Capítulo 5

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Cheguei em casa e coloquei os livros que Sindy havia me emprestado na pequena mesinha de centro. A casa estava silenciosa o que era estranho, pois era hora do jantar e mamãe deveria estar na cozinha me esperando com Coraline.

— Mãe? Coraline? — Chamei em um tom mais elevado do que o normal, esperando respostas.

A casa continuava silenciosa. Fui para a cozinha e notei que não havia comida alguma ali, nem sinal de que minha mãe havia começado a preparar algo.

— Isso está errado — Falei em um sussurro para mim mesma.

Era a primeira vez que algo desse tipo estava acontecendo na minha super vida monótona. Por instinto fui para a lavanderia tentando não fazer barulho, procurei pela tal adaga que minha mãe comentou que guardava ali. Abri a portinha do tanque e lá estava ela, peguei a mesma e a segurei firme, pensando em como eu iria usar aquilo. Voltei para a sala onde suspirei fundo e vi que teria que subir as escadas,  lembrei-me que o quarto degrau fazia barulho, pulei o mesmo com uma certa dificuldade. Já no segundo andar, olhei para os dois lados do corredor e decidi ir direto para o meu quarto, pois a luz estava acesa. O chão não era de madeira e agradeci mentalmente por isso. Ao chegar no meu quarto, vi que mamãe e Coraline estavam caídas no chão. Levei minha mão a boca deixando a adaga cair o que não era uma coisa muito boa a se fazer, ouvi um grito ensurdecedor e notei que era eu mesma. Meu coração estava acelerado, ajoelhei ao lado delas pegando no pulso das duas e verificando os batimentos, pelo menos isso estava tudo ok. Ouvi a porta de baixo se abrindo e passos na escada, rapidamente trouxe a adaga até mim com o pé e a peguei. Me levantei e me posicionei estupidamente para algo assustador, mas era apenas Benjamin.

— O que aconteceu? — Falou ele tentando ser o mais calmo possível, intercalando os olhares entre mim e as duas caídas no chão.

— E-e eu não sei — Gaguejei soltando a adaga novamente — Eu cheguei e elas já estavam assim, eu não sei o que fazer. Elas estão vivas, mas algo provavelmente aconteceu.

Ele pegou Coraline e a minha mãe na minha cama, como era de casal havia espaço ali.

— Elas vão acordar, provavelmente vão se lembrar e só assim saberemos de fato o que aconteceu. Não tem nada para que possamos fazer, se não esperar. Não acho seguro vocês ficarem sozinhas aqui, sem nenhuma proteção, acho melhor irmos para casa da minha vó.

— Eu também acho, sou tão inútil que não estava aqui para ajuda-las.

— Não se culpe — Ele arqueou uma sobrancelha — Você e sua irmã são as que menos tem culpa nessa história, não pediram para ser e muito menos para saber.

— Acho melhor preparar algo para comer, estou faminta — Dei de ombros, fui até a janela verificar e a mesma continuava fechada. Olhei para as ruas em busca de algo mas tudo estava incrivelmente normal — Você vem? — Disse saindo do quarto.

Ele apenas me seguiu. Fomos para a cozinha, abri a geladeira pegando presunto, mussarela, hambúrguer e refrigerante.

— Quer um também? — Perguntei abrindo a embalagem dos hambúrgueres e colocando os mesmos para fritar.

— Quero — Sorriu.

— Como soube que eu precisava de ajuda? — Disse ainda de costas olhando para a frigideira sentindo seu olhar sobre mim.

— Pelo seu grito, aposto que quem mora a cinco quarteirões daqui conseguiu ouvir.

— Poderia pegar o pão na dispensa por favor? — Apontei para o armário logo ao seu lado — Eu estava assustada.

— Eu posso imaginar, não é todo dia que chegamos em casa e vemos as pessoas que mais amamos desacordadas — Me entregou o que eu havia pedido.

Décimo Sexto HalloweenOnde histórias criam vida. Descubra agora