2 dias antes do Natal

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O celular tocava incansavelmente sobe a cômoda. Sábado, dia 23 de dezembro, poucos dias para o Natal, as famílias ficam ansiosas para se reencontrarem, enquanto ela é acordada pelo celular irritante, ansiosa para ele desligue sozinho. Será que ela nunca teria paz para dormir?

-- Alô? -- Atende sonolenta.

-- Você ainda está dormindo Natália?

-- Não, você acabou de me acordar William, o que houve?

-- Você ainda pergunta? Vá se arrumar, nós temos outro lugar para ir.

-- Uma hora dessas da manhã?

-- São 10 horas e meia, não é mais de manhã.

-- Tá bom...Vou me arrumar, satisfeito?

-- Não, mas dá pro gasto. Eu vou te buscar, me diz teu enderenço.

-- Vou mandar por mensagem, tchau.

-- Tchau -- Desliga o telefone.

Aproveitou a cama por mais dois minutos, até levantar e fazer sua higiene matinal. Olhou para a guarda roupa, como é que ela iria achar uma roupa decente no meio daquelas pilhas?

O jeito foi procurar, tirando as roupas bonitas em sua opinião e as colocando na cama, as outras voaram e aterrissaram no chão.

-- Com qual roupa eu vou? -- Pergunta para si mesma. Desde de quando se tornou tão difícil escolher um mísero pedaço de pano? Ela nem sabe para onde vai... Seu subconsciente responde por ela.

Desde de ontem, quando você estava com o William.

Ela só podia estar pensando demais, ignorou aquela vozinha irritante e pegou uma roupa qualquer.

(...)

O carro branco parou em frente a sua casa. Natália asqueou as sobrancelhas quando motorista saiu.

-- Você tem um carro e fomos de trem para um lugar longe, uma ótima lógica.

-- Hoje ele é meu, mas segunda é da minha mãe, infelizmente. Sua casa até que é bonitinha...

-- Como você imaginava que fosse?

-- Toda preta, por dentro e por fora -- Fala sorrindo.

-- Você acha que eu sou gótica?!

-- Nem um pouco! -- Natália soca seu ombro -- Talvez um pouquinho...

-- Vamos logo, garoto -- Abre a porta do carro.

-- Mandona...

-- Disse alguma coisa?

-- Disse que não tem show da Madonna.

(...)

Pararam o carro em frente ao Hospital Central. Natália fica receosa, a atmosfera dos hospitais é densa. William foi até o balcão de informações, conversou com a atendente e sorriu para Natália, eles poderiam entrar.

-- O que viemos fazer aqui? Eu não gosto de hospitais Will....

-- Você está com medo? -- Pergunta receoso, Natália nega prontamente -- Não precisa ter, nós iremos visitar as pessoas que estão em tratamento contra o câncer. Temos que dar apoio a eles, a maioria praticamente vive no hospital.

-- Eu não me imaginaria nessa situação, hospitais são estranhos...

-- Mas não são monstros, coragem garota! -- Só William para a fazer sorrir em um hospital.

(...)

As pessoas naquele lugar, lutam com afinco pela sua vida, pela chance de construir um futuro. Crianças, adultos, idosos, nenhum deles é poupado dessa doença, muitos sucumbem outros ficam curados, mas ambos são heróis.

William tem jeito para cuidar das crianças, ele consegue a atenção delas facilmente. Sorrio, William é diferente de mim, sua família, sua vida...

-- Simmons, né? -- Afirmo que sim -- Deseja ser nossa juíza? Alana sabe trapacear como ninguém, fique de olho nela -- Fala uma senhora em meio a uma roda de idosos jogando baralho.

-- Como se você fosse honesta, Brianna -- Retruca a outra senhora.

-- Eu aceito, não fiquem brigando, por favor.

-- A briga delas é que dá emoção a este jogo! -- Afirma um senhor.

-- Você só sabe perder Ruan -- Todos riem.

O tempo passa rápido, todas as vezes que estou com William é assim. Os idosos me divertiram muito, com suas pequenas discussões, contando a história de suas vidas.

Brianna me contou sobre sua vida, quando perdeu seu marido e ficou viúva, seus três filhos, os seus dois netos, as viagens que fez ao lado da família.

-- Eu não me arrependo de nada. Fiz e faria novamente, mas há algo que me arrependo profundamente, eu amava meu marido, mas deixei um amor de adolescência escapar entre minhas mãos.

-- O que aconteceu? -- Pergunto curiosa.

-- Eu era muito ciumenta. Um dia eu o vi beijando uma garota, não o deixei se explicar e acabei o namoro. Hoje, eu fico pensando como seria minha vida se estivesse ao lado dele.

-- Isso é poético... -- Falo distraída.

-- Você está com cara de apaixonada... É aquele garoto, o Murphy? -- Deduz Brianna, fico vermelha por um momento.

-- É possível a pessoa se apaixonar em poucos dias?-- Pergunto incerta, ainda envergonhada.

-- Tudo é possível, quando se ama Simmons. Todos aqui lutam por algo, é preciso ter algo para ter forças para lutar, para suportar as coisas da vida, principalmente alguém para dividir. Desacreditar na vida, não vai faze-la feliz, apenas a afundara ainda mais. Acredite em Deus, e ele mudará sua vida. Escute os mais velhos.

-- É uma ordem Brianna?-- Pergunto divertida.

-- Sim, é uma ordem -- Responde entrando na brincadeira.

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3 dias para o NatalOnde histórias criam vida. Descubra agora