A chuva aumentara. Um velho se aproximara mais de Jéssica na proteção do
ponto da Presidente Vargas. "Que chuva, não?", falou ela. O velho começou a
falar sobre a histórica chuva que pegara em 65, quando ficou por duas horas emum bar na Praça da Bandeira, onde conheceu sua mulher. Jéssica ficara fascinada
com a história e começaram a bater papo.Ela acabou descobrindo que ele estudara no mesmo colégio de seu pai. Que
mundo pequeno, exclamou. Colégio Batista. O ônibus do senhor chegou, mas ele
não pegou. Como um bom idoso, não fugia de uma boa conversa em esperas.
Falaram sobre a passeata que acontecera e deixou o trânsito um caos, sobre o
apagão, o governo, sobre tudo. O ônibus do velho passou de novo e ele pegou,
com remorso. Não podia deixar de tomar seu remédio na hora. Ela acenou para
ele ao ver o ônibus partindo.
"Bom senhor. Quem dera tivéssemos pessoas tão simpáticas como ele", falou a
um rapaz mais ou menos de sua idade ao seu lado, que ela sentira a observando
durante toda a conserva. Ele chegou perto, com um cheiro de bebida destilada
saindo de sua boca. Falando da merda que estava sendo economizar luz em sua
casa, que seus filhos não queriam perder nenhum desenho na tevê. Sempre que
possível, ela o tocava, seja batendo em seu peito rindo, seja esfregando sua mão
em seu braço ao ele falar algo sobre sua situação. Sem saber direito o que elaqueria com ele, um cara feio e bêbado e ela uma garota bonita e simpática, começ
ou a estranhar. Começou a se afastar um pouco e olhar cruzadamente para ela.
Mas quando ela ajeitou seus fartos seios de mulher cheia, ele voltou para perto.
Ela chamou-o para um chope e ele foi atrás como um cachorro. Depois de duas pingas para o rapaz e muitas mãos em coxas e coxas em mão (ele
ficava com o olhar perdido naquelas pernas grossas e peludas), ela o agarrou. Eletentava se afastar, mas nada que um bom par de mamas apertadas contra o
corpo não resolva. Com isso, a cabeça dominante vira a de baixo. Foram para um
motel barato na Presidente Vargas. Ela fez todo o serviço, deixando ele deitado e
delirante deitado sobre a fétida cama de molas barulhentas. Após um tempo de
revigoração, ele sentou-se na cama, pegou a carteira e, vendo a foto de sua
mulher e filhos, desatou-se a chorar. Ela passou a mão em sua cabeça e encostou-
a em seu peito. Mal deu tempo de afastá-la antes do vômito. Deixou o dinheiro do
quarto, mais uns trocados, no criado mudo e foi embora.
O ponto já estava vazio. O engarrafamento acabado. Os pivetes já estavam
chegando para assaltar os bêbados e estudantes das universidades particularesdas redondezas. Não havia mais vans por perto. Pegou um táxi para voltar ao seu
apartamento em Ipanema. Seus gatos já deviam estar desesperados de fome. Nã
o, talvez sua vó tenha passado lá para alimentá-los. Se ela lembra-se onde sua
neta morava.Passou na frente de um ponto em Copacabana onde havia gente saindo de uma
boate. Pediu para o taxista para deixá-la ali. Ainda era muito cedo para ter
somente a companhia de seus gatos e do escuro do quarto ao som de Leonardo.
Ainda podia encontrar alguém legal, ou alguém gostoso.
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Por uma vida menos ordinária
Short StoryEste livro não tem monges nem executivos. Não te fará um líder eficaz. Não ensinará a ter uma tropa de elite de vendas. Não ensinará como ser legal. Não ensinará como influenciar pessoas. Este livro não têm anões atrás de um anel para queimá-lo. Nem...