Um pouco mais de um mês sem notícias não parecia tão ruim. Talvez ela tivesse desistido da ideia.
Estava já cansado dessas viagens de curtos períodos cuidando tanto dos meus negócios quanto dos negócios do meu tio.
Só queria uma dose forte para relaxar e logo voltaria ao hotel. Bebia tranquilo no balcão um Uísque com gelo.
Soltei o ar desanimado ao lembrar que ainda tinha alguns assuntos na Europa e logo seria o oriente.
O oriente é rico em culturas e tem as mulheres exóticas que fazem valer a pena a viagem, mas sempre gostei mais do ar europeu, era mais frio e mais agradável.
— Um martine, por favor.
De curioso me virei para a voz feminina ao meu lado. Ali estava uma bela moça, alta, esguia... Cabelo loiro pastel.
Não gostei muito. Havia ganhado certa aversão a essa cor de cabelo.
Ela percebendo o escrutínio se virou para mim e sorriu, não sorri de volta, não senti vontade de retribuir a simpatia, apenas fiz um ligeiro aceno de cabeça em resposta.
Não podia negar que tirando o cabelo claro demais ela era mesmo linda. Os olhos azuis e grandes brilhavam com o reflexo das luzes de neon atrás das garrafas que enfeitavam as prateleiras do bar. Mas não estava a fim de flerte.
Ultimamente não estava a fim de nada além de enfiar a cara no trabalho e esse sentimento de reclusão já era antigo.
Desde minha experiência como casado e depois como corno gostava mais da solidão, salvando uns dias ou outros que conseguia manter uma mulher por um ou dois dias comigo.
De resto, elas me cansavam e logo eu queria partir, não me permitia ter nenhum tipo de sentimento por nenhuma delas.
Mulheres eram traiçoeiras e quanto mais doces e delicadas mais me dava vontade de fugir de perto.
Terminei de um só gole o resto da bebida, joguei uma nota em cima do balcão e sai indiferente aos olhos azuis ainda em cima de mim.
Não cheguei ao meio da saída quando ouvi a voz novamente, agora exaltada.
— Me larga, pare com isso Peter, me larga!
Suspirei amaldiçoando o momento, podia deixar isso de lado, nem era da minha conta, mas quando vi já estava segurando o ombro do homem.
— A moça pediu para soltá-la.
O homem se virou com os olhos injetados pela embriagues já bufando, senti o hálito de uísque barato. — Meta-se com sua vida ou quebro a sua cara.
Rilhei os dentes. — Solte a moça, já disse.
Ele a empurrou com força a fazendo bater as costas no balcão. Idiota, bêbado e machão, sempre os piores.
Ele deu dois passos em minha direção e não esperei, mandei logo um soco em seu nariz, com um palavrão ele revidou.
Não houve jeito, eu precisava de uma briga e ele também estava disposto, por fim trocamos socos e alguns chutes até que dois armários vieram e nos tiraram dali nos empurrando para fora do pub.
Segui para o carro me chutando em pensamento por me deixar levar pelo meu próprio rancor que nunca me largava, mas não adiantava precisava socar alguém, já tinha chegado ao meu limite, por isso não perdi a oportunidade.
Por mais que eu dissesse que não ligava, tinha que admitir que essa preocupação da herança estava realmente me consumindo e nada como uma briga de bar com um idiota para extravasar um pouco.
— Você está bem?
Me virei sem paciência, ali estava a moça de olhos grandes.
— Não se preocupe comigo, estou bem.
Ela sorriu sem graça, os olhos mornos e ansiosos, olhando para trás toda hora. — Obrigada por me ajudar.
Entrei no carro e antes de dar partida assenti em resposta, nunca fui de brigar, muito menos de perder a oportunidade de flertar. Entretanto ali estava eu fazendo as duas coisas de uma vez.
Por fim sai cantando os pneus ainda refletindo sobre meu comportamento. Porque diabos eu tinha comprado àquela briga? Qualquer cego teria visto que ela era uma prostituta e aquele homem com certeza era seu cafetão.
Balancei a cabeça admitindo para mim mesmo que só fiz aquilo porque aquela loira me lembrava Bia.
E somente evitei olhar para ela para não cair em tentação. Estalei a língua sentindo ódio da minha fraqueza.
Mesmo depois de tudo, aquela vagabunda era a única mulher que eu amei e não conseguia esquecê-la.
Soquei o volante com raiva. Como eu podia ainda amar um ser tão desprezível? Como que depois de tudo eu ainda tinha gravado esse sentimento no coração como se fosse uma maldita tatuagem?
Quando eu ia conseguir arrancar isso de mim para poder tocar a vida sem tanta amargura e desconfiança? Balancei a cabeça, como sempre já sabendo a resposta.
Dois anos já tinham se passado e nada de doer menos, então não adiantava ter esperanças, ia doer pelo resto da vida. Eu era mesmo um maldito fodido.
Genteee tenham calma aheuahue, Beijoooo
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Um contrato para Camille- Degustação
RomanceEle... Era só um acordo de negócios... Era só por uma maldita herança... Mas ela tinha que ser tão diferente? Ela... Era só para dar uma vida melhor aos meus filhos. Um pagamento dos sonho...