Visões de Um Sonho

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De repente eu não sabia onde estava, era tudo escuro, eu não sentia nem frio nem calor, era como o vazio. Com o passar do tempo foi como se eu estivesse caindo, mas tão lento que eu quase não pude notar, parecia que eu estava dentro da água, sem controle do meu corpo. Eu comecei a nadar desesperadamente para a superfície, mas nunca a alcançava, era agoniante estar tão impotente nessa situação. Eu desisti e fiquei parado, imóvel naquela imensidão obscura. Comecei a sentir a água se esfriando, depois ela foi se tornando gelo e logo alcançou minha perna, e quando eu notei... Eu estava com a cabeça para fora de um lago congelado, e o resto do meu corpo preso no gelo. Eu nunca senti tanto frio, era como se eu me derretesse na superfície frigida de uma bigorna congelada.

Estava tão frio que eu mal conseguia pensar, até que eu olhei para frente e vi uma montanha coberta por neve. Após alguns segundos algo no meio da montanha começou a brilhar um azul claro, eu fiquei olhando, e depois foi como se a montanha tivesse se aproximado, eu pude ver o que estava brilhando... Era o colar com o pingente de dragão da minha família. Era um dragão circulando um cristal azul. Eu consegui levantar minha mão do gelo. Estendi-a tentando alcançar o colar, porém ele ainda estava muito longe, até que eu olhei fixamente para o cristal e foi como se eu mergulhasse nele. Eu fechei os olhos por alguns instantes e quando eu os abri, eu vi uma mulher toda coberta pelo manto do clã Damckler, ela emanava uma aura roxa aterrorizante. E quando ela se virou eu pude ver olhos roxos tenebrosos... Nesse instante eu abri meus olhos e levantei do chão de madeira do meu apartamento.

Foi tudo um sonho... Nada mais. Tentei me convencer disso, mas aquele olhar me assombrava toda vez que eu fechava os olhos.

Eu vi minha perna que estava toda coberta por sangue seco, a toalha que amarrava minha perna já estava perdida. A dor era suportável, mas qualquer movimento que eu tentava fazer era retribuído com uma dor devastadora. Eu me arrastei com muito cuidado até minha mochila e peguei um punhado de salsa, uma planta com uma coloração verde pura, sussurrei "Aquarum", então a água da planta saiu e ficou flutuando acima do meu ferimento. Eu coloquei a água na ferida e comecei a recitar "Medeor Vulnus Reparare", após alguns segundos a água esverdeada começou a brilhar um verde vivo encantador. A dor começou a sumir junto com o brilho que foi ficando mais fraco. Quando o brilho sessou a dor também parou, e minha perna estava com uma pequena cicatriz.

Eu me escorei do lado da cama, movi com telecinése a adaga que usei para matar o homem de olhos vermelhos. Eu a segurei, depois fiquei olhando-a, então comecei a rir, eu estava tão feliz, uma sensação de que eu tinha cumprido meu dever, como quando você tem que fazer algo importante para alguém que você se importa, e você cumpre isso com perfeição... Essa era minha sensação, e tudo que eu podia fazer era rir, eu finalmente estava mostrando do que eu era capaz, e tudo só tinha começado.

Apreciei esse momento por algum tempo, mas logo me veio à cabeça que o clã Damckler sem duvida sabia o que havia ocorrido. Quatro de seus bruxos não tinham voltado de uma missão para matar outro bruxo... Não ia demorar muito até mandarem mais bruxos ou um que fosse de um nível mais alto. Porém eu não podia me mudar de novo, e não importa para onde eu fosse em Londres, não ia ter como me esconder dos Damckler por muito tempo.

Eu peguei os três grimórios que eu tinha e fui para o terraço de um prédio no centro de Londres, já que eu não queria ser encontrado era o melhor lugar sem pessoas para ir de manhã. Procurei até encontrar um feitiço. Li fugaz aquelas velhas páginas cobertas de conhecimento, foi minha melhor decisão, eu pensei no melhor plano de todos. Desde que eu fui para o Alaska no lugar para bruxos órfãos, eu compro e guardo objetos mágicos como pedras e ervas, para horas como essa que elas seriam uteis.

Os Olhos da VingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora