[3] ... Pesadelo ...

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" Anda cá! - Oiço o meu pai gritar. Não lhe dou ouvidos e continuo a correr, quero fugir dele, quero esconder-me de forma que o monstro que tenho que chamar de pai não me encontre. Volta aqui imediatamente ou eu mato-te. - Ele grita e eu estou a morrer de medo, não é a primeira ameaça que me faz mas eu continuo com medo todas as vezes que ele me ameaça matar ou turturar. Estou a chorar, quase a sofucar-me nas minhas próprias lágrimas mas não quero saber, só penso em fugir do meu pai, do meu próprio pai! A meu ver, a pessoa que me devia proteger de tudo e de todos mas, não passa do homem que mais mal me fez desde o começo da minha misera existência. Ao fundo vejo Niall, meu querido irmão! Grito o nome dele mas Niall não olha para mim. Tento correr mais rápido, sempre a tentar captar a sua atenção mas ao que parece, ele não ouve os meus gritos desesperados. Chego até ele e abano-o mas Niall não tem reação, continua com o olhar vidrado num ponto atrás de mim. Niall! - Volto a gritar mas sem sucesso, Niall não me ouve... Olho para trás e vejo o meu pai já perto de nós. Niall, ajuda-me por favor! - Digo apavorada enquanto choro compulsivamente. O meu irmão continua com o olhar vidrado no meu pai mas nada faz. Tento correr mas é tarde demais, ele já me apanhou. "

Levanto-me num pulo da cama, com a respiração descompassada. Respiro fundo para me acalmar e penso, foi só um sonho, um sonho hórrivel. Vou à cozinha beber água e aproveito para tomar um calmante para ver se consigo voltar a dormir o resto da minha noite sem interrupções. Tomo o comprimido e volto para o meu quarto, deito-me e fecho os olhos para só acordar de manhã.

***

Acordo com o sol a bater-me na cara. Tento esquecer-me do pesadelo e pensar em outros assusntos mais importantes. Olho em volta. É tão estranho pensar que esta noite vou abandonar a casa onde vivi toda a minha vida.

Levanto-me da minha confortável cama depois do meu momento de reflexão e ando vagarosamente até à casa de banho com os olhos entreabertos para não tropeçar em nenhum móvel que tenho no quarto.

Quando alcanso a porta, abro-a e ligo a luz para depois olhar para o meu estado lastimável através do espelho.

Decido-me por apenas escovar o meu cabelo e lavar a cara com água bastante fria para acordar. Visto um robe e saio do quarto em busca de comida já que ontem não jantei por conta dos meus preparos, não quis enfurecer Harry e se troca-se de roupa de certeza que isso aconteceria.

Desço as escadas e entro na cozinha enquanto penso no que vou fazer para comer. A casa está silênciosa, muito provavelmente só Harry estará em casa, todos os domingos desde a separação dos meus pais que a minha mãe sai de casa para só voltar ao fim da tarde, com a desculpa de ter assuntos a tratar relativamente ao divórcio.

Decido fazer torradas de geleia de morango com meia-de-leite a acompanhar. Delicioso!

Retiro a torradeira da prateleira e a caneca do armário. O pão já se encontra na bancada e o leite, a geleia e o café também. Devo ser muito previsível para a minha mãe já ter preparado tudo para o pequeno-almoço. Ligo a ficha da torradeira e de seguida ponho duas fatias de pão a torrar, enquanto as torradas estão a fazer, ponho leite na caneca e aqueço-o.

O leite rápidamente aquece e despacho-me a por as habituais três colheres de café e uma de açucár e quando termino já as torradas estão prontas Ponho geleia nas duas, apenas num dos lados e quando termino de praparar o meu pequeno almoço e me viro para a mesa vejo o rapaz de olhos verdes que me tem atormentado desde sábado à noite.

- Bom dia. - Diz Harry enquanto me olha de cima a baixo.

