Capítulo 4 | Gabriel Caldwell

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Eu me sento em uma das poltronas da loja enquanto Olívia entra no provador com o sexto vestido do dia. Já perdemos a conta de quantos ela provou, e estou surpreso o quanto estou realmente curtindo isso. Não só porque Olívia fica linda em praticamente qualquer coisa que veste, mas também pela leveza da situação.

A vendedora trouxe uma seleção de vestidos elegantes, formais, casuais, você escolhe, ela trouxe. E agora, aqui estou, sendo forçado a opinar sobre cada um. Quem diria que eu, Gabriel Caldwell, estaria participando de uma espécie de desfile privado?

Olívia sai do provador e... bem, dessa vez, não deu. Ela está usando um vestido completamente errado, uma mistura de estampas geométricas, mangas bufantes e uma saia volumosa que parece algo saído de um filme dos anos 80. Eu não consigo segurar o riso.

— Olívia... — começo, já rindo. — Parece que você vai lutar contra alienígenas... ou então, salvar o mundo em uma boate dos anos 80.

Ela olha para o vestido e cai na gargalhada junto comigo.

— Ei! — responde, tentando manter a compostura. — Se eu for lutar contra alienígenas, pelo menos vou ficar estilosa!

— Estilosa? Você parece que fugiu de um videoclipe do Depeche Mode¹ — digo, ainda rindo.

— Ouch, você pegou pesado agora! — ela devolve, com um sorriso. — Mas tudo bem, vou tentar outro.

Enquanto ela volta para o provador, eu me ajeito na cadeira, aguardando a próxima surpresa. Quando ela sai com outro vestido, esse muito mais sofisticado, elegante e justo no corpo, só consigo pensar o quão diferente está a situação agora.

— E esse? — ela pergunta, girando para me mostrar o vestido, que é um longo vinho, com uma fenda discreta.

— Muito bom, finalmente algo que não parece uma fantasia de carnaval — brinco, piscando para ela.

— Ok, ok, você está se superando nas piadas ruins hoje — ela diz, rindo.

Logo ela volta com um vestido todo branco, minimalista, mas o tecido meio transparente nas laterais não deixa muito à imaginação.

— E agora? — ela pergunta, erguendo as sobrancelhas.

Eu olho, dou um sorriso torto e brinco:

— A gente não está indo para um baile de formatura, nem para uma festa à fantasia de Angel da Victoria's Secret, né? Porque se não, está perfeito.

Ela ri de novo e balança a cabeça.

— Tá, entendi, Gabriel. Eu só queria ver se você estava prestando atenção.

Mais um vestido depois, ela surge com um modelo preto clássico, mas justo o suficiente para ser elegante sem exageros.

— Esse sim, Olívia. Agora parece que você vai para um jantar e não para... sei lá, salvar a humanidade usando glitter — digo, com um sorriso.

Ela sorri de volta, se observando no espelho.

— Ok, acho que esse é o vencedor.

— Finalmente. Já estava começando a pensar que eu ia sair daqui com uma overdose de moda — brinco.

— Oh, por favor! Não venha me dizer que não gostou do desfile particular — ela devolve, com um olhar desafiador.

Sorrio, inclinando-me para frente.

— Olha, vou ser sincero. Eu até gostei, mas não vou admitir isso em voz alta.

Ela ri de novo, balançando a cabeça.

Mentira PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora