Capítulo 4

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Na manhã seguinte, depois de uma péssima noite de sono, Dóris abriu os olhos e virou-se de lado. Seu corpo estava molhado de suor. Quantos pesadelos tivera naquela noite!Eram as recordações que a perseguiam como se fossem uma maldição.
Apalpando os lençóis macios e cheirosos, ela suspirou ao perceber que suas mãos estavam muito maltratadas.
Iguais as da sua mãe.
Doris lembrou-se que quando era menina, chegaram a Denver, depois de estarem em muitas cidades. Sandra arrumou um emprego durante o dia para limpar os banheiros de um bar no centro da cidade, e a noite, ela cantava música country em uma boate de quinta categoria.
Em bem pouco tempo, seus colegas de escola descobriram o que sua mãe fazia para ganhar a vida. Alguns de seus jovens colegas frequentavam a boate que Sandra trabalhava e descobriram que além de cantar, ela também dormia com os homens que freqüentavam a boate por dinheiro.
Dóris ficou muito constrangida quando o fato veio a tona nos corredores da escola.
Chegou em casa naquele dia e falou com a mãe que nunca a perdoaria por fazer aquilo com ela e Grace.
E foi partir desse dia, ela e Grace nunca mais tiveram sossego.
Eram constantemente assediadas pelos garotos e até por alguns homens maduros que se sentiam no direito de aborrecê-las porque sabiam da vida errônea de Sandra.
Ela e Grace passaram a sofrer humilhações de todos os tipos e vivenciaram muitas situações embaraçosas.
Foi nessa época que Grace, se tornou muito popular na escola. Dóris ao contrário, afastou-se de todos, recusando-se a demonstrar a vulnerabilidade de seus sentimentos mais profundos. Sentia medo de tudo e sua auto confiança era mesmo muito baixa.
Foi nesse estado de espírito que conheceu Gabe.
Gabe! Gemendo, lembrou-se do encontro desastroso do dia anterior.
Maldita a hora que voltara para Denver e encontrara Gabe novamente!
Havia chorado muito durante a noite,  se lembrando de suas palavras frias e cruéis. A imagem arrogante não havia deixado-a em paz um minuto sequer, talvez por isso tivesse tido tanto pesadelo!!
De lado, olhou seus filhos que dormiam ao seu lado na cama. Carinhosamente, ela cobriu com o cobertor, e ficou grata por que eles estavam agradavelmente aquecidos. Pelo menos suas crianças haviam tido uma boa noite de sono numa cama quente e confortável.
Quando mais tarde Colin chegou ao quarto, ela ficou profundamente agradecida por tomaram o café da manhã no quarto. Ela não suportaria outro encontro com Gabe.
Depois da refeição agradável, Doris pensou em confessar ao velho caubói da decisão que tomara: voltar a Vegas.
Mas não ia interromper a linda conexão que acontecia entre  e  as crianças. Colin parecia genuinamente feliz por estar ali.
_Bem, barriguinha cheia, pezinho no caminho._ disse Colin alegremente. O velho caubói  iria levá-los até a arena do rodeio. Ficou combinado que eles voltariam depois do almoço.
As crianças partiram felizes com o avô postiço, e Doris  não pôde negar que se sentiu- se aliviada por estar sozinha. Absolutamente sozinha depois de vários anos. No primeiro momento não sabia nem muito bem o que fazer com essa liberdade inesperada.
Mas decidiu que como não havia responsabilidades imediatas  com as crianças, iria voltar para a cama e dormir para tentar recuperar a noite mal dormida.
Quando acordou novamente eram quase dez horas da manhã. Acordou assustada, estranhando o ambiente silencioso e confortável. Era tão bom estar ali!
Mas rapidamente, sua mente lhe alertou: _Não se acostume, moça! Essa não é a sua vida real.  Então, tomou um banho demorado, e resolveu deixar os cabelos secarem naturalmente.
Aproveitou o grande espelho que havia no quarto para se examinar nua e não gostou do que viu. Seu corpo estava muito magro. Onde antes havia curvas, agora havia ossos salientes. Seus seios haviam crescido e sua barriga, agora tinha as marcas da cesariana. Talvez fosse por isso que Gabe não a tivesse reconhecido de imediato. Ela mudara muito. Os problemas de sua vida a haviam envelhecido precocemente. Parecia que tinha bem mais que seus vinte e oito anos.
