capítulo 2;

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Não revisado

"Alguns lobos estão disfarçados em pele de cordeiro, cuidado..."

-desconhecido

Derek

Eu já havia perdido a noção do tempo, talvez estivesse aqui por horas, ou talvez fosse apenas minutos, não sei. Era como se conhecesse aquela mulher por anos, mas ela era uma desconhecida. Uma incrível sensação de paz estava dentro de mim, algo que eu não sentia desde que você me deixou, eu podia sentir você tentando invadir minha mente, mas você não podia, era como se ela criasse uma bolha na qual você não pode ultrapassar, tenho medo "do depois".

-Mas você ainda não me respondeu as três perguntas básicas, quero dizer, que eu julgo ser básica - ela gesticulava com as mãos enquanto se explicava, eu estava atraído por um ser celestial, e se isso for um pecado, eu vou adorar me afundar nele.

-Ah é? E qual seria essas "três perguntas básicas" - fiz aspas com os dedos, eu me sentia leve, meu coração parecia se aquecer a cada sorriso, cada risada que ela deixava escapar.

- Seu nome, sua idade e o mais importante - ela inclinou-se para frente como se a próxima pergunta fosse algo proibido, algo que ninguém poderia escutar - você namora? - o humor, aquele mesmo humor leviano estava presente em sua voz.

Abaixei minha cabeça rindo, eu estava rindo constantemente desde o segundo em que ela sentou-se comigo, a vida estava voltando ao meu corpo, eu iria aproveitar disso.

- Derek Lancaster, 25 anos e não, eu não namoro - abaixei a cabeça soltando uma leve risada, aquilo havia saído mais falso do que eu esperava, ela pareceu notar, pois passamos longos segundos apenas calados - Mas, e você, como se chama?

- Chanel Ranulf - eu conhecia aquele sobrenome, qualquer pessoa que admirasse livros de ficção científica conheceria. Ela percebeu pois deixou um sorriso sem graça estampar seu rosto - Sim, eu sou filha dele, mas isso não importa - revirou os olhos como se soubesse exatamente o que eu pensava - Mas enfim, mesmo que não tenha perguntado, eu tenho 21 anos e não namoro, por isso permito que você me chame para um jantar, a menos que seja gay, ai eu vou entender, mas ainda aceito o jantar.

Ela era intensa de mais. Não tinha medo do que falava, não tinha medo de ser ela mesmo, sua atitude era admirável. Eu só sabia admirar, ela era louca.

- Como pode ter tanta certeza que eu tenho algum interesse por você? - seu rosto mostrou uma expressão de ofendida, mas logo um sorriso travesso surgiu em seus lábios.

- Você pode ser indiscreto demais, se é que me entende - sorriu, a vi olhar para baixo, uma mensagem, ela havia recebido uma mensagem. Uma expressão de puro tédio a tomou. Levantou seu rosto com o pesar nos olhos - Bom, parece que o dever me chama - pegou um guardanapo e rapidamente anotou um número ali - Esse é meu número, me liga, quem sabe podemos marcar algo qualquer dia - e foi assim que ela levantou-se e saiu.

Não ouve despedidas, não ouve nada, ela apenas saiu, e, ao contrário do que o imaginado, algo me dizia que eu a veria novamente. Peguei o papel branco aonde números perfeitamente arredondados estavam escritos, até sua caligrafia parecia com a de um anjo.

Naquele dia você não me atormentou mais, foi um dos dias que eu tive meu alívio, junto de uma boa noite de sono.

Um mês depois

Um mês.
Faz um mês desde que não sou mais atormentado, faz um mês desde que vi aquele anjo, tentei ligar, mas o número sempre dava caixa postal ou ocupado. Ia todas as tardes na cafeteria, já havia virado rotina, meus velhinhos até já estavam habituados a minhas visitas diárias. 

Nesse um mês eu tive minhas melhores noites de sono, voltei a trabalhar na empresa de meu pai, aquilo parecia deixa-lo orgulhoso, minha terapeuta diz que a cada dia eu melhoro mais, e eu acredito nisso. Parece que após aquela simples conversa com Chanell, algo dentro de mim havia se curado, eu estava satisfeito por isso.

Hoje havia combinado com Mark, um grande amigo e sócio, de ir a inauguração de uma balada no centro, saídas estavam começando a se tornar frequente. Me despedi de Mary, minha secretaria, e deixei a empresa, do lado de fora o manobrista já me esperava com minha Porsche preta, entrei em meu veículo rumo a minha casa, precisava de um banho e me trocar.

Morava em um condomínio luxuoso, me mudei semana passada, meu antigo apartamento era cercado de lembranças suas. Deixei meu carro na garagem e peguei o elevador que daria em minha cobertura. Não demorou para que eu tomasse meu banho, me trocasse e logo estivesse na entrada do prédio, aonde havia uma aglomeração, aquilo me chamou a atenção.

O choro de mulher e uma voz masculina, parecia uma discussão, podia escutar a voz do porteiro pedindo para que aquilo parasse, ao redor outros moradores reclamavam. Se estavam incomodados porque não interferiam? Já irritado com tudo aquilo passei por algumas pessoas vendo o que desejei ser apenas uma miragem.

Era Chanell, ela chorava compulsivamente enquanto um homem tentava agredi-la e o porteiro impedia estando no meio dos dois. Porque diabos ninguém havia chamado a polícia? Porque daquela gritaria? Eu apenas sabia que estava com raiva.

-Mas que porra de gritaria é essa? - eles viraram em minha direção, Chanell com puro espanto, o homem com raiva e o porteiro com certo alívio - Pessoas querem dormir, esse é um prédio residencial - minha voz estava firme.

- Não se meta, meu amigo, não quero confusões - era claro que o rapaz não queria arrumar confusão, idiota.

-Daqui pra dentro eu me meto, acho bom sair antes que eu chame a polícia, você está incomodando - por breves segundos pareceu que a raiva do sujeito havia se esvaziado e o pouco de razão havia retornado, ele olhou para Chanell com olhos cheios de fúria antes de sair dali.

Quase todos que estavam ali antes ja haviam voltado para seu apartamento, a fofoca ja estava pront. Chanel chorava encostada em uma das paredes, pedi para que o porteiro saísse, e assim ele fez, mesmo preocupado com a moça. Me aproximei da garota a vendo me olhar com gratidão.

-Oii, se lembra de mim? - um pequeno sorriso estava em meu rosto, queria parecer reconfortante, não sei se deu certo.

-Obrigada - foi tudo o que ela disse - Derek - aquele humor, o mesmo humor da primeira vez. Mesmo com todas as lágrimas e a maquiagem borrada ela ainda era linda.

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Boa leitura....

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⏰ Última atualização: Aug 07, 2018 ⏰

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