"Tempo"

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Acordo em um lugar que nunca havia visto antes. Estava em uma casa, as paredes eram todas brancas, com janelas por todos os lados. Sento na também branca cama em que estava deitada. Vejo Cateline misturando a pasta da flor de luz com agua em um frasco, o que tornava o líquido dourado. Levanto me e cambaleio até mesa em que ela está trabalnhando.
"Ainda bem que você acordou"
Diz ela com um sorriso me passando o frasco
"Isso é uma poção de cura! Aquela outra que você tinha era um lixo, então resolvi fazer uma nova!"
Olho para ela com um olhar intrigado. Então lendo minha mente ela diz.
"Estamos nas terras de Yowderon"
Olho para fora da janela e a afirmação de Cateline se confirma. Olhando para baixo não via nada além de nuvens, ouvi dizer que somente as montanhas de Yowderon eram tão altas a este ponto.
"Adrien pediu para vê-la assim que acordasse."
Volto meu olhar para ela, curiosa.
"Quem?"
Cateline solta um pequeno risinho.
"Adrien é o mago central. Assim como Hemris é o do sul!"
Explica ela me direcionando á uma das portas que haviam pela sala.
"Você sabe qual a única fera que não come carne?"
Escuto quando Cateline abre a porta.
       "É o daGRÃO!"
Diz um velho caindo na risada junto com Aalathar. Vincent parecia um pouco desconfortável em meio á toda aquela estupidez. O velho era baixonho, careca e trajava um manto branco com detalhes dourados.
"Aalis querida! Quanto tempo!"
Disse o velho se aproximando de mim e me puxando para um abraço.
"Como você está grande!"
Exclamou ele com um sorriso no rosto.
"Você não deve se lembrar de mim, claro , você ainda era muito pequena!"
"Muito pequena quando?"
Pergunto.
"Ora, quando nasceu! Eu minha querida, sou seu padrinho"
Entre todas as coisas que já me deixaram surpresas, aquela foi a que mais me surpreendeu. Não conhecia aquele homem, agora dizia que era meu padrinho.
"Claro que não te vejo faz quase vinte anos... mas isso não importa!"
Eu olho para baixo, e escorre uma lágrima pelo meu rosto. Adrien logo percebe e me puxa para um abraço.
"Pronto, pronto."
Após conseguir me recompor enxugo meu rosto com o antebraço.
"Cateline me disse que tinha algo para tratar comigo"
Sua expressão fica séria repentinamente.
"Sim, sim. Tem duas coisas uma boa e uma ruim, qual quer escutar primeiro?"
Penso um pouco antes de responder.
"A boa!"
Respondo eu.
"A boa!"
Exclama ele.
"Aqui em meu templo, tenho uma fenda temporal. Isso significa que qualquer coisa que fizer dentro da fenda, é como se tivesse ficado um mês fazendo apenas isso! Então eu queria te ensinar uma coisa!"
Concordo com a cabeça.
"E a ruim?"
Sua expressão fica séria novamente. Ele suspira e diz.
"O rei que mandou vocês matarem o líder Orc... ele é mais corrupto que presidente em dia de eleição!"
Fico confusa com esse termo.
"Como?"
Pergunta Vincent
"Nada, nada. O ponto é, ele é uma farsa. Ele os enviou para morrerem, tiveram muita sorte de sairem de lá vivos"
Agora vejo uma lágrima escorrer pelo rosto de Cateline, e envolvo meus braços em volta dela de forma protetora.
"É mentira! O rei jamais faria isso!"
Exclama Vincent.
"Quem você acha que mandou o espírito das sombras soldado? Você deve saber muito bem que só os reis contém o pergaminho para invocar um"
Vincent tenta procurar uma resposta, mas não consegue e então fica calado.
"Vocês deram mais sorte ainda, de sua amiga bruxa ter me encontrado"
Observo Allirya encolhida ao canto do cômodo.
"Então o que faremos?"
Pergunta Cateline.
"Vocês devem matar esse rei! Sabem o que aconteceu com a aldeia de Graylock?"
Ta ai uma coisa que me deixou mais surpresa do que antes. O rei e a rainha me prometeram proteção após a devastação de minha vila.
"Então... o rei e a rainha são tipo... do mal?"
Adrien balança a cabeça negativamente.
        "Apenas o rei! A rainha não tem nada a ver com tudo isso! Ela é quase como sua escrava sexual."
Me sinto um pouco mais aliviada, mas ainda assim sentia um incômodo. Gostava muito da rainha, ficava feliz por ela não estar envolvida com a destruição de minha vila. Porém não gostava da ideia de ela ser a escrava sexual do rei.
        "Mas como podemos ter certeza de que o senhor está falando a verdade?"
Diz Cateline timidamente. Adrien torna seu olhar em sua direção.
        "Ah garota, não seja tola! Eu não mentiria á vocês. Para ficarem mais tranquilos farei o juramento. Aalis passe me sua adaga."
Passo minha adaga á ele, que a usa para cortar seu antebraço.
"Juro que não recitei uma mentira desde que chegaram aqui"
Ele me devolve a adaga. limpo o sangue em minha luva e a devolvo para meu cinto.
"Bom, não morri. Então desde que chegaram aqui tudo o que falei era verdade. Vamos Aalis, querida. Á sala do tempo"

