Capítulo 3

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Após a escola, cheguei em casa eufórica e contei a Emma a novidade do meu primeiro dia, porém sua reação não foi a que eu esperava, seu rosto virou uma máscara indecifrável e ela ficou em silêncio, um profundo e tortuoso silêncio.

- Como é o nome de seu professor Parva? - Ele perguntou de forma cautelosa.

- Lucian!

- O nome todo é Akeylla - sua voz havia ficado apreensiva e com uma urgência estranha e irracional - menina fale.

- Eu não sei, ele não falou, eu acho - olhei fundo nos olhos dela, ela estava com sua desengonçada roupa de empregada novamente. - Por que esse desespero todo, Emma? - seu olhar se suavizou.

- Minha pequena, qualquer velho professor que queira levar minha menina preciosa para o meio do mato merece meu completo desespero, pequenina - ela sorriu e eu retribui o afeto estampado em seu rosto.

No dia seguinte, quando eu estava na aula do professor Lucian, fui pega me surpreendendo em como ele podia ser elegante e ao mesmo tempo interessante, pois quando um professor tem tal beleza, eu não consigo prestar atenção em nada que sai da boca dele, só como ela se mexe. Fiquei dividida entre ver a turma de atletas suados correndo embaixo de minha janela e ouvir os planos dele para nossas aulas em campo.
Foi quando aconteceu, durou um milésimo de segundo, eu vi meu professor de estudos humanos sem camiseta, com o peitoral definido e suado, seus cabelos soltos em volta de seus ombros, uma tanga de pele que ficava um pouco acima do joelho suja de sangue, seus olhos ferozes como os de um animal selvagem teriam me matado do coração, suas mãos tinham uma grande lança, mãos essas que estavam cobertas de sangue. Quando pisquei, o velho professor elegante estava em frente à minha cadeira muito próximo mesmo do meu rosto. Joguei-me para trás e minha cadeira quase virou, mas duas enormes mãos cor de bronze a seguraram. Ele a segurará. Ele estava olhando para mim fixamente, seus lábios se mexiam, seu olhar era meio preocupado, meio divertido, quando finalmente saí do meu transe e juro que foi a primeira vez que entrei em um que me manteve com uma cara de idiota.

- Perdão, o que o senhor disse - falei desorientada, ainda me inclinando para trás, ele continuava perto de mim.

- Que minha aula acabe e você pode ir para o refeitório antes de suas próximas aulas começarem.

- Céus, já acabou? fiquei tão perdida em pensamentos - tentei levantar, mas ele estava em minha frente, inclinado em minha direção e quase que nossos lábios se tocam. Meu rosto corou violentamente com a ideia de beijá-lo e ainda o lembra de minha visão do paraíso sangrento, quer dizer, de meu professor seminu e ensanguentado. - Professor... o senhor...

- Não se preocupe, criança - ele olhou-me e sorriu - você não é a primeira adolescente a ficar atraída por mim, não se sinta envergonhada, isso é normal, você vai se acostumar. - seu rosto se aproximou um pouco mais do meu e ele sorriu.

Meu queixo caiu, como aquele homem poderia supor que eu..... mas eu estava, mas ele não pode.... esquece. Droga.

- O que faz você supor que estou atraída por você? - olhei ele furiosamente.

Simples, o seu olhar perdido em minha direção, seu coração disparado, suas mãos suadas, você mordeu o lábio inferior e sua respiração descompassada. Quer mais?

- Faça-me o favor, ne,? Deixe-me sair daqui antes que o teto desabe sobre nossas cabeças, porque seu ego não vai caber aqui dentro de tão grande que é.

- AH ? - o empurrei e me levantei. Ia saindo, mas ele me segurou com força e me puxou, fazendo meu corpo bater contra o seu, olhei para ele furiosa. - Vi pequenina.

- Solte-me agora - Quase gritei, me sentia enojada e revoltada e principalmente envergonhada por tudo, por seu toque, seu cheiro de grama, suas mãos quentes. Eu não estava aguentando, eu queria que ele me soltasse, eu precisava que ele me soltasse, sentia minha respiração descompassada e meu rosto queimar. Quando percebi, havia gritado um "Agora". Ele soltou-me de uma vez e recuou, seu rosto demonstrava espanto e surpresa, percebi que ele me soltou a contra gosto, provavelmente com medo de que eu o denunciasse.

- Algum problema aqui? - um rapaz estava encostado no batente da porta encarando o professor, era alto, de olhos verdes e cabelos louros, tinha um semblante sério e ameaçador. Lucian se endireitou, fechando as mãos em punho enquanto olhavam um para o outro. O clima havia ficado assustador, pareciam que iam pular um no pescoço do outro, aquilo tudo era enlouquecedor, estava tirando meu ar, tudo estava girando, era sufocante, a pressão era apavorante. Eu só queria ir embora, só queria correr, só queria sumir.

- Foda-se - sai quase correndo, o rapaz estava na porta, me olhou e sorriu, apenas rosnei para ele e o empurrei e sai, esses dois que se fodessem, se matassem, se era o que queriam, então apenas segui sem olhar para o rapaz ou para meu professor, mas senti grandes órbitas verdes de água me encarando e tenho certeza de que aqueles olhos me seguiram até o fim do corredor e depois, corri, corri até chegar em minha casa, o ar cortante da noite não me incomodou, na verdade, senti uma liberdade que jamais imaginei, por mim eu correria para sempre, mas então vi a porta de minha casa e a sensação de estar sendo sufocada voltou.

- Akeylla, aconteceu algo ? - Emma desceu as escadas me olhando preocupada, seus olhos verdes emitindo uma compaixão que partia meu coração.

- Só tive um longo dia, passei mal e não pude ficar para o resto das aulas, quero deitar tudo bem - antes dela responder, subi correndo as escadas até chegar em meu quarto e tranquei a porta, fui para o banheiro e liguei a torneira da banheira, queria me esconder, não sabia o motivo, mas sentia que precisava fugir e me esconder, era quase instintivo.

Peeira - A Fada do Lobo (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora