Capítulo 2

282 31 1
                                    



- Bom dia, crianças, sou Lucas, seu novo professor.

Todos ficaram calados o olhando, ele era alto, forte e Moreno, tinha cabelos negros, os mais negros que eu já havia visto na vida, e olhos cinzas quase metálicos que me lembravam um dia de tempestade, não me surpreenderia se eu ouvisse raios e trovoes. Ele vestia roupas formais, uma calça bege social e uma camisa de mangas preta que ficava perfeita em seu corpo escultural, não conseguia entender como uma roupa de tiozão ficava tão perfeita em alguém. Okay, era alguém que parecia ter sido talhado em carvalho bruto, ainda assim era assustador ficar tão encantada por um professor. O lado bom era que eu não era a única encantada, todos os outros, tanto meninos quanto meninas, o olhavam de boca aberta.

- Serei seu professor de humanas, uma matéria nova posta pelos sócios do Colégio para vocês aprenderem mais sobre os povos nativos da nossa ilha.

- Eu gostaria de estudar humanos com ele, melhor, gostaria de estudar aquele humano - Carol sussurrou para mim, me fazendo rir. Nossa sorte é que não éramos as únicas sussurrando.

- Bem, no final do semestre teremos uma prova de três folhas e uma redação sobre tudo que vimos e aprendemos - ele olhou a sala e quando seus olhos chegaram em mim eles se demoraram um pouco, uma forte dor de cabeça me atingiu e quando o olhei ele já não me olhava mais e prosseguia com seu discurso, minha dor de cabeça diminuiu ate já não sentir mais - nosso primeiro assunto de humanas vai ser estudar os humanos que praticamente foram esquecidos, vamos estudar seus costumes e crenças, seu modo de viver e depois vocês vão me dizer o porque eles são excluídos Há uma tribo de indígenas na região sul de nossa ilha, vamos passar alguns meses estudando eles, mas como hoje e o primeiro dia de aula, podem se considerar liberados - todos o s alunos o aplaudiram - dessa aula. a e por favor, levem esse formulário para ser assinado por seu pai ou responsável por favor.

- Professor , ergui a mão meio sem graça com toda a situação, pois todos olharam para mim meio surpresos. Odiava chamar atenção. - Minha responsável foi viajar essa manhã, ela vai ficar fora da ilha por um tempo.

- Hum - ele passou a mão no queixo enquanto distribuía os formulários - Você não tem nem um outro responsável, senhorita. - ele andou até sua mesa olhando os papeis.

- Akeylla - disse e sorriu de leve - só tenho a governanta da casa, ela que está responsável por mim.

- A Akeylla tem uma baba - um rapaz no fundo gritou e eu quis me afundar na cadeira e enfiar a cabeça no chão.

- Akeylla Holly Heather - ele sorriu um pouco olhando os papéis e depois me olhou sorrindo ainda mais, seus dentes eram brancos com caninos levemente salientes - tem um nome grande... Holly Heather, duas flores, ambas significam força e proteção e sorte, e um lindo nome, senhorita. Tudo bem, a governanta pode assinar por você, por todos vocês, ok ? Se seus pais não estiverem disponíveis, não quero saber de desculpas no fim do semestre já que essa excursão vai render para todo o ano, então quem não for pode se considerar reprovado.

todos soltaram um grande suspiro de desaprovação, após sair da sala, Carol e eu andamos pela quadra e observamos os meninos jogando futebol, não era algo que eu gostava, mas Carol era meio tarada por atletas, sério, quer fazer ela se apaixonar, e só começar a jogar qualquer coisa. Não que ela fizesse alguma coisa, minha amiga era quase tão virgem quanto eu, ela só sofria de uma grave doença chamada momentos platônicos.

- Não acredito que esse professor quer me enfiar em uma mata suja e cheia de bichos e suja e...

- Deixa eu adivinhar, suja? - Carol fez uma careta de desaprovação, ela sempre odiou qualquer coisa pequena e que não seja asfaltada e desinfetada - mas você não acha excitante? Vamos pesquisar tribos a que ninguém teve acesso por anos, essa tribo sempre foi afastada, poucas pessoas sabem como eles são, os únicos que tiveram acesso a eles foi a prefeitura, sabe, para eles não destruírem nossa pequena e pacata cidade de burgueses e filhos de uma mãe muito chata.

-se por excitante, quer dizer, nojento? Sim, eu acho nojento - ela pegou meu rosto e virou para a quadra - está vendo aqueles garotos suados e cheios de esteroides e hormônios à flor da pele? Aquilo sim é excitante, não se embrenha na mata, com um homem super gato... sozinhos...

Ela olhou para a quadra e parecia pensar, logo seu rosto se iluminou e tenho certeza de que um certo professor está na mente dela. Minha amiga é tão inteligente, mas pode ser tão idiota às vezes. Passei meu braço em volta dos ombros dela e a afastei da quadra antes que aquela louca compulsiva corresse atrás dos garotos como uma desesperada.

- Vamos cacal - comecei a empurrar ela, mas de repente ela parou, voltando a olhar para a quadra - o que foi?

- Quem é aquele ? - ela apontou para um rapaz na quadra, ele estava parado nos olhando. Era alto e forte, bem musculoso, tinha olhos claros e cabelos loiros presos em um rabo de cavalo, sua pele era cor de chocolate, o que o deixava exótico com aqueles cabelos. Carol parecia hipnotizada por ele, podia sentir que ela queria correr até ele, era algo quase palpável, então tratei de a empurrar para outro lugar e bem rápido. Parecia que era a época dos caras estranhos.

Falo porque ela já fez isso antes, brincando claro, mas ainda assim é bom sempre ficar de olho nessa pequenina. Enquanto íamos para a segunda aula do dia, fiquei pensando no sonho dessa manhã e me martirizando por isso. Emma sempre diz que eu imagino de mais, sua explicação é que quando eu era pequena ela lia lendas locais para mim e daí vinha os meus sonhos, meus pesadelos, lembranças do meu subconsciente me atormentando com elas, e por isso que não vejo o rosto dos personagens de meu sonho, porque não tinha fotos nas histórias. Eu era uma jovem muito impressionável, e agora com esse drama de Maria, essas histórias eram uma forma do meu inconscientemente alertar de sei lá o que. Céus, a explicação é tão confusa quanto minha cabeça.

Chatice de cérebro atualmente desenvolvido que eu tenho, eu penso antes mesmo de entender, tem que lembrar de coisas desnecessárias e as importantes eu esqueço.
Meu cérebro que se foda , vou tentar tirar minha amiga desse transe em que ela se meteu e se nega a sair.

Peeira - A Fada do Lobo (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora