Capítulo 9

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Olá gente, perdão de verdade pela demora, acontece que a vida tá difícil viu. Mas bom capítulo pra todo mundo, e beijinhos.

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As notícias, como esperados não foram as melhores. Minha mãe me mandou 3 mensagens, dizendo apenas tres coisinha básicas: "Giovana, recebi uma proposta de emprego em Manaus, e é irrecusável"
"Vou me mudar pra lá em 2 semanas"
"Você vai ficar com seus tios pelos próximos 5 anos (ou mais), e não poderá passar seus fins de semana e suas férias em SP"

Ah que felicidade. Eu não tô crendo nisso. Não vou mais poder ver Thiago, Thaís, Gabriel e nem Júlia. Vou ter que literalmente morar no Rio permanentemente. E eu tenho alguma escolha? Não, não tenho nenhuma. Obrigada de verdade mãe, por decidir minha vida sem eu nem poder dar palpite.

Coloco minha playlist auta no meu quarto, e imagino que os vizinhos também possam escuta-la. Mas nem por isso vou tirar, não sou obrigada a nada.

Com a minha perna ainda dolorida, a mente voando entre meus amigos que agora estão tão longe e a raiva que comecei a nutrir dessa cidade, caio no sono, e esporadicamente acordo com os gritos dos meus primos pedindo pra eu tirar aquelas musicas. Não Matheus, não Guilherme, não Desconhecido. Este é o meu momento, está é a minha música, este é meu novo quarto. Acostumem-se.

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Acordo 11:00 da manhã, e me lembro que hoje é meu último dia livre. Meu último dia fora da prisão. Me lembro de outra coisa também: ainda não fui para a praia.

Pego meus pertences, coloco um biquíni, pego uma garrafa de um litro de suco e uma maçã, e saio de casa. Sem falar com ninguém, porém sendo acompanhada pelo olhar de Guilherme e do Desconhecido, que estão no sofá, vou até a porta e pego a chave que estava lá, sendo que nem sei de quem é. Ontem, quando fui ver no Maps as redondezas da casa, consegui achar um caminho simples até a praia, e decorei ele rapidinho.

Vou caminhando sozinha por uma rua deserta, onde os únicos barulhos são de carros que estão numa avenida a minha frente, porem ainda um pouco longe. Ao chegar na avenida, já vejo a praia, o mar e tudo mais. O sol ilumina todo o Rio de Janeiro, e ilumina o mar também, que reflete a luz e se torna verde com ondinhas brancas, carregando consigo tudo o que já depositado lá: não coisas palpáveis, mas emoções. Hoje nele, vou depositar minha felicidade por encontra o único lugar onde posso realmente ficar feliz sem estar sendo "vigiada" por três homens ou sem ficar contendo minha raiva por minha mãe.

Deixo minha canga e minha bolsa em uma espécie de quiosque que tem vários armários, e que você pega sua chave e pode aproveitar o quanto quiser por 5 reais. amarrei minha chave em meu pulso, usando a cordinha que foi feita para pendurar em seu pescoço para faz um nó.

Entro na água, e fico lá por vários e vários minutos, acho que quase uma hora para ser mais específica, até quase morrer do coração.

Alguém chega a coloca suas mãos em meus ombros, quase me matando de susto, causando uma reação automática de meu corpo, virando e dando um chute nas partes baixas de alguém. Quando a pessoa cai na água, com uma careta bem feia no rosto, me dou conta de que era Matheus. Caralho, tá querendo me matar é?

– Porra garota, assim eu não tenho mais filhos. – fala ele entre gemidos de dor.

–Ah, você chega por trás de mim e põem a mão no meu ombro, quer o que?

– Tá bom, não foi uma atitude sábia, mas não precisava fazer isso né! – já estava se recuperando, levantando e diminuindo a careta.

– Nunca mais faz isso, que nunca mais vai perder os filhos. Mas o que você tá fazendo aqui?

– To na praia desde as 10:00 da manhã, e te vi, então vim aqui. Aliás, um amigo meu que tá comigo tava de olho em você.

– Manda ele tirar o olho então, não sou exposição pra criança ficar olhando. Você pode voltar lá com seus amigos e me deixar sozinha aqui, como você viu e sentiu eu sei me virar muito bem sozinha, então tchau, deixa eu aproveitar minha praia. – Disse já empurrando ele dali.

–Você sabe da limpeza? – ele era muito resistentes no quesito "não me empurre", e muito pesado também, então parei de empurrar ele e só olhei pra ele sem entender – Todo último dia de férias, entes de voltarmos pro internato fazemos uma limpeza geral na casa. Sabe, o tipo de limpeza que vai a ter-se inteira.

– Eu não moro naquela casa, não preciso limpar nada.

– Tô te avisando, se meu irmão souber que você está na praia durante a tarde da limpeza, é capaz dele vir te buscar aqui. Aliás, já são 10 para meio dia. – Deduziu ele ao olhar pro seu relógio a prova d'água.

Eu que não ia ir pra casa aquela hora pra limpar tudo. Não, obrigada, estou bem feliz aqui.

– Que parte do "volta para os seus amiguinhos" você não entendeu? TCHAUU MATHEUS – disse ameaçando dar outro chute nele, que finalmente foi embora.

Fiquei mais meia hora na água, até que ouvi alguém gritando meu nome. Olhei pra trás e vi Matheus, indo embora com mais dois meninos, e fazendo sinal pra mim ir. Caralho, menino chato mano. Sai do mar, porem ao contrário do que ele pensava que eu iria fazer, fui até meu armário no quiosque, peguei minha canga e minha maçã e me sentei na areia, esperando que ele desistisse de me levar pra casa. Mas ele era persistente demais.

– Ou, vão indo que jaja eu vou – falou para os seus amigos enquanto se sentava do meu lado.

Não falei nada pra ele, continuei apenas comendo minha maçã, enquanto ele ficava me olhando com cara de pai bravo com a filha. E como eu sou uma filha bem teimosa, terminei de comer minha maçã e já estava voltando pro mar, mas ele foi mais rápido e segurou meu braço.

– O menina, entende um negócio: se você tá morando com a gente, tem que seguir as nossas regras, e não se fazer de "adolescente rebelde" com música alta à noite e nem com frescura pra ir pra casa, entendeu?

– Ah pelo amor né Matheus, tá querendo dar lição de moral agora? Da licença, você nem meu parente direito é, tá querendo falar o que? Por acaso foi você quem se mudou pra ir pra um lugar desconhecido, pra entrar em um presídio a semana toda, sendo que agora não pode nem ir pra casa? Não, não foi você, agora me larga que a hora que eu quiser vou pra sua casa, como você bem disse.

Ele ficou me olhando com cara de pasmo, e acho que entendeu o recado, que eu estava odiando aquilo tudo e que por mais que parecesse, ele não era nada meu, no máximo tinha um pouquinho do meu sangue. Afinal, ele nem sabia o que estava acontecendo.

Mal eu sabia o que iria acontecer agora, aqui no Rio com esse internato e com esses primos.

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