Prólogo

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Antes

Os gritos dos homens e mulheres sendo massacradas se ouviam por toda a aldeia, pessoas morrendo de formas brutais, os inimigos não palpavam nem mesmo as crianças ou idosos. Todos eram um possível alvo em seus olhos cinzentos.

A pequena olhou pela janela para ver o que estava acontecendo. Havia acordado com gritos assustadores, e mesmo ao chamar seu pai ou sua mãe, eles não surgiram. Por trás da cortina azul, ela viu sua vila em chamas, os inimigos atacavam de todos os lados, mulheres corriam enlouquecidas para a floresta, homens tentando defender suas filhas e suas esposas. A pequena queria desviar o olhar, mas as chamas pareciam hipnotizar, os gritos se uniram em sua mente em um coro feroz, porém gracioso.

Um grito alto a fez olhar para trás e soltar a cortina enquanto se afastavam rápido e indo para perto do pai.

- Mandei você sair da janela! - seu pai gritava com ela enquanto ajudava a mãe a pegar mantimentos de forma rápida. Um estrondo a fez gritar e olhar para a porta, seus joelhos tremiam, suas mãos suavam e seu estômago estava embrulhado. Pela janela entrava o odor de carne queimada que piorava ainda mais sua situação. Sua mãe a pegou pelo braço e a puxou para perto de si, fazendo a menina agarrar sua perna e tentar se esconder atrás de sua saia. A pequena não entendia o que estava acontecendo, porque todos estavam se ferindo, o motivo de sua aldeia está pegando fogo, ela não entendia. Outro estrondo, dessa vez mais forte, fez seu pai se pôs à sua frente em um gesto protetor, segurando uma espada. A porta foi arrombada de forma brutal, sua mãe a apertou com força, deixando uma marca vermelha em pequeno rastro de sangue em seus braços. Quando a poeira baixou, finalmente poderão ver quem estava ali. Ela aliviou o aperto, mas ainda a segurava apreensivamente. A criança olhou para cima procurando ver a expressão no rosto da mãe, mas seus cabelos loiros como o sol não permitiram.

- Shion. - O pai olhou o amigo que acabara de entrar na casa, seu olhar se suavizou, porém, sua espada ainda ficou erguida. - O que faz aqui? A aldeia está sendo atacada, temos que organizar a defesa e tirá-la daqui - ele apontou para sua filha.

- Me perdoe, eles iam matar minha mulher, você me entende, não? e faria o mesmo no meu lugar - Shion fechou os olhos e baixou a cabeça, dando passagem para a porta. Dois homens grandes e musculosos, cobertos de sangue, entraram com sorriso no rosto e espada nas mãos. Seus olhos cinzas como uma tempestade, transmitiam apenas a mais pura vontade de matar.

- O que você fez, Shion? - O Pai gritou empurrando a mulher para trás enquanto ficava entre elas e os homens - corram. Agora!

- Patrem! - A pequenina gritou e chorou tentando parar a mãe que a puxava parar, olhando mais uma vez para trás enquanto era arrastada. A pequena tentou resistir, mas não conseguiu se libertar do aperto da mãe. A última imagem que a pequena teve de seu pai foi do mesmo no chão, com o rosto ensanguentado e um dos grandes homens por cima pronto para cortar sua cabeça.

Ela e sua mãe correram para a porta dos fundos. A aldeia estava um caos, pessoas gritando e correndo, sangrando e até mesmo pegando fogo, homens lutavam com homens, mulheres tentavam fugir com seus filhos. Sem opção, ambas correram floresta adentro enquanto um dos homens corria atrás. Elas torciam para que a escuridão da floresta encobrisse seus rastros, mesmo que seu cheiro fosse algo difícil de camuflar. Logo os uivos chegaram a seus ouvidos, cada vez mais perto, eles estavam se divertindo, caçando. A caçada apenas os excitava. Mas, logo os uivos se juntaram ao grupo, os sons ecoavam pela floresta, era difícil saber a direção em que estavam vindo. Até que elas chegaram a uma grande cachoeira. A luz da meia lua refletia na água fria. A mãe pôs sua pequena nas costas e tentou escalar as grandes e pontudas rochas. As pontas das pedras feriam suas mãos, porém ela persistia, precisava salvar sua filha. Mesmo utilizando toda sua força e ate mesmo suas unhas para se manter segura enquanto escalava, não adiantou, as rochas estavam muito íngremes, seu pé descalço escorre a fazendo cair e bater com suas costelas entre as rochas. a pequena que por milagre não havia se ferido, tentou puxar sua mãe pelo braço, porem a dor que a mas velha sentia era enorme, ate o ato de respirar lhe fazeia querer gritar. os uivos estavam cada vez mais perto, era possível ouvir os passos apressados de seus perseguidores, como se eles houvessem sentido o cheiro do sangue e tentava as alcançar ávidos para se alimentar da dor que a mas velha sentia. os uivos chegavam mais perto e os olhos da pequena criança se encheram de lágrimas com a morte eminente dela e de sua mãe.

Elas se viram encurraladas.

Elas iriam morrer.



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PATREM - Pai

Peeira - A Fada do Lobo (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora