Prólogo

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Todo o seu corpo doía por diversos motivos, mas as paredes fluidas e gélidas começavam a adormecer todos os seus sentidos. O pirata não sabia ao certo o que tinha acontecido, estava perdido, sem saber se possuía seus olhos abertos ou não. Tudo havia acontecido rápido, rápido até de mais, por conta disso não havia puxado ar o suficiente. Sabia que se desesperar iria piorar tudo, mas tudo estava confuso, tudo o que via era a mais completa escuridão e o frio agonizante parecia se infiltrar por entre suas roupas e chegar até seus ossos. Toda a dormência que fora causada pelo frio agora se tornava agonizante. Ele estava afundando sem ter forças para lutar contra.

Um som abafado se fez presente, assim como suas vibrações que repercutiram em seu corpo, o fazendo abrir os olhos em alerta. O preto era substituído pelo verde escuro e sombras de objetos inidentificáveis completavam o ambiente, agora sabia onde estava. Olhando para baixo podia ver seu pé preso entre um dos destroços, automaticamente abaixou-se e se soltou. Apesar de se encontrar livre do que o fazia afundar, não possuía forçar para voltar. Quanto mais fundo ia mais a dor em seus pulmões se tornava agonizante, eles se comprimiam em busca de oxigênio enquanto ele tentava ao máximo lutar contra isso. Tentava desesperadamente fazer suas pernas e braços trabalhar, mas ambos estavam muito machucados.

A dor se tornava cada vez pior, não apenas as dos pulmões, mas todas elas. Desde as físicas, as mentais e emocionais. De repente lutar pela vida não parecia tão interessante assim. A agonia apenas crescia a medida que suas forças diminuíam e as lembranças dolorosas tomavam todo o espaço em sua mente. Não era suposto que antes de morrermos vemos nossos momentos felizes?

Visões de diversos pares de olhos passavam por suas mente. Os azuis carinhosos de sua mãe, que sempre esteve ali por ele, o cuidando, apoiando e incentivando. O pensamento de provocar dor a sua mãe fez com que tentasse voltar, mas o mínimo esforço feito destravava a pior dor que já havia sentido na sua vida. Parou assim de lutar, ficando inerte e rendendo-se as lembranças que sua mente proporcionava.

Os próximos olhos eram os de suas irmãs, Todas sorriam, as mais novas com alguns dentes faltando e todas com as ruguinhas característica dos Tomlinsons. A imagem mudava e ele agora via ele e Malik correndo de alguma coisa, não se lembrava do que exatamente, mas sabia que gostava dessa memória. Diversas outras memórias de diversas outras pessoas passavam em flashs por suas mente, memórias felizes, tristes, engraçadas e etc. Todos os sentimentos tinham presença por entre suas memórias.

De repente uma memória se tornou mais vivida, como se fosse mais importante e, de fato, era. Nightmare aparecia em sua memória com toda a sua gloria resplandecente, porem esses não era o exato barco de Tomlinson, era uma versão antiga. A imagem que o pirata via era do dia em que conquistou seu tão precioso navio. A cena se passava em câmera lenta, ele era um expectador em sua própria memória, observando toda aquela confusão que o rendeu seu maior tesouro. Em poucos segundos se encontrava ao lado de uma versão mais nova sua, que comemorava junto de todos os seus homens. Sua versão falava de como todos eram valentes e vitoriosos, alguns elogios feitos por xingamentos e como a ultima fala de seu discurso dizia como seu pai estaria orgulhoso daquele saque. E então a memória se desfez, Louis estava novamente no frio e a dor parecia estar no seu estado mais avançado, não conseguia sentir mais suas pernas e braços.

Uma nova memória se formou, mas não tão viva quanto a ultima, seu pai aparecia na visão ensinando, a uma versão infantil sua, como tudo funcionava dentro de um barco, todas as milhares de funções de cada pessoa, de cada corda, de cada pedaço de madeira. O amor de seu pai por barcos era o mesmo que tinha por seus filhos. A nova lembrança formada o mostrava quando adolescente sentado no convés com seu pai ao por do sol, enquanto bebiam, o mais velho encaixava sua mão na cabeça do filho e bagunçava seus cabelos, enquanto dizia que sua maior alegria era ter seu filho como companheiro.

Olhos verdes dominaram a cena, Tomlinson não precisava pensar muito pra saber de quem eles eram, conseguiria reconhecê-los ate mesmo na escuridão. As memórias envolvendo tais radiantes olhos verdes eram, em sua maioria, recentes. Os sentimentos presentes nelas eram diversos e bagunçados, amor, carinho, mágoa, ódio... Tudo rodava em sua cabeça fazendo a dor que sentia se tornar mais vivida. Afinal que era culpa dele o fato de estar afundando e em agonia. Mas seus pensamentos estavam sem nexo já, o oxigênio que inalou estava em seu ultimo resquício e as forças que tinha para lutar contra a invasão do fluido ja estavam extinguindo-se.

Porem, mesmo que quisesse as visões de cabelos cacheados, olhos hipnotizantes e covinhas não abandonavam sua mente. O sorriso de Styles sempre fora cativante, e mesmo agora, a beira da morte, não deixava de achar isso. Forçava sua mente já exausta a lutar contra aquilo, Harry havia o traído, havia mentido para ele, o enganado, era responsável pela maior dor emocional que Tomlinson já havia sentido e responsável por onde Louis estava agora: Afundando para morte.

Finalmente a dor chegou ao seu máximo, a pressão apertava o pulmão de Tomlinson como se uma montanha o estivesse esmagando, sua garganta comprimia e a cabeça latejava como se fosse explodir. E tão natural quanto puxar ar, o pirata abriu sua boca e narinas para que liquido escuro e sujo no qual estava mergulhado preenche-se o local antes designado a oxigênio. A dor havia sumido, não sabia se a água entrava em si rápida ou lentamente, a única coisa que sabia era que seus pulmões, garganta e cabeça não doíam mais. Nada doía mais.

Paz preenchia sua mente, suas memórias haviam parado de aparecer e agora a única coisa que ele via era a escuridão novamente, havia fechado os olhos quando a água começou a entrar. Não achava sua morte tão ruim, havia vivido uma boa vida. Talvez seu fim tivesse sido inusitado, sempre achou que iria morrer durante algum saque, mas ser morto por aquilo que ele mais ama não parecia tão ruim. Havia passado a maior parte de sua vida no mar e quando morresse ele seria jogado a ele. Havia, então, apenas poupado a parte de terem que jogar seu cadáver ao mar. Poupado não, haviam o poupado. A imagem de Harry o empurrando aparecia vagamente em sua mente, mas Louis a ignorava, já não tinha mais forçar para pensar em nada.

Ainda podia sentir o resquício do frio, mas percebia que quanto menos frio sentia mais sua mente estava se esvaindo. A água fora sua casa por muitos anos, e agora ele poderia fazer parte dela para sempre, fazer parte de sua beleza agressiva. De todas as mortes que ele sabia que poderiam vir a si, essa era de todas a mais poética. Afogado por seu amor.

Sua mente apagou, dando espaço ao desfalecimento, logo mais seu coração pararia de bater, mas o mesmo não iria sentir. Seu corpo afundava junto com pedras, madeiras, ouro e corpos de outros homens que, assim como ele, caiam ou eram empurrados para a água. Quando estava perto de atingir o solo arenoso um par de mãos o agarram e o puxaram para cima.

Hello, pessoinhas! A voz a quem vos fala é a autora deste protótipo de fic. Esse é o meu primeiro trabalho publicado, então peço paciência caso qualquer coisa aconteça. Como uma experiencia nova pra mim, eu ainda irei aprender diversas coisas para melhorar a experiencia de vocês ao lerem ela. Agradeço desde já a todos que estão dando uma chance a ela.

~ Morpheu 


The Sea's Wish (L.S. Pirate!Au)Onde histórias criam vida. Descubra agora