Traição

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Fujita Seiko estava sobre uma colina verdejante, cercada por belas árvores que projetavam sombras bizarras sob a luz da lua crescente. Logo a baixo, destacando-se contra o céu estrelado, uma magnífica mansão, construída nos moldes dos antigos castelos medievais japoneses, mas em menor escala. O Tengu estava agachado e imóvel. Sua magia o tornava invisível, mas quem quer que pudesse vê-lo, a despeito de sua magia, o veria em sua temível forma alada de Tengu, envergando sua magnífica espada forjada por Masamune, Yawaraka-te. Seu rosto demoníaco permanecia impassível, não demonstrando a impaciência que sentia. Esperava por alguém, que estava atrasado.

Passados alguns minutos, Tatsumaki se materializou ao lado de Fujita. O outro Tengu também estava invisível, mas sua magia de Tengu, e o fato de serem aliados. Permitia que cada um sobrepujasse a ilusão do outro. Tatsumaki também estava em sua forma demoníaca. Com grandes asas negras as costas e toda a sua pele vermelha, com nariz comprido e seu vasto bigode. Como sempre, o Tengu vestia-se com as roupas tradicionais de Yamabushi.

– Você está atrasado, disse Fujita telepaticamente.

– Demorei a conseguir a planta da construção e descobrir as defesas do lugar.

– Achei que vocês Kurama-Tengus fossem mais eficientes, acrescentou Fujita irônico.

– Se não fosse uma ordem direta de Sojobo sama eu também não estaria aqui, Fujita. Mas, já que vamos trabalhar juntos é melhor sermos profissionais.

– Quem vamos matar?

– Arashikage, ele é um Kurama-Tengu traidor. Associou-se a um bando de mafiosos, talvez esteja mancomunado com outros Youkais.

– Quais são seus poderes e habilidades?

– Ele foi meu sempai e sensei. Suas habilidades telepáticas são consideráveis e manipula com maestria o vento. Arashikage também é um excelente espadachim e mestre em Taijutsu.

– Alguma fraqueza conhecida?

– Não.

– Mostre-me a planta, temos que memoriza-la.

– Certo. Veja, o muro é bem alto e possui várias defesas mundanas. Câmeras, alarmes, sensores de movimento e uma cerca eletrificada.

– Tudo isso é inútil contra nós. O portão possui algum vigia?

– Sei o que você está planejando, Fujita san, mas não vamos conseguir nos infiltrar. O portão, bem como o muro, cada uma das portas e janelas possui um poderoso selamento que bloqueia a entrada de espíritos malignos.

– Não somos espíritos malignos, não custa tentar.

– Fujita san, você já matou mais gente que o câncer. Acho que você se enquadra no tipo de Kami que essa magia espanta.

– Eles têm guardas? Cães?

– Pode apostar que sim.

– Muito bem. Não quero mortes desnecessárias, vamos fazer um serviço limpo. Entramos, eliminamos o alvo e saímos.

– Certo.

– Vamos sobrevoar a propriedade, assim escapamos do efeito do encanto, pousamos no telhado e entramos por ali, basta nos metamorfosearmos em camundongos ou algo do tipo. Quando encontramos o alvo você o distrai com seu truque mental e eu o mato.

– Bom plano. Já memorizou a planta?

– Sim, pode se desfazer dela.

Tatsumaki fez a planta sumir magicamente e, em seguida, os dois levantaram vôo. Ambos voaram muita acima da mansão, que mais parecia um ponto distante logo abaixo. Com precisão, mergulharam e pousaram sobre o telhado. Na forma de camundongos, os Tengus penetraram pelas frestas do teto e agilmente correram por caibros, pelo forro e pelo interior das paredes até que adentraram a casa. Movendo-se silenciosamente com passos shinobi e invisíveis eles caminharam até a biblioteca, sem chamar a atenção de nenhum dos muitos guardas ou empregados. Postados a entrada da biblioteca estavam dois capangas armados com submetralhadoras e com comunicadores discretos em suas orelhas.

A Batalha dos Tengu - ObakemonoOnde histórias criam vida. Descubra agora