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O cheiro doce de panquecas com calda de caramelo se espalhava pelo quarto. A leve brisa da manhã fazia com que as cortinas se movessem levemente como dançarinas em um ballet. Camila aos poucos acordava. Seu coração ainda estava batendo muito rapidamente. Ela voltara mais uma vez ao dia do acidente de carro, no qual perdera Sofia, sua irmã menor. Depois de respirar fundo e tentar recuperar o fôlego, pegou seu celular em baixo das cobertas e conferiu a data. 12/07/2013.

A jovem suspirou e mais uma vez pediu desculpas por não conseguir salvar a vida de sua tão amada irmãzinha. Era essa a dura realidade dos Cabello. Nada, nem ninguém pode mudar o passado. E eles só podiam revivê-lo. Camila tentara várias e várias vezes impedir o acidente, mas sempre falhava.

Levantou da cama e pôs os pés sobre o piso de madeira gelado. Desceu as escadas, tropeçando algumas vezes e foi até a cozinha.

- Bom dia Camila. - Disse Sinuhe enquanto colocava a mesa para o café da manhã.

- Bom dia mãe.

- Por que está assim? Voltou ao dia do...

- Acidente? Sim. Eu não aguento mais pai. Eu sempre volto, e tenho que ver tudo novamente.

- Sei como se sente filha. Eu já voltei várias vezes também. Mas não há nada que possamos fazer sobre isso.

- Isso é o que me machuca. - Disse Camila.

- Filha, você não pode se concentrar nas coisas ruins. Pense bem, quantas pessoas não desejam voltar no tempo? E você pode fazer isso. Reviver tantos momentos bons.

- Mas não são só os bons mãe. Não são.

O que Camila mais queria era ter uma vida normal. Voltar no tempo, para ela, era uma maldição. Além disso, ela não podia contar sobre o seu poder a ninguém. Era um segredo do qual ela tinha o dever de guardar. Porém, uma pessoa sabia. Ela havia contado para alguém. Uma pessoa em quem confiava e com quem compartilhava seus desejos e angústias. Sua melhor amiga, Lauren Jauregui. As duas cresceram juntas e estudavam na mesma escola.

Camila passara toda a sua infância viajando no tempo, voltando ao passado e sempre contava o que revivia para Lauren. A amizade delas era muito pura e íntima. Elas não tinham segredos. Juraram várias vezes lealdade uma a outra.
Camila, como era de costume, chegou na escola abatida, com o pensamento distante e Lauren já sabia o motivo.

- Camz?

- Oi bolinho! - Disse Camila abraçando a amiga.

- Então... Para quando você voltou dessa vez?

- Adivinha!

- Ao acidente?

- Sim. Lolo, eu não aguento mais. - Disse a jovem com a voz trêmula - Eu tenho que conviver com isso. Quando eu era criança até que era divertido, mas agora... Eu não sei mais.

- Não fica assim. Você sabe que não está sozinha. Eu sempre vou estar aqui.

- Eu sei. E eu te amo muito por isso.

- Eu também te amo muito pequena.

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