A dor que amenizou a outra

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Tenho no meu braço uma marca que sempre olharei com duvidas. Foi assim... Um dia eu estava muito mal, queria sumir daqui, desaparecer! Não tinha comido nada na noite anterior e já era 5h da tarde, quando a minha mãe chegou do trabalho trazendo milho de pipoca, minha vó comunicou-a que eu não tinha comido nada e ela sugeriu: c" faz pipoca". Para satisfazer a vontade delas eu pus a panela no fogo e fiquei esperando ao pé do fogão, refletindo minha vida... Logo feitas, as pipocas precisavam ser retiradas do fogo. Peguei uma vasilha e coloquei-as. Logo me vi com aquela panela nas mãos e uma angústia no peito. Sem muito ponderar, encostei a panela no meu braço e pressionei-a até começar a chorar de "dor". Quando minha vó viu eu disse que fora um acidente, mas não. Foi por querer. Disso eu pude desabafar no choro sem ser pressionada. Chorei muito, mas uma dor cura outra. Eu esqueci por um momento o que tinha me feito chorar e só lembrei da bolha no meu braço. Sempre que queria esquecer algo, eu espetava-a até sangrar e depois chorava até me sentir bem. Foi a primeira vez que me "machuquei", por assim dizer.

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