Why'd You Only Call Me When You're High || ProjetoAM

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— Com isso, a aula está encerrada. E espero que vocês estejam lembrando daquele projeto surpresa do qual eu avisei! Já terminei de planejá-lo!

Levanto os olhos das minhas anotações para o Sr. Kovel, que está animado e andando de um lado ao outro. Há mais de três meses ele fala desse tal projeto surpresa, a minha turma de fotografia estava tão curiosa que ficavam fazendo especulações e pedindo dicas, porém ninguém conseguiu acertar. Meu professor para no centro da sala e olha para nós, sorrindo antes de continuar.

— Sei que estavam se mordendo de curiosidade, por isso não vou prolongar mais a espera. A propósito, vocês já leram o livro que...

Nós jogamos bolinhas de papel nele, o impedindo de continuar a enrolação.

— Tá certo! É o seguinte. Quero que criem uma coleção de fotos. Mas, não uma coleção desconexa e avulsa de fotos que não se completam. Quero que me contem uma história, quero algo polêmico! — Ele bate na mesa, espantando a todos. — Entenderam! Alguma pergunta?

— Sr. Kovel, qual o prazo que temos para concluir o trabalho? Há uma quantidade mínima de fotos?

Olho para o lado, Asuna arruma os cabelos impecáveis e negros enquanto espera a resposta. Ela é tão irritantemente perfeita que me dá náusea. Mas tenho quase certeza que ela fez alguma cirurgia, pois seus olhos eram mais puxados quando éramos crianças, deixando sua aparência mais parecida com a descendência oriental que ela possui. Reviro os olhos e volto minha atenção para o meu professor antes que ela perceba.

— Boa pergunta, Asuna. Eu darei o prazo de três meses. E fica a critério a quantidade de imagens, mas pelo menos mais que três né galera! Sem preguiça. Quero ver como estão as suas habilidades.

O sinal irritante, porém querido, indica o fim das aulas. Jogo tudo na mochila e saio da sala. O projeto "História Polêmica", como apelidei o trabalho de campo do Sr. Kovel, me deixou muito animada. Já até sei sobre o que farei. Preciso encontrar logo com Phillip e contar a minha ideia.

— Quero até ver o que a Indianna Banana vai aprontar!

Ignore. Respira e não se vira. Eu odeio que me chamem de Indianna Banana. Esse apelido, e Asuna, é herança que eu trouxe desde o pré. A primeira vez que ela me chamou assim foi quando eu pedi a professora algo para comer porque tinha esquecido o lanche em casa, e ela me deu uma banana. Asuna disse que eu era uma macaca, e o apelido pegou. Mas hoje só ela me chama assim.

— Você ao menos tem uma câmera decente, Indianna?

— Isso não lhe diz respeito, Asuna. Se eu tenho ou não é problema meu. — Viro-me e dou meu melhor sorriso de falsa. — Aliás, porque você não faz um trabalho sobre você, já que é a polêmica encarnada. Espera, será muito complicado, as fotos precisarão de muito retoque e filtro para ninguém se assustar.

Não consigo ouvir a resposta, já que sou tirada de lá a força por Phillip. Ele murmura algo que não compreendo e só para de andar quando estamos bem longe da porta principal da faculdade.

— Quantas vezes eu tenho que te pedir para deixar aquela piranha falando sozinha, Indie!

— Ai, tá bom. Nossa, desculpe pai!

Seus olhos estão cerrados em desaprovação, faço biquinho e carinha de inocente para ele me deixar em paz. Fico feliz por ele não me resistir, porque não passa nem um minuto e já está sorrindo. Phillip coloca o braço em meus ombros e caminhamos na direção de casa.

— Já sei qual será o tal projeto surpresa que o Sr. Kovel tanto falava. — Ele me olha curioso por baixo dos cabelos grandes. — Ele quer que façamos uma coleção de fotos, onde cada uma se conecta e conta uma história. Sobre um tema polêmico.