Uma Noite de Terror

46 0 0
                                    

Depois de viver tudo aquilo, qualquer homem alto e pálido podia ser aquele vizinho. E depois de ter fechado as cortinas não sabia se ele havia subido.

As cabines eram escuras. As luzes do corredor eram ainda menos intensas. À minha direita, a janela só me mostrou a escuridão da noite, e, em um extremo, o reflexo de meu próprio rosto, olhando-me do vidro.

O trem finalmente começou a andar, e o som das ruas chegava de longe, como que afogado pelo silêncio que parecia reinar naquele lugar.

Por um momento tive a consciência de que, para mim está ali, aquele trem era meu único mundo naquela noite, um pequeno labirinto em penumbras, estreito, ameaçador, e, lá fora, apenas frio e velocidade.

Havia poucas pessoas no vagão em que eu me encontrava.
Pelo que vi, tinha uma mulher com uma criança nos braços no compartimento ao lado do meu. Um jovem universitário que dividia seu compartimento com mais dois, logo a frente dela, e só.

Não passou muito tempo, pra que o sono me pegasse. Mesmo com medo, sabia que se ele estivesse ali, não faria nada comigo, pois aquelas poucas pessoas não dormiriam tão cedo.

Estava exausto ; toda aquela tensão parecia ter-se acumulado em meus membros e minhas pálpebras.

Dormir por umas duas horas, até que sinto alguma coisa puxando meu braço. Meu corpo gelou por inteiro. Seria ele? Me perguntava!
Mais era a moça, que um pouco antes segurava uma criança em seus braços.

-Posso ajudar?- perguntei ainda assustado

-Caroline- Alguém levou minha filha!- falou em um tom de desespero.

Fiquei confuso. Não sabia o que falar.

-O quê?  Como assim levaram? -sussurrei bem assustado.

-Caroline- Eu acabei cochilando com ela em meus braços. E quando acordei, ela não estava mais em meu colo. Por favor moço você tem que me ajudar! -falou com uma feição de tristeza

-O que posso fazer?- a perguntei enquanto me levantava.

-Caroline- o Senhor poderia procurá-la pra mim.- respondeu-me quase chorando.

Ela me passou as características da criança, pedir pra que ela ficasse sentada,e sair a procura.

A imagem daquele homem volta a minha mente, e comecei a entrar em estado de pânico.
Mais ainda sim precisaria ajudar aquela mulher.

Comecei a percorrer o trem, não pensava que pudesse encontrar aquele homem, realmente não pensava que pudesse encontrá-lo. Entretanto, tão logo me aproximei da porta do vagão contíguo, senti um ligeiro calafrio.

Através do vitral vi, da maneira um pouco monstruosa em que vemos através das lentes, as formas de um corredor deserto. E nesse momento, pela primeira vez, não pude evitar a ideia de que aquele homem estava ali, em alguma parte.
Ainda sim continuei a procurar a pobre criança.

Já estava dentro do próximo vagão. As luzes do corredor não eram mais intensas que as da cabine; uma pequena lâmpada a cada três ou quatro metros.

Uma Noite de CrimeOnde histórias criam vida. Descubra agora