Quando bateram na porta, ela vestiu o roupão do hotel  apresada. Quem seria? E quando abriu  a porta, se deparou com Gabe em pessoa.
Com um reflexo rápido, fechou a porta do quarto, mas ele foi mais rápido e colocou  o pé na porta impedindo-a de se trancar. Empurrando a porta sem fazer muita força, ele entrou no quarto, impondo sua presença enquanto Doris o olhava, boquiaberta.
Gabe vestia uma  calça preta  e uma blusa social verde  escura que refletia lindamente nos seus olhos cor de esmeralda. Ele demonstrava ser um homem bem sucedido e porque  não dizer? Incrivelmente belo. O chapéu preto cobria os cabelos negros e finalizava sua aparência em grande estilo.
Assim que se recuperou do baque de tê-lo ali, ela falou áspera.
_Não quero falar com você. Vá embora!
Gabe a encarava, e seus olhos estavam escuros como o fundo de um lago.
- Mas eu, quero falar com você.
Dóris sentiu que seu coração disparava na presença marcante de Gabe. Há última vez que estivera com ele fora num quarto e haviam acabado de fazer amor. Seu corpo há muito carente dos carinhos desse homem começou a latejar de desejo. Disfarçando, ela abaixou-se para pegar as roupas das crianças espalhadas no chão. A cascata dos cabelos molhados  encobriam seu rosto corado.
_Está satisfeita com sua suíte? _ ele perguntou com cinismo, sentando-se no sofá.
Doris dobrou a roupa em cima da cama e procurava a todo custo manter-se alheia a presença  de Gabe.
_Se veio aqui para me ofender, é melhor ir embora.
Gabe a olhou desconfiado. Seus olhos estavam fixos na figura encantadoramente feminina.
_ Porque está aqui Dóris?_ Ele perguntou depois de um longo silêncio.
Inicialmente, ela pensou em não lhe responder. Afinal, o que ele tinha com sua vida?Mas o cansaço a abateu. Estava farta de ter que falar sobre seus fracassos. Mas se era isso que ele queria ouvir, ela ia lhe contar.Sem o olhar, sentou-se na beirada da cama  e o encarou.
_Porque  minha vida é uma grande confusão, eu não tenho para onde ir, estou desempregada, não tenho casa, tenho pouco dinheiro e vim pra Denver, porque foi daqui que sai, pra buscar uma vida glamurosa. Lembra disso? Então. De volta ao começo. Está satisfeito agora? Era isso que queria ouvir? Então pode sair. E não se preocupe, porque estou indo embora depois do almoço.
Gabe abaixou a cabeça.
No seu íntimo, ele sabia que era isso que esperara a vida inteira.
Mas, e daí? Não podia ser egoísta nesse momento. Estava satisfeito? Absolutamente, não!
Não conseguira dormir a noite toda. Durante todo o tempo que permanecera acordado, ele remoera toda a história que obrigara Colin a lhe contar mais de duas vezes. Queria saber tudo que ela falara naquele maldito almoço.
Mas por mais que tentasse, não conseguia acreditar na história, mesmo ouvindo-a agora da própria Doris. Aquela estória lhe parecia inventada. Manipulada por aquela mulher diabólica para convencer o bobo do Colin dar-lhe dinheiro. _E seu marido? _ ele perguntou cauteloso.
Ela desviou o olhar dele e abaixou a  cabeça.
_Ex- marido. Eu não onde John está. Ele simplesmente desapareceu depois do divórcio.
Gabe a olhava como se estivesse estudando-a. Levantou-se e preparou para si mesmo um drink de uísque puro.
_Mas ele não entra em contato com as crianças, não lhe dá uma ajuda?
Doris estava irritada com toda aquela conversa. Porque dessa entrevista toda?
_Não Sr. Foster. Ele não me ajuda em nada. Ele simplesmente desapareceu da minha vida como se nunca tivesse existido.
Gabe suspirou e sentou-se no sofá  novamente cruzando as  longas pernas, porque  sentiu que seu corpo começava a latejar de desejo, é isso não era nada bom.
Impassível, ele observou-a se sentando  abruptamente naccama, e fuzilando-o com os cor de violeta num misto de desprezo e orgulho. Seus seios redondos se moldavam sob o robe atoalhado e estavam arfantes, sua respiração entrecortada fazia com que ela lhe parecesse louca de desejo. Sim. Dóris Farlow ainda era maravilhosamente bela.
Gabe desviou o olhar da figura feminina.
Não  podia esquecer de tudo que Dóris lhe fizera, de toda dor que ela lhe causara, de todo o mal que trouxe para a sua vida.
Olhar para ela, era uma longa viagem ao passado.
No dia seguinte a briga dos dois, ele a procurara em seu bangalô. Fora até lá para lhe implorar perdão, para lhe implorar que casasse com ele de qualquer maneira, ou qualquer outra situação que lhe servisse.
Só não queria perdê-la.
Porém quando chegou ao trailer que ela morava, Sandra lhe falara que ela e Grace haviam partido e que não fazia a menor idéia para onde tinham ido.
Ao ouvir isso, Gabe morreu por dentro e surgiu um novo homem impiedoso e perigoso, e era esse homem forjado pelo sofrimento de um amor não correspondido que olhava para a mulher de cabeça baixa na sua frente.
_E o que acha que vai conseguir aqui enganado o velho Colin?- ele perguntou impiedosamente. Queria feri-la.
Doris o olhou incrédula.
_Eu não estou enganando ninguém Gabe.
Olhando-a com os olhos verdes latejantes de raiva, ele a odiou por aquela posição submissa e recatada. Esse  jogo  manipulador lestava deixando-o profundamente irritado. Aquela mulher doce e sofrida que fazia com que seu coração voltasse a bater forte, não existia.Aquilo tudo era puro fingimento.Tudo o que Doris Farlow merecia era o desprezo. O desprezo total.
Quando falou novamente, a voz de Gabe era cheia de rancor e descaso.
_Quero que algo fique bem claro ente nós Dóris. Saia de meu caminho, como, aliás,  você sabe muito fazer. Você é uma Farlow.
Assim que ele acabou  de falar, Dóris o esbofeteou.
Eles olharam por um bom tempo.
Ambos não sabiam o que fazer.
Mas com raiva, Doris sentiu as lágrimas brotaram no seus olhos no mesmo instante em que a boca murmurou:
_Eu...  você... porque...
Sem pensar no que fazia, ele a puxou para si.
O beijo foi violento e frio. Dóris sentiu o gosto de sangue em sua boca e gemeu  angustiada. Gabe então a abraçou com mais força, até senti-la estremecer e então, o beijo,que tinha o objetivo de punição, tornou-se doce e apaixonado, sedento de retribuição.
Gabe forçava a língua em sua boca, mas não precisou  se esforçar muito, pois Dóris  rendeu-se enlaçando-o pelo pescoço e  retribuindo o beijo com paixão.
Queria a alma daquele homem. Queria seu coração novamente para si.Dóris colou seu corpo ao dele e se esfregou sensualmente no corpo másculo.
_Gabe...- ela sussurou baixinho.
Ele estremeceu.
Não queria pensar em nada. Queria apenas sentir o corpo esquio e macio em sua mãos. Desamarrou o robe e deixou-o cair a seus pés.
Aflito Gabe a beijou apaixonadamente nos ombros enquanto apalpava  suas nádegas macias.Doris se colou ao corpo másculo e gritou de prazer. Excitado, ele beijou os mamilos róseos com sofreguidão. Então empurrou-a até a  cama e a  fitou com os olhos semi-cerrados.
_Minha doçura...
Dóris fechou os olhos ao ouvir sua voz rouca e deixou-se beijar com uma paixão e urgente e arrebatadora. Ele estava em fogo, Dóris correspondia às suas carícias com paixão e ele deixava  marcas em sua pele macia.
Ele a queria para si!
Mergulhou o rosto no pescoço de Dóris e aspirou o  doce perfume de seus cabelos.
_Eu quero estar dentro de você...
Dóris o envolveu em braços com força e notou que o corpo de Gabe estava mais forte e que seus músculos estavam mais torneados. Ela o desejou mais ainda. Queria sentir suas mãos experientes,queria  sentir seu calor dentro de si.
Quando os dedos masculinos encontraram o vale delicado de seu prazer, ela gemeu alto. Estava pronta para ele, e Gabe sorriu ao notar isso. As emoções que sentia eram tão profundas, que Dóris quase disse que o amava. Que seu amor era maior que antes. Mas se conteve. Não ousaria revelar seu pensamento agora. Agora não.,
_Oh Gabe! Nunca senti isso com ninguém mais...Só com você....- ela disse enternecida.