- Não comeces! - Digo rispida e ele ri-se da minha rispidez.

- Estás-te a rir do que? - Digo um pouco irritada.

- Estou-me a rir do teu mau humor! - Volta a rir-se. Ignoro-o e sento-me à mesa a comer o meu belo pequeno-almoço.

- Acordas-te com os pés de fora foi?! - Sorri de forma divertida mas eu volto a ignorá-lo, já sem paciência para ouvir as suas parvoices.

Reparando que eu não estáva a gostar do que ele estáva a dizer, decide mudar de assunto, finalmente!

- O que vais fazer hoje? - Pergunta.

- Deves ter muito a ver com isso! - Corto a conversa.

- Mal humorada do caralho! - Murmura.

- Eu ouvi! - Resmungo.

- Era esse o propósito! - Pisca-me o olho.

- Atiradiço! - Desabafo.

- Já chega de conversa fiada!

- Como queiras, vou dar uma volta por aí. - Falo e subo as escadas para me vestir  e maquilhar [link externo].

Quando volto a descer vejo Harry já arranjado a vestir o casaco, ignoro-o e vou lavar a loiça que sujei. Depois de tudo limpo, dirijo-me para a porta, pego nas chaves de casa e saio com Harry como guarda costas.

- O que queres?

- Nada, só não quero que andes sózinha na rua. - Declara sem humor algum na voz.

- Não tenho medo de andar sozinha! - Declaro.

- Não tens mas devias! - Diz sem olhar para mim. - E quem te avisa teu amigo é!

- Não estou com paciência para os teus descargos de consciência idiotas! - Digo enervada. O pesadelo não me deixou descansar completamente por isso estou mal disposta e com uma dor de cabeça insuportável.

- Não é idiota, só seria idiota se o teu pai e irmão não fossem o que são. - Desabafa.

- Não fossem o que? - Pergunto desconfiada.

- Nada! Esquece o que eu disse! - Fala depressa como se estivesse esconder alguma coisa.

 - Ok... - Seja o que for que ele esteja a esconder sobre o meu pai e o meu irmão, eu vou descobrir!

Continuamos a andar pelas ruas da minha vizinhança até que me ocorre uma ideia. Olho para Harry que está a olhar para o horizonte e pergunto.

- A suposta profissão do meu pai e do meu irmão tem alguma coisa a haver com a hospitalização do meu irmão? - Harry assusta-se com a minha pergunta mas acaba por me responder.

- Sim, mas não te posso falar sobre isso, apenas o teu irmão e ele neste momento não pode... - Diz baixo a última parte.

- E os seguranças que estão à porta de casa também têm a haver com o que eles fazem não é?! - Pergunto tentando chegar a uma conclusão.

- Sim. - Responde simplesmente, voltando a olhar para a frente sem dizer mais nada.

- Vamos pra casa, aqui não é seguro. - Fala passado uns minutos.

- Claro. - Respondo, virando de direção para voltar para casa, enquanto Harry me segue.

***

Provo o esparguete e confiro que está no ponto, escorro a água do mesmo e junto a carne picada já preparada, ponho os copos, os talheres e os pratos na mesa. Chamo o Harry e a minha mãe que estão fechados nos escritório à pelo menos duas horas e ponho a comida na mesa. Quando eles descem, começamos a comer em silêncio, sem olhar para ninguém, apenas para a comida. No final da refeição, levanto todos os pratos e trato de os lavar já que a máquina de lavar está avariada. Subo para o meu quarto e trago as minhas malas para a entrada e Harry leva-as para o carro.

- Boa sorte querida. - A minha mãe deseja.

- Obrigada. - Digo e abraço-a.

- Quando tiver noticias do Niall eu aviso-te.

- Assim espero... - Dou-lhe um beijo na bochecha e ela volta a abraçar-me, desta vez com mais força.

Espero que tenham gostado e peço desculpa pela demora. Comentem!

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