A dor precisa ser sentida

62 6 0
                                    

Quando o Dr. vira a cadeira, colocando se todo o seu corpo em minha frente percebo que era o enfermeiro que tinha me ajudado há alguns minutos atrás, então olho para ele e falo :

- Me desculpe acho que entrei na sala errada. -Falo com a voz trêmula.

- Sente-se, você não entrou na sala errada eu sou o Dr. César Freitas. -Diz ele olhando para mim, com a voz de autoridade e calma.

- Letícia o que tenho para contar para você não é nada fácil, quero te pedir que fique calma, você pode fazer esse favor para mim? Vou esclarecer todas as suas dúvidas mais preciso que me escute com atenção. -Diz ele com uma expressão de dor e ao mesmo tempo com muito profissonalismo.

Como pode um médico tão jovem não se comover, parece que já está tão acostumado com esses casos que sua expressão é totalmente segura e calma ao falar da morte.

- Está bem Dr. - Respondo com a voz trêmula e calma, já estou quase desabando em lágrimas mais tento me recompor para escutar com atenção tudo o que ele disser.

- Bom Letícia a notícia que tenho para você não é boa e estou tentando encontrar as palavras certas para te dizer, mas não consigo encontrar uma maneira te dizer...  Seus pais chegaram no hospital em uma situação muito crítica, as chaces deles sobreviverem eram raras.  Seu pai teve traumatismo craniano e múltiplas fraturas interna, uma dessas fratura atingiu a lombar o que o causaria a perda da movimentação das pernas.  Tentamos fazer de tudo para salvá-lo porém ele teve quatro paradas cardíacas na sala de cirurgia nas três primeiras conseguimos reanimar porém na última parada ele não resistiu. - Diz ele olhando para mim, olhando diretamente nos meus olhos com uma expressão de dor e pena ao mesmo tempo.

Nesse momento eu já estava com os olhos vermelhos e não controva mais minhas lágrimas, e comecei a chorar,  coloquei as mãos no rosto sem saber o que dizer ou fazer a única coisa que eu queria era ver meu pai, abraçá-lo com força e disser o quanto eu o amo e sou grata por tudo que ele já me fez...  Então como um deijavu começo a lembrar do meus primeiros passinhos a onde meu pai me segurava minhas mãos para que eu não caísse...e agora quem irá me segurar para eu não caír .  - Começo a andar de um lado para o outro na sala e começo a ficar nervosa e falo olhando para o Dr. :

- Eu quero ver meu pai, quero ver- lo agora você não pode me impedir. E me viro para abrir a porta quando sou impedida por ele.

- Você não pode sair daqui nesse estado. - Diz o Dr. César.  E logo em seguida eu repondo:

-Você não pode me impedir, tenta se colocar no meu lugar, eu só tenho eles e eles só tem a mim. - Digo me virando para ele que está em pé perto da sua mesa agora. - tento me apoiar na porta e acabo sentando no chão com as costas na porta, colocando meus braços em volta dos meus joelhos, e começo chorar de soluçar, até que ele vem até a mim e pega nas minhas mãos me erguendo e me dá um abraço e diz:

- Você precisa ficar calma, sua mãe está em coma porém estamos fazendo de tudo para que ela fique com o mínimo de sequelas possível, que ela comec a se recuperar o mais rápido possível.

- Ao ouvir isso o abraço com tanta força e digo:
- Eu quero vê-la, preciso ver minha mãe por favor Dr. - Nesse momento ele se afasta de mim com delicadeza e me conduz até a o quarto dela.
- Bom deixar você entrar porém tente não fazer nada que a prejudique. Lembre que ela está em coma induzido, isso significa que à qualquer momento ela pode acordar, se isso acontecer me chame pois eu e minha equipe precisamos fazer uns exames médicos para ver se ficou com alguma sequela no cérebro, pois precisamos fazer uma cirurgia a pancada foi muito forte o que deixou sangramentos na região interna do membro cerebral. -Diz o Dr. César

- Ao entrar na sala tento me conter para não chorar, mais é impossível, ver minha mãe naquele estado nunca se passou pela minha cabeça, nem nos meus piores pesadelos. Ela estava respirando com ajuda de aparelhos fora outros que eu nem sei como se chamam, percebo que seus cabelos estão raspados na parte de trás da cabeça o que me faz lembrar o quanto ela amava o seus longo cabelo loiro. E agora está com os cabelos na altura dos ouvidos. - Chorando em silêncio deito ao seu lado na cama, segurando sua mão esquerda e começo a fazer carinho, quando acabo pegando no sono.

Meu Primeiro Amor Onde histórias criam vida. Descubra agora