Always the same

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O mesmo caminho, o mesmo corredor, as mesmas pessoas... Até o cheiro se mantém igual. Nunca pedi nada disto, desejava ser igual a todas as outras raparigas. Desejava poder fazer imensas festas e na minha mala a única coisa que tivesse de carregar fosse o telemóvel, mas não. Tenho de levar sempre os meus medicamentos comigo, e se me arrisco em não os tomar, descontrolo-me. As minhas trocas de humor são repentinas, e, sinceramente, não culpo quem se afasta de mim, até eu me sinto cansada...

Se pelo menos me dessem a oportunidade de ter um milagre, eu prenderia-me com tudo nele.

Esta sou eu, Blair Black. A minha idade? 19 anos. Onde eu estou? No edifício do psiquiatra. Porquê? Porque fui diagnosticada com ansiedade e depressão. Se já tentei partir para outro plano? Claro. Se consegui? Não necessito de responder, acho que se estou aqui a contar tudo, é porque não.

Sou uma caixinha de segredos, mas quem os quer saber, tem de ser paciente.

As pessoas aqui tentam fingir que se importam comigo, chega a ser hipocrisia -suspiro- mas enfim, entro muda saio calada.

Tommy era um dos meus melhores amigos, sou sincera, ao início achava-o super lambe-botas mas agora é talvez uma das pessoas com quem desabafo neste inferno!

- Olá Blair! Já soubeste das novidades? -sorria amigavelmente dando-me um abraço caloroso.

- Olá? -franzi as sobrancelhas- Novidades? -perguntei.

-Sim! O professor Anderson meteu baixa, teve de ser substituído por um novo psiquiatra...

NÃO! Eu já odiava este sítio, mas o professor Anderson era, talvez, das pessoas que mais paciência tinha... Eu não estou preparada psicologicamente para um novo psiquiatra!

-Desculpa Blair... -terminou, lançando-me um ar penoso. Apenas assenti e virei as costas.

Não... Não, eu não aceito, eu não quero! Respira fundo Blair. Calma. Já sinto o meu coração a dar sinal...

Lanço a mão ao peito numa tentativa de o abrandar. Começo a caminhar lentamente pelo corredor já avistando a grande porta de madeira.

Eu sou capaz, respira Blair.

Lancei a mão à porta dando três leves batidas fracas na mesma, ouvindo de seguida um "Entre". É agora...

Que seja o que deus quiser.

Healing Scars Onde histórias criam vida. Descubra agora