Extra: Edward, esta é sua chance de narrar um pouco

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Já fazia um bom tempo que eu não sentia "aquilo", mas hoje eu acordei com "aquilo". Eu achei que já tinha acabado. E o pior de tudo é que a Laura não sai desse banheiro nunca.
– Laura! - gritei, esmurrando a porta - Vai sair daí ou tá difícil?
– Difícil é você.
– E você é fácil, né? Sempre soube.
– Vai lamber... Sabão! 
E mesmo se eu quisesse... O SABÃO ESTÁ NO BANHEIRO!
– Vai lamber dois!
Não adianta conversar com ela. A Laura, além de teimosa (dizem que eu sou, mas ela é muito mais), é sem noção, ela nunca iria perceber que eu estou passando por "aquilo".
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Consegui chegar a tempo ao banheiro comunitária da escola, mas tive que correr muito pra isso. Eu já tinha até esquecido como é ruim vomitar sangue.
Hiromi, se eu falei que vou me formar é porque eu vou me formar! Eu não vou parar até me formar, ouviu? Mas você também tem de me ajudar.
Ainda bem que eu não encontrei ninguém por aqui.
– Ohayou Edward.
Osamu-sensei surgiu do nada. Pegou a mania da Laura? Ok, é só disfarçar e pronto, ele não vai descobrir nada.
– Ohayou. - pisquei, ele não não falou mais nada. - Eu já vou indo...
Eu comecei a andar até a saída do banheiro, até que senti uma mão puxando meu cabelo.
– Que respingos de sangue são aqueles, Edward?
Fodeu. Tinha que ser logo esse velho? Por que sempre é ele? 
– Para a minha sala. Agora!

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– Edward, você tem noção de que você é um dos casos mais graves que eu já tive na Shounen High? - e Osamu-sensei começou o discurso repetitivo
– Hai. - resmunguei
– Você se lembra de quando "aquilo" aconteceu pela primeira vez?
– Hai.
– Certeza?
– Hai, eu não vou me esquecer de três de outubro.
– Você estava correndo?
Eu odeio quando ele começa a fazer mil perguntas.
– Em três de outubro ou hoje?
– Nos dois.
– Estava... Nos dois.
– E por que você continua correndo?
E essa merda de interrogatório não tem fim?
– Porque eu não posso me deixar cair.
– Mesmo com essa prótese no braço? Você espera ir para o seu mangá dessa maneira?
– É só eu me levantar e seguir em frente, afinal, eu tenho pernas perfeitas pra isso.
- Por enquanto tem. - suas palavras me assustaram um pouco – Você é muito teimoso, Edward. Essa é a última vez que eu tento te ajudar.
– Eu não preciso de ajuda.
– Ficará suspenso das atividades da semana. Aí quem sabe você deixa de ser tão cabeça dura, não é, Edward? Vá para o seu quarto. Agora!
Os outros alunos me perguntam porque eu gosto da Nagisa-sensei. É que, diferente deles, o Osamu é a minha Nagisa.
– Hai, Osamu-sensei.
Eu me levantei e andei até meu quarto. Minha perna doía do mesmo jeito que o meu braço da última vez que aconteceu "aquilo", e isso me deixa com medo.

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Hoje era o dia em que começaria aquela atividade anual de acampamento. Geralmente a minha equipe é a vencedora e, já que eu sou quase um gênio, sempre por minha causa. Eu sempre dava algo em troca de valor equivalente para ganharmos. Não, não estou falando de trapaça. É mais como... Como os alquimistas.
Só que dessa vez minha equipe não irá vencer. Por quê? Porque eu sou obrigado a ficar deitado na cama, tentando não gritar de dor, não até a Laura sair daqui. Se ela souber, vai querer me ajudar e a ajuda dela vai ser fazer um filme amador sobre a minha dor.
Qual é o problema dela? Por que garotas demoram tanto para se arrumar? Por que ela me olhava tanto? Laura é muito estranha.
– Tchau. - ela se despediu, finalmente. - Quando eu voltar vou criar vários apelidos pra você, Mircrochibi.
- Já vai tarde. - respondi com a educação de sempre 
Ela fechou a porta e no mesmo instante eu saí correndo para o banheiro. Tirei a calça.
– Não.
Como eu desconfiva: havia sangue por toda minha perna. Molhei algodão e tentei estocar o sangue. Era inútil.
Eu terei que ir para o mangá sem um braço e uma perna.

As aventuras de Laura Wilke na Shounen HighOnde histórias criam vida. Descubra agora