3. "Diagnóstico"

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"Aquele que tememos venha a ser o nosso último dia é, na verdade, o nascimento da eternidade."

Outubro 16 – Camila Cabello
Paciente com sintomas de ansiedade e depressão.
Tristeza intensa, perda de peso, sensação de perda, episódios de suicídio, insegurança, episódios de pânico, tensão e medo.
Paciente necessitada de vigilância.

O papel da paciente era bastante claro, todo o diagnóstico que lhe tiveram feito batia certo com tudo o que Lauren tinha visto de Camila neste mês de internamento. Lauren deixou um suspiro esgueirar-se pelos lábios secos e gretados. Guardou o papel do diagnóstico dentro da sua gaveta, trancando-a e depois saiu do consultório, tentaria uma vez mais fazer algo produtivo com a sua única paciente. Tanta coisa havia mudado depois de Camila ter entrado na ala, que Lauren deixara todos os seus pacientes para se dedicar exclusivamente a Camila, por ordem da direção. Empurrou a porta de metal, entrando no quarto de Camila, um forte sentimento de culpa invadiu o corpo da médica ao ver a rapariga imóvel e magra daquela maneira. Camila no ultimo mês recusara todas as atividades que Lauren pensava serem produtivas, recusava-se a sair do quarto, saia para as refeições, puxada pelos seguranças. A cada dia que passava tornava-se mais habitual as injeções de tranquilizantes.

"Camila." Lauren proferiu firme após limpar a garganta. "Precisamos de conversar e não me interessa se o que queres é não me teres como tua médica, e se não me queres aqui. O resultado dos teus exames chegaram, já tenho o teu diagnóstico. E não é algo bom." Ela falou com calma, observando o quarto arrumado de Camila, tão arrumado que não parecia estar hospedado. Camila era uma rapariga que vivia na confusão e só arrumava o seu quarto quando realmente era necessário ou recebia visitas em casa. Lauren sabia que Camila tinha perdido a vontade de viver , mas do que dependesse dela, os ansiolíticos iriam acabar e ela ia fazer com que Camila tivesse novamente vontade de viver e motivos para sorrir. Suspirou após uns minutos de silêncio, esperando uma resposta. "Ansiedade e depressão." Estremeceu. "Preciso que me deixes ajudar-te, não vais conseguir passar por isto sozinha e acho sinceramente que sou a única pessoa nesta clínica com à vontade em pessoas com o teu diagnóstico."

"Eu não quero sair daqui, Lauren." Ela proferiu baixo, olhando a parede do quarto, ajeitando o seu corpo na cama, passando a unha pelas lascas de tinta da parede. "Não tenho vontade de fazer nada."

"Onde está a Camila que eu conheci? A Camila das piadas que ninguém entendia, a dos sorrisos, a Camila da boa disposição, a Camila que tinha sempre um sorriso para os contratempos que a vida lhe trazia, a Camila que lutava contra todos os obstáculos?" Lauren sentou-se na cama, passando a sua mão no fino braço de Camila. "Vais deixar-me ajudar-te? O que tens tido não é apenas crise de ansiedade, Camila. Já tiveste isto ant..."

"Eu deixo..." Ela acabou por falar interrompendo a outra rapariga que falava coisas aleatórias para a tentar persuadir.

"Vais mesmo?" Ela perguntou deixando escapar um pequeno sorriso, poderia confessar que nada lhe daria mais prazer e felicidade do que cuidar de Camila.

"Agora eu vou deixar-te descansar. Amanhã estou de folga, mas quando eu voltar iremos começar com as consultas e com a medicação a sério." Lauren proferiu, tapando a janela que deixava alguma luminosidade entrar no quarto, começava a amanhecer e os raios de sol começavam a dar de si.

"Lauren?" Camila chamou baixo, puxando a atenção da rapariga de olhos verdes. Aqueles olhos verdes focados em Camila, podia jurar que uma vez mais o seu coração havia parado. "Podes deitar-te comigo...?" Ela perguntou num tom mais baixo do que o anterior, com algum receio, mordiscando o interior da sua bochecha, esperando uma negação da parte da outra.

Surpresa a sua quando Lauren se aninha a seu lado, aconchegando-a contra o seu corpo, depois de fechar e trancar a porta. Talvez esta seria a primeira madrugada que Camila conseguiria dormir, talvez a partir de hoje as coisas fossem mais fáceis. Lauren murmurava baixo algumas cantigas que ela sabia que acalmavam a rapariga magra, que se encontrava nos seus braços.
Observou Camila fechar os olhos cada vez mais lentamente o que a fez sorrir, calando-se assim que a rapariga fechou por completo os olhos, tapando então o seu corpo com a manta da cama, o corpo da rapariga estava deveras gelado e com um mau aspeto intensivo, devido à falta de cuidados que Camila teria consigo própria.

Psychotic •Camren• [HIATUS]Onde histórias criam vida. Descubra agora