Capítulo 2 - A tão esperada decisão

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MAITÊ

Como classificar um dia em ruim? Se for segunda-feira automaticamente o dia já se torna ruim, agora imagine uma segunda-feira bem ruim, você acorda e está chovendo, aí você vai até a garagem pegar o seu carro, e o maldito do carro não liga por nada. É esse foi só o começo do meu dia, depois que saí da garagem xingando até o vento chamei um táxi. O táxi demorou quinze minutos, e quando chegou tivemos que enfrentar um trânsito horrível. Quando pensei que a tortura havia acabado me engano bastante, pois o meu adorável chefe que por ironia do destino chegou mais cedo hoje estava me aguardando na recepção com uma cara nem um pouco receptiva. Recebi uma bronca enorme, ele fez questão de jogar na minha cara todos os atrasos que já tive desde do começo do ano — e acredite, não são poucos. — e como eu tinha que ter mais compromisso com o trabalho.

Desenho um colar de pérolas pelo computador para depois passar para um papel, acho que fica mais fácil assim. Porém hoje eu não estou nem um pouquinho inspirada para desenhar algo realmente bom para uma nova coleção de jóias.

Apoio a cabeça no encosto da cadeira e tento relaxar. Desde sexta-feira à noite tudo está estranho, primeiro porque a Sam me evita de todas as formas possíveis que encontra. Segundo é aquele estranho da balada. E terceiro é que a minha família não me ligou no sábado, e isso não é um bom sinal.

Desperto dos meus pensamentos quando o telefone começa a tocar.

— Alô. — Divo desanimada.

— Oi minha filha. — A voz animada da minha mãe soa do outro lado da linha. — Desculpa por não ter ligado no sábado, todos estávamos muito ocupados preparando os convites de casamento do seu irmão que vai...

Desde quando meu irmão vai se casar? E como eu não sabia disso?

— Mãe — Interrompi. — Como assim o Luc vai se casar? E por que vocês não me contaram antes? — Pergunto nervosa me levantando da cadeira e indo em direção a janela para ver melhor Nova York. Tenho essa mania horrível, toda vez que fico nervosa começo andar de um lado para o outro.

— Filha, eu acho que esqueci de contar para você. — Confessa.

— Todos esses anos fora fez com que vocês me esquecer de certa forma, vocês sabem o quanto eu amo o meu irmão, e ainda se esquecem de me contar algo tão importante. — Paro para respirar e se acalmar. — Posso está sendo muito dramática, mas não queria ser esquecida pela minha família.

Passei muito tempo fora, são sete anos, sete anos não são sete dias, é muito tempo sem ver a minha família, e com isso a cada ano me sinto meio que excluída de tudo. As fotos das festas de família, todos reunidos, felizes e eu aqui sozinha, nos almoços de domingo que eu nunca estou presente, o natal. E mesmo eles querendo é complicado, a distância é muita, e ligações, webcam é mesma coisa que estar com a pessoa pessoalmente. Mesmo estando longe eu sempre gostei de saber de tudo que estava acontecendo com eles no Brasil, até as coisas mais banais, como: "a vizinha casou novamente", "o dono da padaria teve mais uma filha". E agora eu não sabia que o meu irmão vai se casar, irônico não?

Ouço minha mãe respirar fundo várias vezes antes de me dizer qualquer coisa.

— Filha não é assim meu amor, você sabia que o seu irmão estava namorando, eles noivaram há pouco tempo, não fique chateada conosco.

— Está bem. — Falo em um tom de derrota, é o que eu estou sentindo nesse momento. — Mãe, estou trabalhando e não posso ficar conversando por muito tempo.

Sim, eu estou fugindo dessa conversa que me deixou um pouco magoada. Minha mãe não fez porque quis, tenho certeza disso, mas mesmo assim me doeu. E o que dói mais é saber que eu meio que procurei isso, tenho que tomar coragem e ir ver a minha família no Brasil, e não ficar me escondendo do passado aqui, isso é infantil. É algo ainda muito assustador voltar para o Brasil, ver o Daniel novamente, saber que eu e ele quase tivemos um filho.

Um Amor Do Passado (PAUSADO) Onde histórias criam vida. Descubra agora