Aquelas palavras tiveram o efeito de uma ducha fria.
Gabe parou imediatamente de beijá-la e acariciá-la. A sensação que Doris sentiu era decepção surpreendente.
Porque Gabe havia parado? Seu corpo demorou para entender o que aconteceu,e ela abriu os olhos devagar, sentindo-se ainda lânguida e sensual, mas ao notar o desprezo que emanava dos olhos, sentou-se rapidamente na cama, cobrindo-se envergonhada.
_Então quer dizer que você teve muitos outros homens?_perguntou acusador.
Notando que o peito musculoso arfava como um touro bravo, ela ficou assustada. Ele estranhamente raivoso. E perigoso.
_ Não, não tive. Houve John. Nunca houve  mais ninguém.E não preciso te prestar contas da minha vida. O que eu faço ou deixo de fazer, diz respeito a mim, e não a você. _Ela disse trêmula.
Gabe virou-lhe as costas e vestiu a camisa que ela  quase havia rasgado no afã do seu desejo.
_Tem razão. Mas não espere que eu acredite nisso Doris Farlow.-_ele disse friamente.
Dóris encolheu-se toda ao ouvir a maneira como ele pronunciou seu nome. Era como se a xingasse. Ela poderia pular na garganta dele, xingá-lo, esbofeteá-lo, mas sua dor era tão profunda que deitou-se encolhida na cama como se fosse um bebê indefeso.Fechou os olhos com força para que ele não visse suas lágrimas
Não havia jeito.
Ele sempre iria compará-la com Sandra e Grace. E ela não podia fazer nada a esse respeito.Ela sentia-se muito cansada para tentar mudar qualquer idéia errada a respeito de si mesma.Muito cansada. Ficou quieta, enquanto ele deixavao quarto, fechando a porta bem devagar.
Por dentro, seu coração solitário calou um grito de dor. Estava sofrendo desesperadamente. Mas nada lhe restava a não ser levantar-se e viver a vida. E foi o que fez.
Quando as crianças voltaram com Colin, ela já tinha arrumado a bagagem e estava se sentindo bem melhor.  Ouviu atenta todas as histórias que contaram enquanto Colin se encaminhou para seu quarto, aparentemente, muito satisfeito com a manhã passada com as crianças.
Doris ainda estava impactada com tudo que lhes aconteceu, desde que chegara a Denver. Embora seu encontro matinal com Gabe estivesse bem acesso em sua mente, ela estava se esforçando pra esquecer as fortes emoções que sentiu e os beijos e abraços que trocaram. Seu coração estava partido, sim. Talvez  ela nunca esquecesse Gabe Foster. Mas tinha que continuar vivendo, pois a vida não lhe dava outra escolha.
Quando Mark olhou as bagagens arrumadas em cima da cama, ele perguntou apreensivo:
_Não podemos ficar  aqui para sempre, mamãe?
Júlia apertava Martin em seu colo.
_Queria ficar  também para sempre, mamãe.Com vovô e com os cavalinhos.
O coração de Doris se apertou. Que tristeza genuína de seus filhos! A sua também era.
_Eu sei que queriam ficar aqui pra sempre,  queridos, mas temos que ir. Ela sentiu lágrimas nos olhos, mas não podia insistir nessa situação irreal. Eles tinham que ir embora. Ali não era lugar para eles. Talvez nunca houvesse um lugar para eles.Para disfarçar a tristeza lancinante que sentia, ela começou a arrumar a suíte só para ter algo para fazer e não cair no choro bem na frente das crianças.
Quando os filhos acabaram de escovar os dentes, e vestir os casacos, Doris carregou as malas para fora do quarto e saiu sem olhar para trás. Com as mãos trêmulas apertou o botão do elevador. Precisava  descobrir o número da suíte de Colin para se despedir e agradecer por aqueles dias que passaram em sua companhia. 
Nesse momento, como que pressentindo sua fuga, Gabe abriu a porta da sua suíte. Ela virou-se assustada. Ela sequer sabia que o quarto dele ficava no mesmo corredor!
As crianças ao verem a figura ameaçadora de Gabe se esconderam atrás da mãe.Ela abaixou os olhos ao sentir os olhos verdes fixos nela.
_Onde você vai?_ Gabe perguntou friamente.
