II

57 5 3
                                    

- Estava conversando com minha mãe ontem. Ela quer que eu vá para a MIT ( Instituto de Tecnologia de Massachusetts), mas eu quero ir com você para Universidade de Miami. - Comentou Lauren enquanto dirigia sua bandeja até uma mesa no grande refeitório.

- MIT? Sério?

- Sim.

- Eu... Sinceramente, nem estou mais tão animada quanto a universidade. Eu não quero pensar nisso agora.

- Mas porque? Nós sempre conversamos sobre isso.

- Sim, mas agora eu estou concentrada em outra coisa.

- Ah! Você acha mesmo que vai conseguir?

- Controlar o meu poder? Sim! Eu vou conseguir. E logo logo, toda essa história de voltar no tempo será passado. Passado que eu não vou mais reviver.

- Eu ainda não concordo com isso. Você não pode desistir assim! Você tem que parar de ver o lado ruim das coisas. Onde está aquela Camila que eu conhecia? A Camila otimista, que via o lado bom em tudo.

- Ela morreu naquele acidente. - Disse Camila mostrando a cicatriz em seu braço, feita pelas ferragens em que ficou presa no dia do acidente.

Todos os dias, ao chegar em casa, Camila tentava encontrar alguma forma de livrar-se do seu poder. Ela sabia que não dava para controlar a data para qual iria voltar, mas sabia que com o tempo ela aprenderia a controlar quando viajaria. Todos os dias ela tentava algo novo, porém nunca obtia sucesso.

Ela tinha esperança de que um dia, não mais voltaria no tempo. Que seguiria sua vida normalmente, sem reviver o passado.

A jovem era conhecida por sua personalidade forte. Por nunca desistir. Por ir até o fim. E isso era, para ela, um motivo de orgulho.

A noite fria havia chegado. O céu estava repleto de estrelas. Camila, estava sentada na cama, de frente ao seu notebook, quando sua mãe bateu à porta.

- Camila?

- Oi mãe. Entra!

- O que está fazendo?  Por que não quis jantar conosco? Eu e seu pai estamos preocupados.

- Não precisa se preocuparem. Eu estou bem. Só não estava com fome, é isso.

Sinuhe sentou-se ao lado da jovem e fitando os olhos disse:
- Camila, o que está acontecendo? Desde o dia do acidente você tem mudado muito.

- Nada mãe. É que... - Camila fechou os olhos por um segundo e pensou em cada palavra que iria proferir - Eu não quero mais poder voltar no tempo.

- Como assim não quer mais?

- Eu não quero! O passado fica me perturbando e me impedindo de seguir em frente e pensar no futuro.

- Filha, isso é normal. Eu sei que isso tudo pode parecer assustador, mas é o que você é. Você não pode mudar isso. Você tem de começar a usar isso ao seu favor. O passado nos ajuda a fazer escolhas melhores, sermos pessoas melhores, e ter um futuro melhor.

- Eu não sei mãe...

- Vai ficar tudo bem filha. - Disse Sinuhe dando-lhe um beijo na testa. - Eu já vou dormir.

- Tudo bem.

- Boa noite.

- Boa.

Camila fechou a tela do notebook e escorregou para debaixo das cobertas. Ela começou a refletir em tudo que sua mãe lhe dissera e aos poucos, pegou no sono.

Camila sentiu um arrepio pronfundo. Abriu os olhos e se viu em uma sala de espera rodeada de cadeiras azul celestes. O cheiro de álcool em gel e as pessoas andando de um lado para o outro trajando jalecos brancos, tão brancos quanto a neve, explicava tudo. Ela estava em um hospital.
Esfregou os olhos com as costas das mãos e levantou-se. Caminhou até o balcão onde se encontravam as recepcionistas do hospital.

- Olá! É... Vocês podem me dizer que dia é hoje? - Disse Camila apoiando suas mãos sobre o mármore gelado.

- 21 de junho. - Respondeu a recepcionista de cabelos ruivos quase laranja.

- Sei que parece idiota mas, em que ano estamos mesmo?

-2014.

- Como? - Perguntou Camila arregalando os olhos.

- 21 de junho de 2014. Essa é a data de hoje.

- O-o-obrigada. - Gaguejou a morena.

Como aquilo era possível? Ela estava no futuro! Aquilo não fazia sentido. Camila beliscou seu braço algumas vezes para ter certeza de que não estava dormindo. Mas a pergunta que não saia de sua cabeça era: por que estava em um hospital?

- Ah! Só mais uma coisa... - Disse Camila voltando-se ao balcão. - Você sabe me dizer se...

- Camila Cabello! - Soou uma voz masculina que parecia ser de um médico.

- Sim? - Disse Camila ao se deparar com um homem alto e moreno trajando uma camiseta azul, por baixo de um jaleco branco, enquanto segurava uma prancheta.

- Pode me acompanhar?

A jovem hesitou por um segundo, mas achou melhor fazer o que lhe pediram. Ela acompanhou o médico enquanto sua mente fervilhava de ideias e perguntas sobre o que estava acontecendo.

- O doutor pode me confirmar uma coisa? Hoje é 21 de julho de 2014, certo?

- Você quis dizer Junho, não foi?

- Sim. Junho.

- Então sim. Essa é a data de hoje.
- E o senhor poderia me dizer para onde estamos indo? - Perguntou Camila enquanto desviava das enfermeiras que transitavam pelo cerredor.

- A paciente quer te ver. - Respondeu o doutor enquanto confiria algo em sua papelada.
Camila não fazia a mínima ideia de quem estava enternada. Aquilo tudo não fazia sentido para ela. Como era possível ela estar no futuro?

Camila parou de andar, imitando o médico que parara de frente da sala número 26.

- Você tem 10 minutos. - Disse ele abrindo a porta da sala fria e úmida,  onde estavam duas macas e alguns equipamentos.
Camila entrou na sala e fitando os olhos pode ver que, ao norte, alguém estava deitado em uma das macas.

- Camila? - Uma voz conhecida tomou lugar do barulho feito pelo ar-condicionado.

- Ah Meu Deus! Lauren!

Come Back To The Start Onde histórias criam vida. Descubra agora