Sigo Adrien por diversas salas e múltiplos corredores. Até que chegamos á uma porta que é consideravelmente maior do que as outras e com certeza muito mais bela.
"Chegamos!"
Afirma ele abrindo a porta e me dando passagem.entro na sala e não vejo nada além de branco. O chão é inteiramente plano, e o céu é da mesma cor da neve. A única coisa no lugar é a porta por onde viemos, que não está conectada á nada, e também é branca.

         "Não há nada aqui!"
Exclamo eu.
         "Excelente percepção! Você descobriu isso sozinha?"
Responde ele ironicamente. Direciono lhe uma risada sarcástica, assim como sua resposta, e ele me devolve um sorriso.
        "Eu posso fazer aparecer qualquer coisa aqui!"
Disse ele estalando os dedos. Fazendo aparecer uma faixa preta em sua mão. Adrien me passa a faixa. Eu olho da faixa para ele, e dele, novamente para a faixa.
        "Coloque a!"
Diz ele, indicando os olhos. E obedecendo o mago, tapo meus olhos com a venda e amarro a na parte de trás de minha cabeça.
        "E agora?"
Pergunto. Escuto seus dedos estalarem novamente, então o som de alguma coisa pesada cair ao chão.
        "Á sua volta há três troncos. Em cima de cada um desses troncos há uma maçã. Acerte as maçãs!"
Uma curta e seca risada sai de minha boca.
        "Como? Não sou capaz de ver nada!"
        "Ora querida, nós dois sabemos que você é totalmente capaz de fazer isso!"

Me concentro o máximo que posso. Tiro uma flecha de minha aljava e a engato no arco. Girando no mesmo lugar mirando á minha volta, atiro uma flecha. Escuto o som da flecha acertando a maçã e por consequência caindo no chão. Um sorriso toma conta do meu rosto. Giro mais um pouco em torno de mim mesma e atiro outra flecha, agora não escutando absolutamente nada. Errei o alvo. Continuando com o mesmo processo atiro outra flecha dessa vez escutando o som da flecha se cravando na madeira.

Retiro a venda e vejo Adrien observando a flecha nã maçã caída ao chão, a flecha cravada na madeira, e a flecha que eu errei que desapareceu na branquidão da sala do tempo.
        "De novo!"
Diz o mago, e eu coloco a venda mais uma vez e engatando outra flecha em meu arco.

Fazemos o mesmo procedimento diversas vezes, e em nenhuma delas consigo acertar as três maçãs.
"Isso é ridículo!"
Afirmo enquanto arrancando a venda de meus olhos após errar a terceira maçã pela trigésima vez.
"Não estamos avançando!"
Adrien calmamente realiza um movimento com a mão indicando que eu seguisse ele. Caminhamos até a porta, a qual ele abre e me direciona para fora. Ele passa por ela e a fecha, então a abre logo em seguida me direcionando para dentro dela mais uma vez.

Os troncos e as maçãs agora já não estão mais lá.
"Coloque a venda!"
Suspiro.
"Isso não vai adiantar nada, eu não..."
Tento dizer antes de ser interrompida
"Coloque a venda!"
Diz ele. Agora com uma pitada a mais de firmeza na voz. Coloco a venda assim como pedido, escuto novamente o som dos troncos caindo ao chão branco, e as maçãs caindo acima dos troncos.
"agora são seis! Concentre se!"
Suspiro outra vez e engato a flecha no arco. Puxo a corda e começo a girar em torno de mim mesma.disparo a flecha e escuto o som da primeira maçã sendo destruída pela ponta de metal. Engato outra, ainda girando. Disparo mais uma vez e a flecha atinge seu alvo. Atiro de novo e a flecha destrói a maçã. Mais uma flecha e mais uma fruta caída. Então engato duas flechas ao mesmo tempo em meu arco e as atiro. Escuto o som das flechas cravando se nas frutas.

Desato o nó da venda com apenas um puxão. Olho á minha volta e todas as frutas estão destruídas ao chão.
"Detalhe!"
Diz Ele próximo á porta. Com um sorriso no rosto
"Elas estavam se movendo!"

O conto de AalisOnde histórias criam vida. Descubra agora