Fear

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As minhas mãos suavam frio, o meu corpo tremia involuntariamente. Na minha cabeça passavam múltiplas súplicas de fuga, uma parte de mim dizia para eu enfrentar os meus medos, mas, por sua vez, a outra implorava-me para eu sair de lá o mais rápido que conseguisse.

Por vezes questiono-me se é possível haver alguma razão para eu ter tantos problemas, todos eles psicológicos que me vão corroendo mentalmente, pensamentos mortíferos que por vezes me impedem de estar sã perante os meus comportamentos. 

Eu pergunto-me, até onde será que a mente de uma adolescente aguenta? Porquê que eu tenho de sofrer às custas de tudo isto? Onde é que eu arranjo toda esta força para continuar? Sinceramente, estas são questões às quais eu nunca irei saber responder.

Respirei fundo, inalei o máximo de oxigénio que os meus pulmões permitiam e lancei a mão trémula à maçaneta da porta, girando-a, dando de caras com o meu novo psiquiatra.

Diria que tem por volta dos seus 50 anos, cabelo grisalho, barba aparada e a pele levemente rugosa.

- Boa tarde, menina Black. -Encarou-me levanto-se da sua cadeira e apertando a minha mão gentilmente- Por favor, sente-se -disse, sentando-se.

- Boa Tarde. -Suspirei encarando o vazio. 

Aproveitei enquanto o velho homem analisava alguma coisa no seu computador, para observar toda a decoração do consultório. Era todo decorado com paredes brancas listadas a meio com preto, móveis pretos e brancos e alguns em tons de cinza. Algo típico de consultórios.

Fui despertada dos meus desvaneios por um pigarrear vindo da figura à minha frente.

- Foi-me impossibilitado o acesso às suas observações do seu psiquiatra anterior, de modo não tenho qualquer informação a seu respeito neste momento. Irei necessitar de descarregar a sua ficha médica, irá ser por lá que irei ver as suas medicações, obviamente, se as tomar. A menina já toma algum tipo de medicação? -perguntou baixando os seus óculos até meio do nariz.

- Se eu tomo algum tipo de medicação? -sorri sem vida.- Sim.

- Certo, como eu disse, agora não tenho aqui comigo quaisquer informações a seu respeito, mas no entanto, nas próximas consultas irá correr tudo normalmente. Hoje foi apenas uma excepção. Para além de psiquiatria, frequenta algum psicólogo? 

- De momento não. Frequentei com... -tentei-me recordar- 14 anos, mas não me dei bem com a psicóloga e acabei por desistir. Acho que fiquei com um certo medo de voltar -mordi o lábio inferior.

- Entendo. Mas, por acaso, eu tenho conhecimento de um bastante eficiente, aconselhava-a vivamente a pelo menos pensar sobre o assunto! Espere aí, eu acho que... -este baixou-se procurando algo no meio de uma imensidão de papeis e folhas soltas exclamando algo de seguida- aqui está! -entregou-me um pequeno cartão preto com letras a dourado com o nome "Psicólogo Justin Bieber" escrito e um número de telemóvel acompanhado por uma morada- pense nisso, seria bom desabafar com alguém que a ajudasse a entender os seus problemas... -encarou-me apertando a minha mão novamente.

Assenti, levanto-me da cadeira e saindo do consultório.

Reli aquele pequeno cartão e suspirei, caminhando para a saída do edifício.

Será isto que devo de fazer?

O meu coração começou a bombear como nunca, uma sensação de aflição voltou a surgir. A mesma sensação de sempre, a sensação à qual eu nunca me irei habituar.

A sensação de medo.

Medo de que tudo aconteça novamente, medo de trazer o meu pânico à tona.

Não. Eu não vou ceder. Eu vou apenas respirar fundo.

Psicólogo Justin Bieber, hum? Será este o meu caminho?


Continua...

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