| Capítulo 3 - Alerta! Meio-sangue na área! |

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Uma boa notícia, ainda estamos vivos!

Depois de toda confusão com a Quimera, a velha gorda e a moto sendo pilotada por meu amigo-que-precisa-esclarecer-me-alguns-fatos, conseguimos sair vivos. Agora o caminhão sacoleja pelas ruas do Brooklyn enquanto nós recuperamos o fôlego.

Evan olha para baixo enquanto seu pé, quero dizer casco, mexe em uma latinha de Coca Diet amassada.

- Por onde posso começar? - diz o de cabelos compridos e respira fundo.

- Não sei - digo, olhando para a lateral de ferro do caminhão em que estamos. - Que tal me explicando qual é a dos cascos?

Será alguma nova moda doida? Sei lá, ele é meio doido às vezes. Tudo bem que coisas bastantes doidas aconteceram.

- Então - ele começa. -, lembra quando eu trazia aqueles livros sobre mitologia grega pra casa ou meio que obrigava você assistir aqueles filmes sobre heróis gregos? - ele olha pra mim e eu concordo.

Flint enchia meu saco com todas aquelas baboseiras sobre deuses, heróis e monstros da mitologia grega, era como se minha vida fosse depender daquilo. A palavra mesmo diz que é mito, não existe! Pior era quando ele me fazia recitar A Odisseia em latim, quem em pleno ano de 2016 fala latim? Ah, deixe-me responder, ninguém!

- Os deuses não são somente mitos, Perseu não foi somente um herói "inventado" - ele faz aspas com os dedos quando pronuncia a última palavra. - pra mostrar para crianças como ser corajoso diante de situações difíceis. Atena não tinha rixa com Poseidon antes de flagrá-lo em seu templo com Medusa.

Posso falar a verdade? Eu estava quase rindo da cara dele. Sério, todo o olhar cauteloso que ele me lançava, dizendo cada palavra com extremo cuidado era de certa forma cômico.

- Eles são reais e nós fazemos parte disso - ele aponta para o próprio peito e depois aponta para o meu. - Tenho cascos no lugar de pés porque sou um sátiro. Sou metade homem e a outra metade bode. O monstro que você lutou contra, era a Quimera, uma das filhas de Equidna.

Não aguento mais e explodo em uma gargalhada que prendia desde o começo do discurso. Jogo-me pra trás, abraçando minha barriga que dói pelo esforço e meus olhos começam a lacrimejar ao lembrar do drama que ele está fazendo. Até parece que Zeus ou Poseidon existem de verdade! Ele é um sátiro? Estou achando que os remédios que ele usa para dor, devem ter causado algum efeito colateral. Meu rosto queima e provavelmente estou vermelho também.

Evan me olha incrédulo, acho que o mesmo não esperava que fosse reagir daquele jeito.

- Foi muito boa a piada - digo enquanto limpo as lágrimas que estão escorrendo de meus olhos e me endireito no sofá novamente. - Você se daria bem como comediante, viu.

- Carter, isso não foi uma piada - diz sério. - O que estou tentando dizer é que todo esse tempo venho preparando você, os livros que leu, os filmes que assistiu não foram em vão! Daqui por diante precisará de todo esse conhecimento adquirido.

- Para que agora está me assustando - digo olhando-o nos olhos.

- É mesmo de se assustar, afinal, Carter, você é filho de um deus ou uma deusa.

Eu paraliso, o oxigênio some dos meus pulmões, meu coração acelera como se fosse um carro de fórmula um e meu estômago está revirando.

- Carter, sei que foi diagnosticado com dislexia e transtorno de déficit de atenção. Ler grego antigo é mais fácil pra você, pois sua mente foi programada para isso. Seus reflexos são melhores do que o de um mortal qualquer e são eles que o mantêm vivo no campo de batalha. Seus problemas de atenção é porque enxerga demais. Tudo junto é um sinal certeiro do óbvio. Você é um meio-sangue.

Luke Castellan e a Ordem dos DeusesOnde histórias criam vida. Descubra agora