51,6% iluminada

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Estavam o mar e a lua se olhando pela centésima vez desde que começaram a contar os segundos. Eles se amavam e agora tinham certeza disso. Mas agora estavam em outra etapa do romance. Decidiram tirar a madrugada para admoestar um ao outro.

– Lua, tu és ingênua demais. Deves prestar atenção no mundo afora. Vives no universo e és tão distraída...

– E tu és barulhento demais. Não aguentas ficar um dia sem essas ondas enormes. E isso te faz ainda mais ranzinza.

– Eu não acho que seja ranzinza. Mas tu não aguentas ouvir críticas.

A lua ficou chateada, muito triste mesmo. Não sabia o que dizer. Ser repreendida daquela maneira era tão injusto! De repente, ficou apreensiva. Ela e o mar, de tanto se observarem, estavam começando a ver os defeitos um do outro. Teve medo de perdê-lo. O que faria?

O mar, entretanto, pensou melhor. Viu que não era bem assim. Não era culpa dela viver no mundo da lua. Ela apenas era assim, simplesmente, e ele sabia que podia muito bem viver feliz com isso.

– Desculpa, Lua. Fui rude.

A lua então compreendeu.

– Não. Se me amas mesmo com meus defeitos, está tudo bem.

– Então está tudo perfeito.

Lu(amar)Onde histórias criam vida. Descubra agora