Capítulo 7 | Olívia Moretti

26 11 14
                                    

— Achei que podíamos terminar o que começamos ontem — as palavras de Leah batem forte em meus ouvidos.

Volto para a minha mesa e pego minha bolsa indo fazer meu horário de almoço. Não acredito que em menos de uma semana que assinamos o contrato ele já conseguiu quebrar uma cláusula.

"— Dormi mal, e acho que estou descontando em você."

Aham... dormiu mal que eu sei, ficou até altas horas com a pernuda e eu tive que aturar o mau humor dele de manhã. Saio quase marchando em direção a copa.

A marmita girava no micro-ondas enquanto eu olhava fixamente para o nada, tentando não deixar meus pensamentos me dominarem. A voz melosa da Leah ainda ecoava na minha cabeça. "Achei que podíamos terminar o que começamos ontem." Que nojo. Então era por isso que Gabriel estava com aquela cara fechada de manhã? Dormiu mal, é claro... mas mal acompanhado, pelo jeito.

O micro-ondas apita, tirando-me dos meus devaneios. Peguei minha comida, mas minha fome havia evaporado. Eu estava mais irritada do que faminta. Me sentei em uma mesa vazia, mexendo na comida sem prestar muita atenção. O que me deixava mais brava era o fato de eu, estupidamente, ter começado a me importar com ele. Aquele beijo no carro... Não podia ter sido só um capricho dele.

Enquanto enfiava o garfo na comida, minha mente continuava a brigar com a realidade. "Eu realmente preciso ter uma conversa com ele." O contrato dizia claramente que ele não podia se envolver com ninguém durante nosso... "namoro". E aqui estava Leah, claramente implicando que algo aconteceu.

Suspirei profundamente, tentando relaxar.

De repente, ouvi a porta da copa se abrir, e vi Gabriel entrando. Ele parecia nervoso, como se tivesse pressa de falar comigo.

— Olívia — ele disse, com um tom hesitante. — A gente pode conversar?

Levantei uma sobrancelha, ainda irritada, mas me controlei. Ele parecia... diferente. Mais vulnerável. Engoli minha irritação por um segundo.

— Claro — respondi, sem disfarçar meu tom de cansaço. — Sobre o que exatamente? Sobre como dormiu mal ontem?

Gabriel fez uma pausa, sabendo exatamente o que eu queria dizer. Ele respirou fundo, como se estivesse tentando manter a calma.

— Não é sobre Leah — ele começou, sem desviar o olhar. — É sobre você ter saído para almoçar sem mim. Nós estamos juntos, lembra? Essas coisas, como almoçar, precisamos fazer juntos para parecer mais real.

Revirei os olhos, sentindo minha paciência se esgotar rapidamente.

— Ah, claro! — respondi com sarcasmo. — Porque a parte mais importante de fingir ser sua namorada é o almoço, certo? Então, o que vem depois? Um ménage com você e Leah? Já que somos namorados, e você parece bem à vontade com ela sentada no seu colo.

Eu sabia que tinha pegado pesado, mas naquele momento eu não conseguia me segurar. Gabriel ficou vermelho, os olhos dele se estreitaram de raiva, mas ele se inclinou para mais perto de mim, como se estivesse tentando controlar a situação.

— Fala baixo! — ele sibilou, olhando ao redor como se temesse que alguém pudesse ouvir. — Estamos no trabalho, Olívia! Não é lugar para esse tipo de conversa.

— Ah, claro. O trabalho é para você decidir com quem pode ou não terminar o que começou, né? — rebati, ainda cheia de raiva. — Me poupe, Gabriel. Você não pode me fazer acreditar que somos um casal quando claramente tem outra pessoa querendo o seu colo.

Ele apertou os punhos, visivelmente irritado.

— Eu disse que não aconteceu nada com Leah! E sabe o que mais? — Ele se inclinou ainda mais, a voz baixa, mas carregada de frustração. — Eu não estou brincando com você, Olívia. Esse acordo foi ideia minha, sim, mas eu estou tentando fazer funcionar. E parte disso significa que você precisa parar de agir como se estivesse sozinha.

Mentira PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora