sim.

Fizemos o mesmo trajeto que eu havia feito hoje. Aquele gato estava na janela me olhando, e a partir de então caiu a ficha de que, minha vida mudou a partir do momento em que encontrei aquele bicho me encarando, como se estivesse me dizendo algo. E bem, ele estava.

Minha mãe entrou na casa sem bater. Eu e minha irmã entramos logo atrás e eu pude perceber que a casa tinha uma decoração normal, cortinas em tons de rosa pastel, sofá com um tom esverdeado o que me surpreendeu, pois eu esperava um caldeirão e várias velas. Ouvi vozes até chegar atrás da casa, onde havia uma mesa enorme repleta de doces e refrigerantes, fora umas comidas salgadas que mais pareciam tortas.

— Olá Rebecca — A mulher que eu julguei ser Marta cumprimentou minha mãe e virou-se para gente — Olá meninas — Sorriu simpática — Deixa eu adivinhar, você veio me pedir para te ajudar certo? Bom, pela sua cara não preciso nem perguntar. Venham, venham, sentem-se e se sirvam — Falou rápido.

E foi o que fizemos. Me sentei ao lado de minha irmã e minha mãe. Havia mais pessoais sentadas na mesa que eu provavelmente eu conheceria em breve.

— Bom pessoal, essa é Louise e Coraline — Alguns lançaram sorrisos simpáticos e outros apenas esperaram ela continuar — Descobriam o que são hoje, e bem, precisam de uma explicação certa — Deu ênfase na palavra certa olhando para a minha mãe.

— Vá com calma tia Marta — Disse uma menina de cabelos roxos e olhos azuis.

— Tudo bem, desculpe. Como sua mãe já deve ter te dito você é diferente, não por ser uma bruxa mas por ser igual Valquiria — Ela deu um tempo e continuou — Mas quem é Valquiria? — Revirou os olhos com sua própria pergunta — Valquria era uma bruxa como você, iniciou uma linhagem assim que nasceu. Existe uma lenda antiga sobre essa linhagem, que dentre 7 irmãs a caçula é uma bruxa. Essa lenda se aplicou em todos nós aqui presente, com exceção a você e Coraline, e isso te faz terrivelmente especial. Valquiria era filha única e isso atraiu a atenção de Richard. Como você pode imaginar Valquiria morreu, até tentou achar um meio de escapar, mas em 1848 ainda não existia nenhum portal, nem nesse mundo e nem no de lá. O portal é só um meio para nos teletransportarmos, os de lá para cá, e os de cá para lá. Eles, especificamente Richard já sabe sobre você. Richard era um caçador de bruxas normal, criou um grupo com homens com o mesmo interesse onde condenava jovens, até mesmo as inocentes e as matavam queimadas, o final de Valquiria foi assim, queimada. Hoje em dia ele tem os poderes da pobre Valquiria para ele, se tornou um feiticeiro e governa Montmagic. O que você precisa realmente saber é isso, o básico. E não se preocupe crianças, vamos ajuda-las no que precisar.

Senti o gato passar entre minhas pernas e soltar um miado.

— Parece que ele simpatizou com você — Sorriu — Bom, você precisará fazer umas aulas de feitiços, conhecer sobre esse mundo que agora você faz parte.

Todos voltaram ao que estavam fazendo, como se fosse normal tudo aquilo. Me sentei em um canto um pouco mais isolado para tentar processar todas essas informações. No começo até pensei que minha mãe estaria tirando uma com a minha cara até reparar nas suas expressões, e elas não diziam que era uma brincadeira. Aquilo era tudo muito confuso para mim, eu sabia que daqui para frente tudo seria diferente. Se eles e esse tal de Richard realmente sabem sobre mim eu teria que fazer algo para eles não me encontrassem, pois eu não queria ter o mesmo destino que Valquiria, não mesmo. 

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Gostaria da opinião de vocês, e claro a ☆. Não seja um leitor fantasma.