| Capítulo Dois - Mais perdido que cego em tiroteio |

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Quantas vezes você assistiu um comercial de tv falando sobre as belezas da vida, mostrando pessoas felizes em suas casas de praia em Malibu, dirigindo Ferrari's e tomando sorvete em suas piscinas? Diversas vezes. 

Pois bem, me chamo Carter Thompson e nunca tive nada parecido a comerciais de tv. Não lembro de onde vim, não sei quem são meus pais, moro em um galpão abandonado no Brooklyn com um cara de vinte e dois anos chamado Evan Flint. Evan, tem uma deficiência nas pernas que não as deixam firmes o suficiente para aguentar o peso do seu corpo, é por isso que usa muletas e fica a maior parte do tempo em casa - é eu chamo o galpão de casa. Ele ficou assim por causa do acidente de carro que sofreu com os pais quando era criança e depois disso passou por cada orfanato de Nova Yorque - todos eles alegavam não ter estruturas para cuidar de um deficiente - e quando completou dezoito anos foi obrigado a se retirar e ir morar na rua. Seus cabelos castanhos encaracolados que vão até os ombros, sardas que cobrem boa parte de suas bochechas e uma barbicha na ponta do queixo - que eu já cansei de pedir para ele raspar, mas mesmo assim insiste em dizer que é questão de estilo.

Eu? Bem, com meus cabelos cor de ferrugem, olhos castanhos claro, pele bronzeada - devido a maior parte do tempo que fico na rua cometendo pequenos delitos - e um porte físico pouco atlético - pelo fato de constantemente ter que correr para me safar. É , assalto pequenos estabelecimentos comerciais, pego dinheiro, comida, legumes e vegetais - no entanto, por causa do Evan. Ele é vegetariano -, refrigerantes entre outros. Às vezes ele ajuda quando vou pegar dinheiro no parque que tem aqui perto. Assim que levo a vida, fazendo o que estiver ao meu alcance.

- Como foi o dia hoje?- Evan pergunta logo que entro em casa com a mochila nos ombros e algumas sacolas nas mãos.

- Até que foi produtivo.

Coloco as sacolas em cima da mesa e retiro alguns legumes, latas de ervilhas entre outros. Vou até o sofá e tiro meus tênis que estão com lama no solado e me jogo pra trás.

- Fugiu de alguém?

- Só de um chiuhuahua que correu atrás de mim.

Aquele foi o fato mais estranho que me aconteceu. Tudo começou quando fui pegar sem autorização, a bolsa de uma garota que deixou sobre um banco e quando fui correr passei por esse chiuhuahua que parecia um pedaço de algodão doce perdido. Ele começou correr atrás de mim, por mais que tentasse, continuava me seguindo, tive que mudar meu caminho diversas vezes para ver se o mesmo parava de me perseguir, até que consegui. Deve ter pensado que eu tinha comida para lhe dar, pobre coitado, não tenho nem pra mim.

- Co-como assim um chiuhuahua? - Evan diz se aproximando de mim.

- Um chiuhuahua estranho e sem dono - digo, me importando nenhum pouco com o assunto.

- Ele não fez nada com você? - ele arregala os olhos.

- Não, cara. Estou inteiro - passo minhas mãos pelos meus braços me certificando se realmente não faltava nenhum pedaço - Completamente inteiro.

- Tem certeza que o cachorro não seguiu você? - que droga! 

- Tenho e por que essa preocupação toda por causa de um cachorro? - pergunto, arqueando uma sobrancelha.

- Ne-nenhuma - diz com a voz tremula - É só que... - ele olha pro chão como se ali estivesse a resposta - não temos comida pra dividir com ele! É isso não temos comida pra ele! 

- Eu sei muito bem isso. 

Evan ficou bastante exaltado por causa do cachorro, parecia que ele apresentava um risco iminente para nós. Achei foi graça do seu desespero.

- Quer saber? Vou dormir - me levanto - Amanhã vai ter um evento perto daquela lanchonete que já peguei algumas carnes e pelo visto vai ser bem lucrativo.

Luke Castellan e a Ordem dos DeusesOnde histórias criam vida. Descubra agora