Capítulo 3

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No caminho para a escola estava pensando em como seria o natal desse ano. Ano passado nós viajamos para a cidade dos meus avós maternos. Tia Clara e Tio Teco irmãos da minha mãe, juntavam-se a nós é ficávamos do dia vinte e quatro até ao ano novo lá. As brincadeiras dos meus primos que também iam, era meio idiota. Na verdade somos em cinco e sempre fomos divididos em grupos: adultos e crianças. Lucas e Beatriz eram os adultos, Mariana e Coraline eram as crianças, e eu meio termo. Não gostava de me achar a adulta pois estava longe de ser isso, e nem criança porque na época eu tinha 15 anos. Antigamente todos nós morávamos com os meus avós naquela casa enorme, era até divertido mas cada um teve que seguir sua vida.

Encarei o prédio na minha frente e entrei observando as pessoas, e o humor delas com certeza estava melhor que o meu. Caminhei até a sala, onde teria aula de história. Me sentei no chão encostada na parede, um certo sapato e meias coloridas me chamou a atenção, era Malia.

— E aí amiga — Sentou-se do meu lado.

— Oi — Dei um sorriso amarelo.

— Que mau humor hein — Me deu empurrões com o ombro, mesmo sabendo que eu não gostava disso.

— Realmente — Suspirei — Não sei como vocês conseguem ter esse bom humor logo de manhã, até me assusta.

Ela revirou os olhos. 

— Você que é chata Louise.

Eu fiquei em silêncio, não sabia o que responder e nem queria. O sinal tocou pelos corredores e fui obrigada a me levantar. Abri a porta da sala e só havia o professor lá dentro, sentado com aqueles óculos horríveis cutucando a sobrancelha. Me sentei no meu devido lugar e peguei o material. Sem querer me gabar, mas eu era uma ótima aluna, com exceção a matemática. Conforme os segundos estavam passando mais alunos iam entrando. Malia sentava atrás de mim, o que permitia a ela de me cutucar e me mandar alguns bilhetes falando besteira. Na última aula que tivemos ela me mandou um bilhete reclamando que estava com uma coceira danada no pescoço, revirei os olhos e respondi qualquer coisa.

— Bom dia alunos. Hoje vamos estudar sobre os fatores que desencadearam a Reforma Religiosa. Estudamos na aula passada o que é, e do que a tratava. Alguém se lembra o século e a onde começou essa série de movimentos religiosos?

Se levantou indo em direção a lousa, se apoiando de lado entre elas e esperando alguém responder, o que não aconteceu.

— Esquecidos vocês hein? Aconteceu no século XVI na Europa, isso vai cair na prova — Fez algumas anotações no quadro que eu anotei — Uma das causas importantes da Reforma foi o humanismo evangelista, crítico da Igreja da época. A Igreja havia se afastado muito de suas origens e de seus ensinamentos, como pobreza, simplicidade, sofrimento. No século XVI, o catolicismo era uma religião de pompa, luxo e ociosidade.

Ele continuou falando, falando e falando. Parei de prestar atenção e comecei a desenhar coisas aleatórias em meu caderno. Me dei conta de que havia passado mais tempo distraída do que deveria quando ele falou que teríamos lição de casa.

— Lição de casa página 134. Quero isso pra semana que vem, quem não estiver com isso em mãos perderá dois pontos na média. Boa semana alunos.

Me levantei guardando meu material e sai com a Malia atrás de mim tagarelando sobre seu final de semana, mordi minha língua não contar sobre como havia sido o meu: sinistro.

O resto das aulas foi chato como sempre foi, nada de novo. No caminho de casa Malia foi comigo, falando sobre sua festa de aniversário pela qual todos estavam ansiosos. Não vou negar, eu também estava.

— A decoração está impecável amiga, você precisa ir em casa para eu te mostrar tudo. Ah, minha mãe me fez convidar meus primos da cidade vizinha, eles até que são legais. Ela me disse também que se eu pedir mais alguma coisa pra ela esse ano ela corta os pulsos — Deu uma risadinha.

— Malia, eu também estou super empolgada com a festa... Mas você sabe né, se eu for é provável que terei que levar a Coraline.

— Sua irmã é legal, e tenho certeza que ela não vai contar pra sua mãe se você ficar com alguém, HEIN — Se empolgou me dando novamente aqueles empurrões — Você precisa arrumar alguém, daqui a pouco você vai esquecer até como se beija menina!

Revirei os olhos e ignorei aquele comentário, mas no fundo ele havia doido. Não que Malia seja uma pegadora e nem nada disso, mas a vida dela nessa questão era, digamos, melhor que a minha. Eu não levava jeito pra me relacionar tão fácil com as pessoas, coisa que ela conseguia. Ela era o tipo de pessoa que falava sobre sua semana com alguém na fila do supermercado, eu achava incrível isso.

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Mamãe me passou uma listinha de coisas para comprar, que faltavam para fazer o seu macarrão.

- Orégano

- Queijo Ralado

- Molho de tomate (Sache)

Coloquei meu casaco pois estava esfriando e minha touca preta comum com um pompom bonitinho atrás. Eu iria ir no mercadinho da dona Márcia, pois era mais perto do que o mercado. Cantava sem fazer som, uma música aleatória. Eu gostava bastante de música, até praticava. Anos atrás fazia aula de teclado e canto, tive que parar pois estava ficava sem tempo. Não que eu seja uma pessoa ocupada, pois isso estou longe de ser, mas estava ficando focada de mais nisso e esquecendo que tinha compromissos com a escola. 

Entrei no estabelecimento sentindo um cheiro maravilhoso de pão recém saído da fornada. Fui em direção aos corredores respectivos com o que deseja comprar. Peguei orégano, o queijo ralado e os molhos. Andei até o caixa e vi que não era dona Márcia que estava ali. Meu alarme de timidez apitou e eu desejei estar em casa. Coloquei as coisas no balcão e olhei para o menino de cabelo ondulado até o pescoço, pele bronzeada e um piercing no septo que se encaixava perfeitamente nis traços de seu rosto.

— O sistema está com problema — Disse ele — A dona Márcia, hum... Pediu para que deixe o dinheiro e o número do telefone — Mostrou uma lista com alguns números .

— Ah — Olhei para o saquinho de orégano — Tudo bem.

Foi só o que eu respondi. Anotei meu número, peguei e sai de lá com as compras em uma sacola. Eu odiava esse meu lado tímido, sentia meu corpo travar e tinha que me forçar falar na maioria das vezes, se não ficaria com uma cara de idiota maior do que o normal.

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Oi gente! Esse capítulo esta sem revisão, então ignorem os errinhos caso encontrarem algum. Desculpe também a demora para atualizar. 

Gostaria da opinião de vocês, e claro a ☆. Não seja um leitor fantasma.

Décimo Sexto HalloweenOnde histórias criam vida. Descubra agora