Quatro da madrugada.
Ela estava acordada, quando deveria estar dormindo. Coloca o travesseiro tampando os ouvidos, o som na sala está alto. Tentativa em vão, a porta do seu quarto vibrava como se estivessem em meio a um terremoto leve.
O quarto, apesar de longe da sala, sofria do mesmo jeito. A casa toda, ela é sua mãe haviam se mudado do pequeno apartamento e decidiram comprar uma casa de verdade há muito tempo.
Na pequena sala, Natália rabiscava com giz de cera em um papel branco. Sua mãe sentada no sofá com o controle na mão, mudando de canal sem realmente ver a programação.
Três batidas seguida na porta do pequeno apartamento. Um longo minuto de silêncio, até ser interrompido por mais três batidas.
A mulher, sua mãe, levanta e caminha até a porta, olha pelo olho-mágico antes de abrir a porta. Revela a figura da sindica, uma mulher alta de longos cabelos castanhos.
-- Boa noite.
-- Boa noite senhora Simmons, temos uma conversa pendente, então tomei a liberdade de vir até aqui -- Fala em tom sério.
-- Não, tudo bem, pode entrar -- Se afasta, dando espaço para que a mulher possa passar -- Sente-se.
A mulher tira o casaco e senta no sofá.-- Deseja alguma coisa, uma água? -- Oferece educadamente.
-- Não, prefiro um café, se não for incômodo.
Amanda Simmons parte em direção a cozinha.
-- Você é uma garotinha muito bonita, qual o seu nome?
-- Natália Simmons.
-- Um nome muito bonito...
Sua mãe entra na sala com uma xícara de café e entrega para a mulher, que agradece.
-- Natália, você já fez o dever de casa?
-- Não, mãe.
-- Vá para o quarto fazer seu dever, Natália
-- Por quê? -- Contesta, deixando na mesinha, os rabiscos.
-- Conversa de gente grande que criança não pode escutar.
(...) - Dia seguinte...
-- Natália, vamos nos mudar, vamos ter uma casa de verdade -- Anuncia.
-- Mãe, sério?!
-- Sim -- A abraça de lado -- Vamos, vamos ter uma vida nova.
Ambas sorriram cúmplices.Nem tudo que é dito, se cumpre. Nada mudou. A cada ano ela via que isso sempre se repetia.
Sua mãe, Amanda Simmons, nunca parou de beber, se hoje ainda vivem em uma casa e não foram expulsas por causa do som alto é por que a casa é delas, uma parte da promessa ela cumpriu, isso Natália não podia negar.Joga o travesseiro na cama e levanta bruscamente, sai do quarto. Ela não aguentava mais tudo aquilo, as festas de madrugada, o som alto ou voz da sua mãe bêbada. Entra na sala e desliga o som, os convidados surpresos olham para ela.
-- Eu não mandei você desgar o som, Natáli. O que você tá fazendo -- Soluço-- aqui?
-- É minha casa também! São quatro da manhã, fora todo mundo, a festa acabou! -- Entre muitos resmungos, os convidados foram embora.
-- Mãe vá dormir, por favor.
-- Eu no quero durmir, eu quelo tomar mais -- A fala toda embolada por causa do álcool, segurando uma garrafa.
-- Não -- Tira a garrafa das mãos dela -- Você vai dormir, sim, e agora. Nada de bebida, por mim, você não beberá uma gota de álcool tão cedo.
Segura Amanda pelos ombros, arrasta-a junto consigo até o quarto. A colocou na cama, tirou seus sapatos e colocou o lençol sobe ela. Natália decidi arrumar a bagunça da festa, sozinha.
-- Pronto, tudo arrumado -- Olha para o relógio de parede -- O tempo passou rápido, já são seis da manhã! Ah! Como é que eu vou pra escola assim?! Eu nem dormi direito!
Faz um desjejum rápido, um café preto forte e uma caixa de biscoitos que encontrou na despensa. Faz sua higiene e parte para a escola.
(...)
Natália dormia encostada em um árvore no meio da escola, não foi fácil responder a prova no estado em que ela estava, morta de sono. Depois teve uma conversa com a diretora, suas notas estão muito baixas e por isso teria que ter aulas extras.
Quando dizem que pior não pode ficar, sim, pode ficar. Uma laranja caiu em sua cabeça, interrompendo seu sono de forma brusca.
-- Quanta maré de azar...
-- Oi, bom dia! Eu gostaria de falar com você -- Fala um garoto, dois metros de distância dela.
Quem será esse? Aparece feliz da vida no meio da minha má sorte, tá de sacanagem.
-- O que você gostaria de falar com minha pessoa? -- Seu tom é debochado, mas isso não faz o sorriso educado do garoto desaparecer.
-- Você é a Natália Simmons?
-- Sou, desde de que colocaram esse nome na minha certidão de nascimento.
-- Eu estou fazendo uma pesquisa sobre religião, minha parte é especificamente sobre as pessoas ateístas. Você aceita fazer parte dessa pesquisa?
-- Aceitar, eu aceito, mas com uma pequena condição.
-- Qual?
-- Comprar um chocolate quente, por que ainda que com apenas esses 18°C que a Flórida nos proporciona, eu sinto frio -- Sorriu condescendente.
-- Somente se você responder minhas perguntas durante o caminho.
-- Tudo bem, já enfrentei coisas piores. Vamos! Vai ficar parado aí? -- Os dois seguem juntos.
(...)
Sentados em um banco na praça, os dois bebiam chocolates quentes.
-- Até agora você não falou seu nome. Sabe, estou pensando seriamente que você seja um agente secreto da CIA, que não queira me colocar em risco em meio a uma de suas missões -- Natália bebe um gole do chocolate.
-- Você tem uma mente muito fértil! -- Ambos riem -- William.
-- O que?! -- Pergunta voltando depois de um momento de distração.
-- Meu nome. William Murphy -- Fala tentando ficar sério, segurando o riso.
-- Oh! Desculpe! -- Fala sem graça. William acaba soltando uma gargalhada -- Não fique rindo de mim, é sério Murphy!
-- Tudo bem. Você disse que se tornou ateia aos quinze anos, o que te levou a tomar essa decisão?
-- Isso faz parte da pesquisa? -- William nega -- Eu comecei a desacreditar nas coisas, depois de muitas decepções as pessoas se tornam assim, desacreditadas.
-- Se você tivesse motivos para acreditar no contrário, você mudaria de decisão? -- Pergunta incerto, coçando a nuca.
-- Acredito que sim...
-- Então lhe darei motivos suficientes para acreditar. Você aceita? -- Ela não tem nada a perder...
-- Aceito, mas seu tempo é curto, só terá três dias até o Natal, aceita o desafio?
-- Aceito -- Apertam as mãos, selando um acordo.
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## Passando aqui para divulgar uma one que eu fiz, foi espontâneo. Culpa - https://my.w.tt/UiNb/4rAEMOEfLH
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3 dias para o Natal
RomanceNatália tem 17 anos e não, ela não acredita em papai noel ou coisa do tipo. Todos as chamam de descrente, por acreditar no real, na realidade, ser tão cética em relação às pessoas. Todos podem mudar, até mesmo a pessoa mais cabeça dura pode mudar, s...