Capítulo 11

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Quando Gabe fez menção de abraçá-la, Doris se desviou e abraçou Nanete que havia chegado naquele instante e estava bem próxima a ela. 

Doris não viu o olhar magoado que ele lhe deu. Ela o rejeitava,  se recusou a querer  o  seu consolo. Talvez ele merecesse isso  tudo, pelo tratamento  cruel que  vinha  dando a ela  desde que se reencontraram. Mas mesmo assim sentiu-se  ferido quando Doris lhe deu as costas num momento que em que , misteriosamente,  gostaria muito de cuidar dela.

Ele sentiu o olhar de Colin sobre si.

_ Tudo vai ficar bem Doris. Nós vamos procurá-los. Colin, você me ajuda?

O velho caubói que via a cena de longe, resolveu aproximar-se

_ E os touros?

_ Deixe os touros para lá. Nós vamos atrás das crianças.

Pela primeira vez em muitas semanas, Gabe sentiu novamente o olhar de orgulho e respeito de Colin por  ele. Era um gesto pequeno,  mas ele ficou feliz em obter a aprovação de Colin. O velho caubói sempre fora sua única família. O pai que nunca conhecera. O homem que havia ensinado tudo a ele sobre  a vida, sobre rodeios, e  como cuidar de uma fazenda. O homem que curou as mágoas do menino que chorava no celeiro no dia que sua mãe foi embora da fazenda em Montana para  nunca mais voltar.

Colin lhe ensinou  tudo. Lhe ensinou inclusive, a não odiar os seus pais pelo abandono. Ele sempre dizia, que cada um só podia dar, aquilo que tinha pra dar. Ninguém dava o que não tinha.

Nestes últimos tempos, devia admitir,  sentia muita a faltado velho companheiro. Não havia  como  ele  se acostumar com esse Colin retraído,  sempre disposto a brigar para defender a linda mulher de olhos cor de violeta.

Por isso, quando horas mais tarde entrou na sala com Julia no colo e  de mãos dadas  com Mark depois de percorrer algumas centenas de quilômetros nos arredores da fazenda indo nos lugares mais impossíveis para encontrá-los escondidos entre o feno no celeiro, ele era um homem contente.

Entregou as crianças a Doris e jogou-se no confortável sofá. Tudo  o o que ele queria era  simplesmente  tomar um uísque e, esquecer aquela semana terrível que tivera.

Esquecer que mais uma vez tinha amanhecido na cama de Louise, insatisfeito, enraivecido, frustrado porque havia sonhado a noite inteira , com a mulher de longos cabelos negros e doces olhos cor de violeta. 

Tudo o que ele mais queria naquele momento, era abraçá-la, tocá-la, acalmá-la. Mas sabia que isso não era possível. Se consolaria com um pequeno sorriso.Mas o sorriso não veio.

Quando Doris pegou Julia dos seus  braços, suas mãos tocaram-se suavemente. O coração de Gabe disparou e ele olhou para Doris com os olhos cheios de emoção.Mas ela fingiu que não viu e recolheu as mãos,  trêmula.

Ela tinha o ar de uma mártir. Mas seu coração se abrandou quando olhou  para aquelas três pessoas,   que de uma hora para outra,  se tornaram tão importantes para ele.

Doris tinha os olhos inchados de tanto chorar. Seus cabelos estavam despenteados  e ela tinha os pés descalços. Julia estava em seu colo e dos seus olhinhos também escorriam lágrimas. Num movimento,  o pequeno Mark ficou em pé dignamente ao lado da mãe e da irmã. Sua atitude era tão séria para um garoto da sua idade, que Gabe quase sorriu. Ele  o olhava como se esperasse uma sentença. O coração de Gabe se apertou.

_ Gabe, eu... nós...- começou Doris.

Gabe se aproximou e tocou o rostinho de Julia carinhosamente.

Para Sempre o AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora