Chegando na cafetaria, Nick e Ana se sentam na mesa perto da janela e a garçonete anota seus pedidos. Nick olhava pela janela o movimento agitado das ruas do distrito de Lisboa. Distraído, nem percebe que a garçonete havia trazido os cafés que haviam pedido.
- Ahn, Nick. - Diz Ana chamando a atenção.
- Hm?
Ana aponta com os olhos para a mesa, indicando o café que estava a sua frente.
- Ah, desculpe - Diz Nick pegando o copo - Eu estava um pouco distraído.
- Você parece cansado. - Diz Ana, percebendo sua expressão de cansaço.
- Sim - Afirma Nick - Eu passei a noite em claro.
- Então você realmente precisa disso! - Declara Ana com uma pequena risada.
- Sim! - Responde com um sorriso.
Nick aproximava o copo de sua boca, quando Ana faz uma pergunta que não queria ter ouvido:
- Então, como vai a sua família?
Ouvindo isso, Nick parou instantaneamente, e aquela cena volta a sua cabeça.
Cinco anos atrás sua família foi morta em um assalto, e por algum motivo da qual não se lembra, Nick foi o único que sobreviveu aos tiros.Ao perceber seu sorriso desaparecer e ver tristeza em seus olhos, Ana percebe que não devia ter tocado nesse assunto.
- Me desculpe! - Diz Ana arrependida, abaixando suas orelhas e olhando para baixo - Eu não devia ter perguntado isso!
- Não, tudo bem - Diz com um sorriso melancólico e bagunçando o cabelo de Ana - O que passou, passou.
Ana contribui com um sorriso.
De repente, Ana levanta suas orelhas rapidamente e vira sua cabeça para a janela como um cão em alerta.
- O que foi?
- Não sei. Estou com uma sensação estranha... É melhor nós irmos.
Então eles pagaram pelo café e saem daquele lugar, andando sem destino. Ao andarem por algumas ruas, Ana percebe que alguém fazia o mesmo trajeto que eles.
- Estão nos seguindo - sussurra para Nick.
- O qu- Pergunta para Ana, mas ela o interrompe com um gesto de silêncio.
Ana indica para entrar em um pequeno beco que tinha a alguns metros deles. E ao entrar, esperam que o perseguidor os siga para dentro daquele lugar. Como planejaram ele entra, e nisso Ana o agarra pelos ombros e o lança contra a parede.
- O QUE É QUE... - Ana começa a perguntar em voz alta, mas ela reconhece quem os perseguia. O perseguidor era... - ROMEU?!
-S-surpresa! Hehe... - Exclamou Romeu um pouco assustado com a força em que Ana o havia lançado contra a parede.
Romeu era um lobo de pêlo bege, cabelo preto com vermelho e uma leve barbicha ruiva.
- Por que estava nos seguindo? - Pergunta Ana desconfiada, soltando Romeu.
- Na verdade - Começa a explicar - Eu precisava falar com você, e soube que estava na estação...
- E... - Questiona Ana, levantando uma das sobrancelhas.
- E aí eu fui lá para falar com tu, mas eu vi vocês dois juntos conversando, e então decidi ficar só de olho em vocês.
- Aí você ficou nos seguindo? - Pergunta Nick.
- Sim! É que eu não queria atrapalhar o namoro dos dois! - Diz Romeu em tom de gozação.
Ao dizer isso, Nick e Ana olham um para o outro, e Nick fazia uma expressão que Ana conseguiu decifrar : Posso espancar ele um pouco?
Ana balança a cabeça indicando "não".
- Então - Começa Ana a dizer com um sorriso forçado - tá aí! Nick, Romeu, Romeu, Nick.
- Romeu? - Pergunta Nick levantando a sobrancelha direita.
- Sim. - Afirma Romeu.
- Então cadê a Julieta? - Pergunta provocando Romeu.
- Já já eu te mostro a Julieta na sua cara! - Responde irritado.
- DÁ PRA PARAR VOCÊS DOIS?! - Gritou Ana.
- OK - Diz Romeu e Nick em unitom.
- Fala logo - Volta a falar abaixando o tom da voz - O que você queria Romeu.
- É sobre aquele nosso "pequeno trabalho".
- Tá falando sobre...
- Sim.
- E não tem como dizer aqui? - Pergunta Nick impaciente.
Romeu olha ao redor e continua:
- Aqui não é um bom lugar. É melhor irmos para minha "base".
- Okay. - Disse Ana.
- Ok então! - Disse Nick.
Os dois começaram a seguir Romeu.
" Já vi que vai dar um rolo..." pensava Nick intrigado sobre do que se trata esse "pequeno trabalho".
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Two sides
General Fiction"Então todos olhavam para ele aterrorizados, pois o que viam não era mais o Nick. Seu olho direito estava amarelo e tinha manchas cinzas como pêlo de lobo, e o mesmo sangrava. E ele esbanjava um sorriso maligno, como se a própria besta tivesse...