Estavam o mar e a lua se olhando pela centésima vez desde que começaram a contar os segundos. Eles se amavam e agora tinham certeza disso. Mas agora estavam em outra etapa do romance. Decidiram tirar a madrugada para admoestar um ao outro.
– Lua, tu és ingênua demais. Deves prestar atenção no mundo afora. Vives no universo e és tão distraída...
– E tu és barulhento demais. Não aguentas ficar um dia sem essas ondas enormes. E isso te faz ainda mais ranzinza.
– Eu não acho que seja ranzinza. Mas tu não aguentas ouvir críticas.
A lua ficou chateada, muito triste mesmo. Não sabia o que dizer. Ser repreendida daquela maneira era tão injusto! De repente, ficou apreensiva. Ela e o mar, de tanto se observarem, estavam começando a ver os defeitos um do outro. Teve medo de perdê-lo. O que faria?
O mar, entretanto, pensou melhor. Viu que não era bem assim. Não era culpa dela viver no mundo da lua. Ela apenas era assim, simplesmente, e ele sabia que podia muito bem viver feliz com isso.
– Desculpa, Lua. Fui rude.
A lua então compreendeu.
– Não. Se me amas mesmo com meus defeitos, está tudo bem.
– Então está tudo perfeito.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Lu(amar)
PoetrySobre quando a lua e o mar resolveram conversar sobre as coisas do mundo e acabaram por se apaixonar.