Doris o encarou e levantou a cabeça orgulhosa.
_Eu lhe  falei que ia embora depois do almoço.Estou indo.
Neste momento outra porta se abriu. Era Colin que saiu do seu quarto e olhava confuso para Dóris e as crianças.
_Hei, onde pensa que vai moça? Parece que ontem chegamos a um acordo. Você  prometeu que ficaria até o fim de semana.
Doris olhou para Colin desamparada. Não sabia o que dizer. Não queria comprometer o velho amigo. Não sabia até que ponto a raiva que Gabe sentia por ela  podia atrapalhar a vida do pobre homem. Sentindo-se pressionada, ela abaixou cabeça.
Não iria chorar na frente de Gabe.
Nisso, Colin olhou para Gabe furioso.
_O que fez com ela seu troglodita?
Gabe olhou para Colin confuso.
_Hey, Colin! Eu não fiz nada!Ela está indo embora porque quer!
O velho caubói demonstrava toda a sua frustração no rosto cansado.
_Duvido! Aposto que você a ofendeu de alguma maneira.
Dóris  foi  até Colin e o segurou pelo braço para acalmá-lo.
_Por favor Colin, não brigue por minha causa. Gabe não me fez nada, como ele mesmo disse, estou partindo porque eu quero.
Colin parecia não escutá-la. Segurou Gabe pelos braços. Seus olhos azuis brilhavam furiosos.
_Porque você não lhe oferece um emprego? Você pode fazer isso.
Gabe olhou para o velho peão como se ele houvesse enlouquecido.
_Nem pensar, Colin.
Colin insistiu.
_Porque não? Você pode lhe oferecer um emprego decente e um bom salário. Além do mais, pense nas crianças, Gabe, eles precisam de segurança e nesse momento, Doris não pode ofertar isso a elas.
Colin então olhou para as crianças. Julia lhe ofereceu um sorriso tímido e inocente. Mas em seus olhos, ele via o medo. O mesmo medo que havia nos olhos da mãe e do irmão.
_Não, não e não.-Gabe falou enfático ignorando o apelo mudo nos  muitos olhos que o fitavam.
Quando a porta do elevador abriu, Doris empurrou rapidamente os filhos para dentro e só então Gabe pode ver as lágrimas rolando nos rostos dela  e da adorável garotinha chamada Julia.
Quando a porta se fechou os dois homens ficaram parados olhando a porta de madeira.
Colin não estava acreditando naquilo. Achava aquela situação inaceitável.
_Viu o que você fez? Ela fugiu assustada. E levou meus netos.
Gabe o fitou estupefato.
_Sobre o que você falando ? E desde quando os filhos de Dórios são seus netos?
Colin o olhou com os olhos azuis frios como uma lâmina.
_Desde ontem. Mas não se meta nisso Gabriel Foster. O que fez foi inaceitável.
Andando de um lado para o outro no corredor Colin pensava no que podia fazer para ajudá-los? Tudo parecia perdido. Mas precisava encontrar uma saída.
Então, decidiu mexer com a fraqueza de Gabe: Doris.
_Agora, você cai ficar feliz não é? Conseguiu o queria! ela vai se afundar lá em Vegas e  me disse que vai aceitar o emprego que Grace lhe ofereceu caso as coisas não dessem certo por aqui.
O coração de Gabe quase parou.
Por mais que tentasse não se importar, ele se importava sim, para onde Doris iria tão indefesa com aquelas duas  crianças?Procurando disfarçar o que sentia, olhou para a ponta de suas botas._O que disse?- ele perguntou fingindo pouco interesse
Colin o olhou acusadoramente.
_Isso mesmo que você ouviu. Vai trabalhar na noite. Sabe o que isso significa. Ou não? E tudo por sua causa. Você poderia lhe dar um emprego decente,  uma vida digna. Você podia, mas não quis.
Gabe sentiu um calafrio.
Por mais que odiasse Doris não queria aquele destino para ela.
Quando o elevador parou novamente no andar, Gabe entrou nele rapidamente.
Colin sorriu quando as portas se fecharam diante de si. Contara uma pequena mentira. Mas com certeza valeria a pena.Colin foi para seu quarto satisfeito. Ele estava certo. O caubói apaixonado ainda pulsava dentro dele , bastava só fazer a coisa certa que ele tornaria a aparecer. Mais forte e poderoso do que nunca.

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