Pretérito - Parte 1 (DEGUSTAÇÃO)

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A lua se faz de rogada ao iluminar o pátio de uma fazenda em Portugal, onde um senhor de engenho emite ordens aos capatazes, para que açoitem um dos negros da senzala, o mais forte deles. Zumé se encontra de joelhos, descalço, sem camisa, vestido apenas com uma calça caqui, suja, segurada por um cinto de barbantes entrelaçados. A sua volta, os cinco capatazes, a sua frente, o feitor, ao fundo, os demais escravos, nas jaulas, choram, gemem por piedade, pois sabem que não serão nada clementes dessa vez.

— Se não se calarem, surrem todos até a morte. — Ordena, furioso, o senhor do engenho.

Zumé olha para os companheiros, que imediatamente param com as lágrimas e os gemidos, respeitam-no.

O senhor ordena em alto e bom som que o coloquem no tronco.

As estrelas giram, o ar se inflama e sem demora Zumé é arrastado pelos capatazes. Estão todos mudos, então porque tantas vozes gritam? O negro é acorrentado ao tronco, tem os joelhos machucados, o sangue escorre em desalinho. As aves noturnas se agitam, causando sombras na terra, claustrofobiando a mente. Os capatazes riem e caçoam dele.

— 

O loiro leva as mãos aos olhos e a voz retumba nas paredes de seu quarto, disparando ainda mais as batidas de seu coração, causando calafrios.

— Claro que ficaremos assistindo o espetáculo. Você não?


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DUAL - 3ª EDIÇÃO


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