IV

4.3K 562 306
                                    

🅝🅔🅦 🅗🅞🅤🅢🅔

Provavelmente já se passava do meio-dia pois a enfermeira já tinha trazido a comida. Faltava alguns minutos para Alice ir embora, mas não estava ansiosa.
Bem pelo contrário, ela estava andando de um lado para o outro, murmurando "não pode ser". Por que? Alice tinha ligado os pontinhos.

Alguém telefona e tira ela do lugar que considerava o inferno, logo depois recebe um "de nada" do menino mais estranho que já conheceu. Não era tão difícil de perceber a ligação entre os acontecimentos. Sai dos pensamentos assustadores quando ouviu alguém bater na porta e, automaticamente, achou que poderia ser as enfermeiras, mas elas não costumavam bater para entrar.

Logo, pela pequena janelinha, viu o rosto de um garoto, que abriu a porta lentamente e entrou.

"Kim Taehyung!" Ela falou sorrindo, mas logo limpou a garganta e ficou séria "Digo, o que faz aqui?".

O menino fez sinal para que ela falasse baixo.

"Eu fiquei sabendo que iria embora, vim e despedir" Ele susurrou e passou a mão no cabelo "E te lembrar que flores não devem ser arrancadas".

Como ele conseguia a fazer rir mesmo em uma situação como aquela? A menina gostava disso.

"Como conseguiu sair? Quero dizer, se você..." Ela tentava falar, sem achar as palavras certas.

"Como consegui vir até aqui se 'sou louco'" Ele fez as aspas com as mãos "Eles não prestam muita atenção na minha hora livre."

De repente ele se virou para a porta, espiou e correu até ela.

"Alice" Falou chamando atenção da garota "Você sabia que demônios também podem ter asas?".

A menina arregalou os olhos. Não sabia do que ele falava. Ele riu, como se tivesse acabado de contar uma piada.

"Saiba diferenciar asas de anjos e asas de demônios" Disse dando um sorriso preocupado e percebeu a curiosidade por parte dela "Eu li isso em um livro hoje, só queria compartilhar com você".

E assim ele foi embora.

Ela suspirou, reprimindo o sentimento de saudade em relação a Kim, porque não via sentido nisso. Esperou a mulher de branco, que não demorou muito.  Ela trazia uma roupa para Alice, que ansiando sua saída, se trocou rapidamente e foi levada até a parte da frente do prédio.

A recepção era de certa forma aconchegante, não parecia nada com lá dentro. Talvez enganasse os responsáveis de pacientes. Uma mulher que aparentava uns 30 anos cochichava algo para um garoto não mais alto que ela. Logo, ela a viu e abriu um sorriso.

"Alice!" A mais velha disse quase como se necessitasse dizer aquele nome e abraçou a garota "Você está tão linda, tão grande! Sentimos sua falta."

A mais nova sorriu, era bom saber que tinha uma família ainda.

"Obrigada, também senti falta de tudo isso"

No fundo ela não necessariamente sentia falta e nem se quer se recordava da tal tia, mas fez um esforço para deixá-la mais feliz. É claro que o comentário fez os olhos da mulher brilharem.

"Minseok! Venha cumprimentar ela" Falou se virando.

O garoto amarrava o calçado, se levantou e deu um abraço nela.

"Me chame de Xiumin, Minseok é um pouco" Ele deu uma pausa "Um pouco cansativo"

Alice consentiu com a cabeça e ele sorriu. Fofo. Fez-se um silêncio constrangedor.

"Eu não tenho certeza se se lembra de mim Ali" Ela comentou e a mais nova negou com a cabeça "Me chame de Yoon ou de tia ou do que quiser, não importa".

A mais nova concordou, se sentindo estranha em pé ali com 'estranhos', Yoon quebrou o silêncio chamando todos para irem até o carro. A viagem durou não mais que 2 horas. Eles chegaram em uma casa, que a garota se lembrava.

Sua última lembrança.

"Nós decidimos comprar a casa de seus pais a uns meses, quando falaram que talvez você acordaria".

Minseok tirava algumas sacolas de roupa do carro e parou ao lado da menina.

"Compramos roupas para você também. Espero que goste delas, eu gostei e sinceramente, tenho bom gosto" Falou rindo.

Ela ajudou com todas as sacolas e eles entraram na casa. Sua tia a avisou que seu quarto seria o mesmo que sempre foi e assim a menina foi guiada até ele, apesar de lembrar o caminho. Ela se recordava de algumas coisas daquele lugar, da sacada, da árvore que crescia ao lado (que agora já estava frágil e sem folhas). Suas memórias estavam voltando, isso pertubava um pouco a garota, fazendo seus olhos lacrimejaram.

Abriu a porta da sacada e ali ficou, sentindo o vento e pensando sobre seu próprio passado. Pensava que esse tipo de coisa não acontecia na vida real: Pessoas perdendo os pais, a memória e querendo voltar pra alguém que não conhece. Tudo ao mesmo tempo.

Saiba diferenciar asas de demônios e asas de anjos

O que aquilo queria dizer?

♆♆♆

agora sim a fic vai começar a ter sentido

ou não bjs

❁ wings || kth ❁Onde histórias criam vida. Descubra agora