O mundo dele estava pintado de preto, ou melhor, o mundo dele se transformou num quarto totalmente negro, a não ser por um quadro central na parede, em que estava pintado a sua morte: o ex-melhor amigo e a garota de seus sonhos se beijando.
Ele quis tirar satisfação com o rapaz, "coisa assim não se faz", ele dizia, e ouvia "eu só quero paz, me prendi muito por você, mas agora tanto faz." Ele se perguntava como alguém poderia ser tão sem coração e não procurava ouvir a voz da razão, só conseguia esmurrar a cara do rapaz em questão.
"Você não tem vergonha?" A menina perguntava, e ele, sem resposta, continuava, sem parar, sem pensar. Foi preciso a força de muitos para tirá-lo de lá. Nunca mais olhar na cara dela, ela quis fazê-lo jurar, e ele não o fez, sabendo da impossibilidade do pedido.
Ele rastejou na direção dela, pela primeira vez literalmente, e ela o rejeitou, não queria mais saber dele, mesmo não se arrependendo de já ter sido amiga e andado com ele. "Passado é passado", ela dizia. E ele mal pôde estar presente sequer no passado.