Psychotic •Camren• [HIATUS]

5. "Squeeze."

"A única razão para a existência do tempo é que impede que todas as coisas aconteçam em simultâneo."

"Sim Camila?" Ela perguntou curiosa, vendo a latina apenas abanar a sua cabeça.

"Obrigada..." Agradeceu baixo, deixando as seus dedos descerem pelos seus joelhos nus, pois a rapariga retirara as calças para dormir.

Jauregui sorriu e assentiu. "Tudo bem!" Proferiu saindo do quarto, deixando a latina sentada na cama com um pequeno e despercebido sorriso no rosto.

Camila esperou ansiosa o abrir da porta, para ver aqueles olhos verdes sobre os castanhos dela, sentir a brisa com o cheiro do seu perfume entrar no quarto.

"Então...?" Os olhos verdes entraram no pequeno cubículo de Camila, arrancado-lhe um sorriso depois de levantar o olhar e a observar. "Não queres mesmo sair?" Ela proferiu, tapando melhor a janela com os cortinados, para continuar um ambiente escuro.

"Não..." Ela sorriu, deixando o seu corpo escorregar e deitou-se na cama. "Foi a primeira noite em que dormi alguma coisa de jeito desde que cheguei..." A latina proferiu enquanto os seus dedos passavam pela parede. "Aliás... Desde há muitos meses." Confessou.

"Sem problema então. Devem estar quase a vir entregar-te o comer, por isso vou deixar-te aqui um comprimido." Retirou um embalagem com um único comprimido do bolso. "Não te quero dar muitos comprimidos, por isso, escolhi apenas o que achei necessário. Terás de tomar três por dia e são todos diferentes. Este que vais tomar agora é para a depressão." Pousou o comprimido na pequena mesa perto da cama.

"No final desta noite, quando estava escuro, olhaste para mim e o que é que pensaste?" A latina perguntou, pelo olhar parecia já estar a tentar fazer esta pergunta há algum tempo. "Viste a Camila que costumavas conhecer ou apenas mais um monstro?" Ela voltou a ganhar coragem, com uma expressão de que talvez não quisesse saber a resposta, ou tivesse medo da mesma.

"Eu vi a Camz que eu costumava conhecer. Não és nenhum monstro Camila, e se o achas estás a ser realmente inconsciente. Ajudaste-me mais do que alguma vez eu te poderei ajudar, e estou-te eternamente grata por isso."

"Lembraste quando nos deitávamos quase de madrugada? Por estarmos a ver filmes e a contar anedotas? Lembraste quando me dizias todas as palavras que eu queria ouvir?" Ela suspirou baixo, sentindo a sua médica abraçar o seu corpo, depois de se deitar a seu lado. "Deste-me o teu coração, e eu não soube como lidar, não soube como vivê-lo e aproveita-lo... desculpa por te ter feito sofrer." A latina falava em tons cada vez mais baixos, acariciando a mão de Lauren que estava pousada na sua barriga.

"De todas as noites em que eu te dava o meu casaco por seres sempre uma friorenta e estares sempre a bater os dentes." Lauren riu baixinho.

"Agora outra pessoa tem o teu coração e espero que ela trate bem do que eu não consegui, em tempos, cuidar." A latina falou como se não estivesse a ouvir a médica.

"Quando tu colocavas os teus braços em volta de mim e me apertavas? Camila, quando estávamos tão perto, a dar calor uma há outra, presas num abraço? Era o lugar do mundo, onde eu me sentia mais segura." A médica proferiu, sentido os braços de Camila apertarem-na contra si. "Esta noite enquanto dormias, apertaste-me... e foi um choque tão grande porque voltei a sentir-me segura dentro do teu abraço, com o meu corpo junto do teu... Eras a única que me salvava com um abraço, era a única que sabia como salvar-me, e sabias que ao me apertares contra ti, tinhas o trabalho feito." Lauren falava, acariciando as costas da morena. "E é tão bom poder estar contigo novamente, Camila. Mesmo que não nas melhores circunstâncias, eu julguei que nunca mais te iria ver..." Ela falou, esperando uma resposta da morena. Suspirou ao não ouvir nem a sua respiração. "Eu não vou deixar-te. Não agora, não agora que me deixaste ajudar-te. E eu sei que tudo vai melhorar." Ela sorriu, beijando suavemente o ombro da mais baixa.